Mazela
Caminho despreocupado pelas sombras da noite, olhando atentamente apenas para o chão, com receio de enfiar o pé num buraco, coisa comum em minha cidade.Não me espantam os cantos e os recantos bem ou mal iluminados, pois, disso não me preocupo; o fato de morar numa rua próxima de uma favela, o que é pior, a chamada favela do esqueleto; esqueleto não é certamente o que vocês estão pensando, mas nome oriundo de uma estrutura de um futuro hospital, que ficou abandonada. Servia apenas às fornicações e como acampamento de vadios. Já que falei da favela, anos depois o Carlos Lacerda, como Governador, criou a UERJ e aproveitou o esqueleto para compor o conjunto, evidentemente, depois de acabar com a favela. Mas, como ia dizendo,caminhava despreocupado pelas três da madrugada e do outro lado da rua alguém me pergunta: Tem fósforos? Tranquilamente respondi que não e segui meu rumo sem temores, sem apertar os passos e sem temer assalto. Como a vida mudou. Anos depois, devo ter sido recordista de pequenos assaltos em plena luz do dia, incluindo a perda de um carro para assaltantes armados. O importante é que o Rio continua a ser a cidade maravilhosa cheia de encantos mil, ao mesmo tempo cheia de tudo que é mazela, do latim vulgar macella, como diz o Aurélio e com tudo que significa, conforme o citado dicionário.