A JABUTICABEIRA
Minha infância querida que o tempo não apaga, recordo aqueles momentos como se fossem hoje!
Ela fora vivida principalmente com meus três irmãos mais velhos, Zé Roberto, Zé Luiz e Maria Cecília, porque os outros não tinham idade para as nossas estripulices.
Trago a lembrança do quintal lá de casa, com 200 m², onde tinha um canteiro plantado quatro pés de arvores, que faziam uma só jabuticabeira.
Era uma imensa e frondosa que produzia graúdas jabuticabas. A colheita era tanta, que dávamos para os avós e vizinhos.
Brincávamos trepando em seus galhos até a copa, onde nossos corpos pesavam mais que os seus frágeis galhos. Cada forquilha tinha um nome, dos quais me lembro da Jangada, Tombadilho e Avião, galho este, de predileção da Maria Cecília.
A Jangada balançava tanto, que só não quebrava, porque a madeira verde era saudável e só envergava.
O Tombadilho era um outro ramo do tronco, com menos folhagem e maior visão pros vizinhos; nós assim a chamávamos no faz-de-conta de um navio pirata.
Avião era um galho que depois de montado nele, vinha à baixo mas em seguida subia erguendo como se fosse uma decolagem.
Muitos acidentes ocorriam em nossas brincadeiras, quando não eram as taturanas verdes que ficavam as escondidas nas folhagens e que caiam sobre nós com o balançar dos galhos, eram os enganchados nas forquilhas que nos deixavam presos, se alguém não nos ajudasse a sair desta armadilha.
Houve até ferimento na coxa da perna do Zé Luiz que fincou a ponta de um galho quebrado, como um espeto no churrasco. Mas graças a Dª. Risoleta, uma parteira que sempre assistiu mamãe, foi chamada para fazer os curativos.
Na medida em que crescíamos as idéias progrediam, a ponto do Zé Roberto comigo, carregarmos um quarda-roupas para os primeiros galhos dos troncos, que se transformavam em cabana do Tarzan.
E quando estávamos no melhor da brincadeira, mamãe chamava para estudar o nosso curso primário que ela nos lecionava.
São Paulo, 08 de Dezembro de 2012.
Chico Luz