O MEU FIM DO MUNDO
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O MEU FIM DO MUNDO


Por que hei de esperar o dia vinte e um de dezembro ou qualquer data prévia sinalizada como um fim do mundo, quando posso escolher encerrar vários mundos que não mais me servem, a qualquer hora?

Venho me descartando de uns bons mundos. Por vezes voluntariamente. Noutras situações, compulsivamente, em meio às minhas teimosias e apegos a fórmulas que não mais me servem, por intervenção abençoada da Providência!

Em princípio, realizamos tal façanha em variados momentos sem que nos demos a mínima conta. Depois, na medida em que ampliamos nosso alcance de consciência para as realidades mais vastas do espírito e da nossa condição real de existência, percebemos que, mesmo no intervalo fugaz de cada reencarnação, transcendemos vários "fins de mundo". Estes podem acontecer, aparentemente, à nossa revelia! Mas sempre chegam como resposta exata às nossas iniciativas de passado, e, portanto, trazendo importantes ensinamentos para o nosso estado de iluminação íntima. E também de maneira voluntária, quando deixamos de lado, espontaneamente, grandes e pequenas coisas, optando por alternativas mais sábias de bem viver.

A cada dia...

Num deles, determinada maneira de ser equivocada, que não nos ajudava muito nos cenários de convivência, houve que ser reformulada, para maior felicidade, tanto própria quanto daqueles que nos cercam. Noutra situação, gostos que não mais nos servem, sendo substituídos por outros, condizentes com cada momento de nossas vivências.

Vem o fim do mundo da primeira juventude, mais desanuviada de compromissos importantes, para dar lugar às alegrias ou preocupações relacionadas aos novos entes queridos que nos chegam, através de um casamento, das responsabilidades de um novo emprego, ou com o nascimento de filhos. Modas transitórias, de comportamento ou de vestir, vem e vão, marcando épocas que também passam por nós, apressadamente!

Estilos musicais. Melodias que nos faziam viajar em sonhos, aos arrepios, hoje nenhuma emoção maior provocam. Porque outros interesses nos atraem o foco de atenção: mudanças inesperadas de lugar, de moradias, de ocupações. Afeições preciosas que nos deixam no meio da estrada, indo ao encontro de novas experiências, nesta ou noutras dimensões da vida.

Saudades ou mágoas que nos corroem durante um tempo. E, quando reabrimos os olhos, um outro mundo já nos cerca! Afinal, nada nunca pára, a despeito dos estacatos mais ou menos extensos na trajetória de nossa própria sinfonia pessoal! Deixando-nos levar e consumir por contextos mais ou menos longos na companhia de pessoas ou sob o impacto dos fatos, a grande verdade é que, inevitavelmente, de forma mais abrupta, ou mesmo imperceptível, tudo acaba se escoando por entre os nossos dedos, e nos compelindo a prosseguir!

Filhos crescem e se modificam noutras pessoas, em indivíduos que pouco preservam da linda criança que outrora corria sob os nossos cuidados na pracinha ensolarada do bairro. Em contrapartida, nossos pais nos surpreendem, quando menos esperamos, com suas fragilidades da velhice. Difícil para todos, este particular"fim de mundo", quando ingressamos num outro, onde descobrimos que esses nossos maiores super heróis de outrora também são vulneráveis, e que, devagarzinho, se lhes esvaí a energia vibrante de um tempo durante o qual representaram toda a segurança, arrimo e esteio para as nossas maiores tristezas e medos!

Apaixonamo-nos, ainda e outra vez, mesmo depois de jurarmos com todas as nossas forças e convicções que não nos permitiríamos cair outra vez na mesma arapuca! Só que, quem sabe, desta vez mais experientes - e com chances de uma convivência mais feliz, em que se alie amor a respeito, e à liberdade, em substituição à linda mas traiçoeira gaiola dourada anterior?

Novos e novos mundos! Noutros lugares, noutras situações; com companhias diferentes, ou com as mesmas... Sobretudo, porém, em constante renovação interior, com amplitude progressiva de consciência e de visão de espírito, de molde a nos permitir enxergar, num mesmo mundo, outros, mais compensadores, dos quais antes, aprisionados em nossas próprias e rudes limitações, simplesmente não nos apercebíamos!

Portanto, que despertemos para a possibilidade de usufruir, voluntaria e antecipadamente, de nossos próprios e necessários fins de mundos! Atravessando os portais sempre acessíveis da auto reformulação - de visão, de percepção, de sentimentos e de compreensão - que haverão de nos proporcionar a descoberta feliz de que sempre há um novo mundo à nossa espera, inédito e brilhante, em sintonia exata e perfeita com nossas escolhas, das mais singelas às mais complexas!

Um lugar atemporal, no qual haveremos de abrir mão em definitivo dos ranços ásperos do egoísmo, do orgulho e da vaidade que não mais nos servem, mas que ainda nos impõe as vivências rudes da dor, para nos descobrirmos capazes de amar de um modo infinitamente melhor a vida e o nosso próximo - com isso trazendo para este, e para quaisquer mundos nos quais estejamos, uma quota maior de luz, de amor, e de uma felicidade mais autêntica!

Um novo mundo em 2013 para todos!

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 20/12/2012
Código do texto: T4045023
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