1- Atravessar a rua é um ato que qualquer pessoa realiza.
Sempre precisamos atravessar ruas ou passar de um lado para o outro (não necessariamente atravessando ruas, porém a expressão atravessar a rua é facilmente compreendida quando utilizada independente da pessoa estar atravessando uma avenida, um cruzamento ou uma esquina).
 
Atualmente, considerando o fluxo tão intenso de carros, muitas vezes atravessar a rua se torna uma aventura perigosa.
A falta de respeito dos motoristas e a imprevidência de ambos, quem atravessa e quem conduz o veículo, costumam suscitar atropelamentos.
 
2- Vale ressaltar que sou um desastre quando atravesso ruas.
Enquanto alguém fez duas ou três “travessias”, eu estou ainda pensando em fazer a primeira.
 
Procuro me aproveitar dos outros, não os seguindo de forma inconseqüente, mas, percebendo, por exemplo, que um carro facilitará a passagem de uma mulher sensual, eu sigo atrás sem perder a oportunidade.
 
3- Vou agora ressaltar os perfis de quem atravessa a rua.
 
Eu admito quatro perfis: o medroso, a gostosa, o imprudente e o apressado.
 
Eu sou um medroso, ou seja, demoro demais para atravessar, recuo na hora exata de atravessar, quero ir não vou, penso em acompanhar alguém, porém, na hora H, fico questionando se a pessoa está sendo precipitada, enfim, revelo um excesso de covardia que atrapalha demais.
 
4- A gostosa é aquela que pode sempre usar os seus atributos estéticos para atravessar numa boa.
Ela aparece ameaçando querer passar, logo um carro vai parar e buzinar solicitando que ela passe.
Não tem erro!
O condutor, entusiasmado com a simpatia da gata, possibilitará que ela atravesse a rua sem qualquer embaraço.
Conforme costumo fazer, os medrosos, seguindo as princesas gostosas, atravessam as vias tranqüilamente.
 
É importante compreender que esse perfil é exclusivamente feminino.
 
5- O imprudente é aquele que arrisca sua vida o tempo todo.
Ele parece apostar que o carro vai frear, não faz a travessia no melhor instante, não está nem aí.
Não sei se ele pode ser considerado corajoso.
Talvez seja apenas um imbecil o qual não valoriza a vida da forma que deveria.
 
6- O apressado obviamente tem pressa. Isso não é necessariamente um problema.
Podemos, entretanto, ter o apressado imprudente, aquele que, instigado pela pressa, age sem nenhum bom senso na hora de atravessar a rua.
Existe também o apressado prudente. Apesar da pressa, ele espera o sinal fechar, aguarda surgir uma gostosa ou só segue se houver uma situação realmente segura.
 
O apressado prudente seria o “atravessador” ideal.
 
Concordo que o melhor seria ser prudente sem estar apressado, contudo, nos dias atuais, a pressa vem dominando os nossos passos.
 
7- Aproveitando a conclusão, vale a pena refletir sobre essa habitual e constante pressa.
 
Algumas vezes estamos atrasados, todavia não são poucas vezes que a tal pressa é totalmente ilógica.
A pessoa vai acelerada, quer passar todo mundo, parece correr, pretende imediatamente atravessar a rua, porém não necessita dessa afobação tão exagerada.
Não há compromisso algum marcado, ela tem tempo.
 
Dá para observar uma vitrine, é possível beber um refresco numa lanchonete ou contemplar a bela paisagem ao redor.
 
8- Já falamos sobre isso noutra ocasião.
Seguimos apressados simplesmente porque todos demonstram estar com pressa.
É a irreflexão generalizada que absorve as mentes civilizadas da atualidade.
 
Relacionado a isso, recordamos o quanto a gente foge do silêncio.
 
João Batista e Jesus, segundo narram os textos sagrados, necessitaram buscar a tranqüilidade do deserto.
Assim conseguiram alcançar a força íntima de que precisavam e puderam depois executar suas missões.
 
9- Hoje o silêncio nos incomoda demais.
 
Estamos nos habituando à zoada externa.
Não escutamos a música que toca, pois ligamos o aparelho de som aumentando completamente o volume.
 
É um problema bem grave que ressalta um tremendo desequilíbrio.
 
Mas, independente da intensidade de barulho interior que já nos alcançou, do grau de pressa que envolve nossas mentes confusas, do perfil que tem a ver conosco na hora de atravessar a rua, é muito bacana saber que existem as mulheres.
 
10- Ah! As mulheres são maravilhosas!
 
Elas ajudam a atravessar a rua e auxiliam bastante o homem (verdadeiramente inteligente) a melhor atravessar a jornada terrena.
Quando estamos mergulhados nas deliciosas curvas delas ou envoltos nas ações de amizade e ternura que somente elas ofertam, não conseguimos sentir medo, não revelamos imprudência nem qualquer espécie de pressa.
 
Conforme sugere uma famosa música de Roberto Carlos, cessam todos os nossos desvarios somados com as inquietações mais problemas, tudo para quando estamos protegidos nos braços seguros e calmos delas.
 
Com elas o sinal sempre está verde, portanto podemos avançar firmes e sorridentes.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 30/12/2012
Reeditado em 31/12/2012
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