1- Sempre que escrevem sobre o Natal, as pessoas dificilmente conseguem comentar o assunto sem chorar.
Quando não choram iniciando o texto, choram no meio ou durante a conclusão.
O Natal parece instigar todas as emoções possíveis dos escritores.
 
Eu garanto que não estou chorando agora e prometo concluir o texto sem verter uma lágrima sequer!
 
Daqui a pouco eu explicarei a razão desse imenso chororô natalino.
 
2- Durante os dias que antecedem o Natal, é comum escutar o seguinte:
Acima do consumismo e dos impulsos comerciais, devemos destacar o aniversariante, pois Ele é o mais importante nessa data tão especial!
 
Esse discurso nunca fica esquecido nesse período.
 
O aniversariante citado é o Menino Jesus.
 
3- Se eu fosse o Menino Jesus, pediria para não me homenagearem!
 
Como, Ilmar?
O que você está falando?
 
Passamos onze meses vivendo nada da mensagem cristã, vem o mês de dezembro (um mês em que, na verdade, Jesus não nasceu), de repente começamos a ostentar uma artificial cara de anjos, correndo atrás de presentes, repetindo várias bobagens próprias do período?

Que palhaçada é essa?
 
4- Durante a Semana Santa, determinados religiosos repetem os flagelos que Jesus sofreu no ato da crucificação, tentam reviver a aflição do Calvário, lastimam Sua morte, no entanto há mais de dois mil anos Jesus está vivo, pedindo apenas um pouquinho de atenção.
 
Ele pede somente que, esquecendo os nossos chatos natais e a Sua morte humilhante na cruz, O respeitemos diariamente.
 
Como podemos respeitá-Lo?
Sendo sinceros, não sonegando impostos, não mentindo, fazendo algo pelos menos favorecidos, perdoando os erros alheios...
São mil pequenas ações que mostrariam o verdadeiro carinho pelo Adulto Jesus, que um dia, bastante generoso, quis nascer aqui como o Menino Jesus.
 
O resto é conversa fiada e realmente não faz qualquer sentido.
 
5- Sobre os choros tão comuns nesse período, eu não levo muito a sério.
 
A maioria que chora está entorpecida porque bebeu demais.
A mente cheia de álcool, confusa, incentivada por um papo supermeloso, embalada por essas canções insuportáveis que costumam tocar na data, termina estimulando discursos e lágrimas.
 
“Mas há quem chore sem bebidas alcoólicas, Ilmar!”
O “clima” parece, nesse caso, contaminar algumas almas mais sensíveis (geralmente as mulheres), sugerindo a idéia de que o Natal pede uma interação familiar.
Considerando que, numa família, obedecendo à lei natural, sempre há entes queridos mortos, alguém sempre lembra de quem partiu, aí começa a crescer a nostalgia.
Um pouco mais de tempo surgirão as inevitáveis lágrimas.
 
Não é fácil fugir dessa “atmosfera”!
Nós refletimos pouco, não gostamos de pensar, adoramos repetir...
 
Então, se quase todos choram, a regra é Eu vou chorar também!.
 
6- O nosso tema é o Natal, porém é importante destacar que uma semana depois as pessoas brindarão o ano novo.
 
Nessa ocasião, o lema é sair, vestir roupa branca, lançar pedidos ao mar, beber bastante champanhe...
 
Escutamos sempre as pessoas falando que o ano seguinte será melhor, lastimando o ano o qual está indo embora.
Peço licença para reprovar essa tremenda injustiça!
 
O ano o qual acaba não foi muito diferente do anterior nem será necessariamente superado pelo posterior.
Ocorreram vários fatos desagradáveis, mas também aconteceu tanta coisa legal e positiva.
 
7- Esse tipo de conversa, além de repetitivo e irrefletido, faz questão de fazer prevalecer o pessimismo mais a nossa mania de reclamar.  
 
Salvo as exceções, todos os anos seguem com novidades, frustrações, inquietudes, realizações, problemas, desafios, euforias, desânimos mais ou menos parecidos.
 
