O cego de nascença

PALAVRAS DE VIDA

Pastor Serafim Isidoro.

O CEGO DE NASCENÇA – Jo. 9.1-41.

Considerando-se a doutrina teológica dos ONI´s: onipresente, onisciente e onipotente, e a doutrina bíblica da predestinação exarada com predominância na carta aos efésios; levando-se em respeito a doutrina da eleição com ênfase na epístola aos romanos, chegamos à conclusão de que o cego de nascença - relatada história no capítulo nove do Evangelho conforme João - foi preparado desde o seu nascimento para uma época especifica – mais do que treze ou vinte anos – quando serviria como instrumento ao Cristo de Deus o qual demonstraria nele a glória da Divindade em um milagre jamais visto na humanidade.

Quão insondáveis são os caminhos de Deus – Rm. 11.33 - Quão mais altos são os Seus caminhos do que os nossos. Parece-nos que em Deus os fins justificam os meios. – (Considere-se o sacrifício e a morte do Seu Filho, exemplo maior da diferença entre a sapiência divina e a lógica do homem).

Digladiam-se as denominações religiosas quanto à soberania divina e o livre arbítrio humano. No centro da questão estão as provas bíblicas de fatos e milagres, suspensão das leis naturais e de predições proféticas com seus cumprimentos a séculos da sua formulação, demonstrações do pré-conhecimento de Deus e de Sua soberania. Nasceu cego, mas passou a enxergar e em ousada declaração coloca que: “Desde o princípio do mundo nunca se soube de alguém que nascesse cego e passasse a enxergar”.

A pior das enfermidades ou dos infortúnios que o ser humano possa ter é a cegueira. O ter nascido sem enxergar. O viver em trevas. Não podemos aquilatar o que sejam as trevas interiores. Em contraste, o Senhor coloca a expressão trevas exteriores... o inferno. Não podemos saber o que passa pela alma de alguém que só pode conhecer o mundo através do tato ou de outros sentidos que não o da visão. Sem os olhos não se concebe a beleza, ignora-se a vida.

O salmista e rei Davi escreveu: “Em pecado me concebeu minha mãe” – parafraseando-o, o cego de nascença poderia dizer: “Em escuridão me concebeu minha mãe”. Viveu cego em outro mundo onde as formas, as cores e a luz, são inexistentes. Até o ser humano por ele tateado tomava forma diferente da realidade. A existência de Deus nos é transmitida ou refletida na natureza. Mas para o que nasce cego esta imagem não é válida.

A preocupação dos discípulos – mathetês, aprendizes – foi a de ligar o infortúnio ao pecado, à transgressão da lei divina. Teria o cego ou seus pais uma karma – um pagamento por erros cometidos? Seria a vida daquele cego uma expiação? Dissera, em outra ocasião, o Mestre: “Não julgueis”. Intrometer-se na vida alheia não é competência do cristianismo. Aprendemos por conta própria e não pela vida dos outros. A discriminação é fruto dessa ignorância.

Examinando-se acuradamente as escrituras, não é encontrada a palavra reencarnação. A idéia exposta pelos discípulos nos parece ter sido oriunda de tradições espúrias correntes entre os judeus, já que nem a Kabala, que admitiria tal doutrina, existia. Quando indagaram se o individuo que nasceu cego era conseqüência de pecado próprio, nisto admitiam que ele tivesse tido outras vidas – reencarnação.

O Mestre não entrou no mérito da questão. Não se reportou à reencarnação. Apenas declarou a finalidade de uma pessoa predestinada para um glorioso fim especifico. Fez assim saber que o Pai usa anos de uma vida de sofrimentos para depois torná-la o maior limite da felicidade, exaltando nisto a pessoa gloriosa de Seu Filho – Jesus.

Encerrando as nossas considerações dizemos que o ex-cego tornou-se ousado, respondendo e questionando com firmeza aos religiosos, que quase sempre são fanáticos – cegueira maior – dizendo-lhes da maravilha nele operada. Depois, e somente depois, o afortunado encontra Jesus que, somente agora, identificando-se lhe pergunta se ele crê no Filho de Deus. O ex-cego creu e – prostrado, rosto em terra – Adorou-O.

Só Jesus.

_________________

O Pr. Th. D. Honoris Teologia, D.D. Serafim Isidoro oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br

No Google: serafim isidoro textos