O AVESSO DA VIDA


O único filme que não dá para mudar o final é o da morte, por ser ridiculamente necessária. Tudo na natureza tem um ciclo. Que nós fazemos desde o brotar, o vicejar, até a senescência, a qual levamos com muita experiência e sabedoria ao fim de uma trajetória.
 
Os destinos da vida de cada um têm trajetórias surpreendentes. Pensamos que nascemos, seremos felizes por um tempo e depois ficaremos velhos e morreremos placidamente. Em suspiros, em leitos quentinhos, amparados por familiares, depois de termos cumprido com tudo que pretendíamos fazer nesta vida.
 
Mas não é bem assim... Crianças ficam doentes e morrem no broto da idade; homens e mulheres, nos seus maiores patamares de atuação, findam suas vidas de repente, sem mais nem menos, deixando rascunhos de esperança, de projetos, rastros do que podia ter sido, mas não foi.
 
A morte chega, na maioria das vezes, sem avisar. Ela é surpreendente tanto quanto o nascimento. Ela pode nos pegar no auge de nossas maiores realizações, quando estamos prontos para os lucros e recompensas nesta vida. E se ela acontece neste momento, todos ficamos revoltados, da mesma forma que ficamos revoltados quando alguém nasce doente ou fica doente muito precocemente; da mesma forma que alguém é assassinado bem no meio de um sonho de vida.
 
Quando começamos a ficar maduros, passamos a administrar inconscientemente - e como autômatos - a INDESEJADA DAS GENTES. Fazemos seguro de vida; agraciamos dependentes; formulamos testamentos, mas, principalmente, a gente começa a desejar que nossa alma, após nossa morte, vá pra algum lugar que não haja chifres, fogo ou tridente...
 
E quem vai ficar com o meu cachorro? Eu tenho um monte de delegações, mas eu quero saber quem é que vai ficar com o meu cachorro quando eu morrer! Quem é que vai cuidar do meu cachorro da mesma forma que eu?! Igualmente, eu não sei quem poderia cuidar de meus filhos como eu! A morte não é a traiçoeira na história, mas temo pelas traições da vida contra meus dependentes, caso eu faltasse.
 
Se eu soubesse quando iria morrer, certamente não pagaria cartões de crédito ou dívidas. Eu iria dormir até meio-dia; acordar com o sol batendo na minha cara e depois daria umas voltas por aí tirando fotos – pois é uma das coisas que adoro fazer.
 
Seria bom se eu soubesse que morreria em breve. Certamente os meus adversários e invejosos passariam a ser uns babacas inexperientes; meu dentista, um charlatão explorador; todos os gerentes de banco seriam carentes sexuais, que só me perturbam porque não são felizes como eu!
 
Acabei de fazer um check-up para trabalhar em uma nova empresa. De acordo com os resultados, estou apto a trabalhar em profundezas e em situações de risco. Ou seja: na minha profissão, estou apto a morrer com saúde a qualquer momento.
 
Muitas pessoas nascem ou ficam precocemente doentes. Muitas pessoas vivem doentes por muitos anos. Muitos não sabem o que é ter saúde e outros se revoltam por perdê-la. Outros não sabem o valor da vida e cada momento que a temos. A morte é o fim da união entre a vida e a alma, pois só na despedida somos capazes de compreender que estamos aqui de passagem.

Hoje eu dedico este meu pensamento aos meus pais que já se foram. Que Deus continue iluminando os seus caminhos.
 
LUIZ G. MARTINS
 Não tenho medo da morte.

 
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Luiz Gonçalves Martins
Enviado por Luiz Gonçalves Martins em 15/12/2012
Reeditado em 04/11/2017
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