As mudanças que costumamos “jogar” para os anos vindouros são as conquistas pendentes que precisamos iniciar já.
Eu sugiro que, logo que o Sol apareça, deixemos a preguiça e a acomodação, mandando ver!
 
Não é sábio deixar as transformações, que dependem exclusivamente de nós, vinculadas a uma mágica ação temporal supostamente instigada pela mudança de ano.
Isso é uma grande bobagem!
 
Que tal renovar agora?
 
8- Voltando ao nosso tema, que é o Natal, talvez vocês estejam dizendo que eu sou pessimista realçando apenas o lado lastimável da festa.
 
Eu garanto que, caso vocês pensem isso, estão me interpretando mal.
 
Se o assunto fosse o Facebook, não teria jeito.
A única saída louvável seria abandonar aquela porcaria.
Não há o que remediar nem existe um lado positivo.
 
Mas, falando sobre o Natal, eu jamais fui pessimista.
 
Eu condeno o monte de atitudes e palavras vazias, repetitivas, artificiais que se criou em torno do Natal.
Isso, igualzinho ao Face, deve ser deletado, é inútil, nada soma, faz mal aos neurônios!
 
Mas destacar que um dia Jesus veio nos oferecer as lições que conduzem ao Reino dos Céus merece todos os aplausos.
Se pretendemos enfatizar esse fato, viva o Natal!
 
Quem falou que isso tem a ver com essas reuniões natalinas que acontecem na maioria das casas?
Quem falou que essa doce recordação tem a ver com esse chororô rotineiro?
Quem falou que o nascimento do Menino Jesus tem a ver com tanta hipocrisia que governa a sociedade no mês de dezembro?
 
Resumindo, eu não condeno o Natal, porém apenas critico a comemoração habitual dos nossos natais.
 
9- “Ilmar, sobre os nossos natais, contrastando demais com o Natal ideal, existe alguma coisa que você considera legal?”
 
Eu acredito que pode haver uma coisa muito bacana, mas será necessário acontecer uma oportuna adaptação.
 
Eu proponho que aposentemos o Papai Noel!
Esse não tem graça nenhuma.
Ninguém suporta mais o bom velhinho.
Essa roupa inadequada para o nosso verão (vale a pena destacar que os EUA vivem o inverno nesse momento) dá muito trabalho.
 
Vamos substituir o caduco Papai Noel pela simpática Mamãe Noel!
 
Haveria somente vantagens nessa substituição.
Uma Mamãe Noel não precisaria de tanta roupa.
Quanto menos roupa melhor!
O bom senso comercial sugere que elas sejam novas e gostosas.
 
Nos shoppings, perceberíamos os familiares satisfeitos tirando fotos ao lado dela.
As crianças, embaladas pelo encanto da festa, sonhando com os presentes, sorririam inocentes;
As mães curtiriam, pois elas ficam muito emocionadas nessa data e adoram fotos. Surgindo a possibilidade de tirar uma foto, elas não perdem a oportunidade;
Os marmanjos desejariam cumprimentar uma fascinante Mamãe Noel e abandonariam o mau humor tradicional.
Todos, nesse contexto, certamente sairiam do shopping bem contentes, cada um instigado por um motivo diverso.
 
Essa é a minha primeira sugestão.
 
Outra sugestão diz respeito à ceia natalina.
Ela pode ser antecipada.
Isso beneficiaria as crianças conforme vocês podem conferir no meu texto “Será que vai ter peru pra todo mundo?”.

http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4033458
 
São ótimas dicas, espero que sejam aproveitadas!
 
10- Para encerrar o meu artigo, quero desejar um Feliz Natal a todos.
 
Que todos sintam a paz invadindo suas almas nessa ocasião!
 
Que saibamos aproveitar o momento com independência e inteligência!
Basta de repetir as ações alheias!
Basta de não refletir sobre o que pensamos e fazemos!
 
Enfim, que não tenhamos somente mais um natal, ignorado rápido no dia seguinte, entretanto que nós comecemos imediatamente a valorizar as belas inspirações do Natal que a humanidade ainda não soube celebrar!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 16/12/2012
Reeditado em 16/12/2012
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