DEPOIS QUE ACABAM OS FOGOS

O ano de 2013 começa para a maioria dos brasileiros nesta semana. Depois dos fogos, das festas e das bebedeiras é hora de seguir adiante. Nossa classe C economicamente está vivendo em estado de graça. Mas, isso não é o bastante. Ela precisa se politizar. E começar a contestar nossos governantes.

O ano começou com a visão e as perspectivas dos novos prefeitos. O discurso da maioria é de que estava tudo errado. Muitos chegam como uma espécie de salvadores. E se agarram exatamente no que é impossível de ser mudado. Todos falam em saúde, educação e empregos.

Assim olhando de longe, a impressão é que agora o Brasil vai deslanchar. E não vai. Logo a realidade vai colocar um freio nas utopias. E muitos perceberão que empregos é muito diferente de bons salários. Que o povo ainda pensa uma dor de barriga como doença. E que educação não se faz com promessas, discursos ou tecnologia.

As chuvas e a destruição da semana passada estamparam as caras dos políticos de volta na mídia. E com as caras várias perguntas sem respostas. Assim como os fogos de Copacabana, as enchentes no estado do Rio de Janeiro estão virando uma tradição.

É um círculo vicioso. Primeiro o impacto da tragédia. Depois as desculpas dos políticos. E por fim a liberação de milhões de reais. E a cada ano, a cada tragédia ninguém sabe dizer aonde foi parar. Uma coisa é certa. Não foi para quem precisava.

A mídia é uma extensão dos brasileiros. Deixou de ser notícia, tudo é esquecido rapidamente. Então nunca saberemos como será o dia a dia de quem perdeu tudo. De quem ficou sem uma casa para morar. O que os governos estão fazendo com os recursos liberados. E pior. A sociedade não cobra a transparência e o destino desses recursos.

Ainda existe outra perspectiva da nossa mídia que me deixa estarrecido. A maneira como são tratadas as nossas mortes violentas. Amedronta saber como os assassinatos e as balas perdidas, entraram para o nosso cotidiano. Tudo parece banal. Só não é banal quando acontece na classe artística. Ou com autores de novelas. E devemos sempre lembrar. Não estamos em guerra civil. E nem temos qualquer tipo de conflito religioso.

A última perspectiva é da ética. Ou da falta dela. Estamos deixando a corrupção se enraizar em nosso país, pela preguiça da mobilização. Deveríamos voltar nossos olhos para a Índia. Talvez aprendêssemos alguma coisa.

Um país politizado não pode aceitar que um condenado por corrupção assuma uma vaga de deputado. E toda a sujeira que é a politica brasileira se ressume numa pergunta simples: Qual seria a atitude dos partidos governistas se José Genoino fosse da oposição? Alguém estará sempre se divertindo com os fogos da nossa passividade.