MISTÉRIO NO ASFALTO
Já ouvi falar de mensagens subliminares. E, tempos atrás, li alguma coisa sobre certas mensagens estranhas surgindo, de uma hora para outra, nalgumas faixas de travessia da Avenida Presidente Vargas no Rio de Janeiro; e também, há algum tempo, lembro-me de ter visto na tv qualquer coisa sobre um célebre meditador, que costuma aplicar um método incomum, mas significativo, para nunca condenar quem quer que fosse, a começar por si mesmo; sobretudo, para perdoar quem quer que seja do que quer que tenha feito, e para redimí-lo, acima de tudo perante si mesmo: o uso da Unidade dos nossos seres! Explicando: quando alguém, lá na outra cidade, pratica uma atrocidade, uso a divindade inerente a mim mesma mentalizando quem praticou o ato ignóbil - sentindo verdadeiramente como se por mim tivesse sido praticado! - e pronuncio: "Sinto muito. Sinto muito ter feito isso!" E, através disso, exprimo um pedido de perdão à vida, como se eu, de fato, houvesse praticado tal ato! Segundo este eminente pensador (que me perdoem o lapso de memória que não me permite evocar agora o seu nome), foi desta forma que conseguiu recuperar um número significativo de detentos, da maneira mais pacífica que se pode imaginar, e aplicando somente o tal método: pedia desculpas pelo que cada um deles fez, sem que o soubessem. Sentia, sinceramente, ter cometido aqueles graves erros! Exercitava isto para cada um, e, como num estranho passe de mágica, gradativamente um a um deles viu-se francamente recuperado, e pronto para se reintegrar na sociedade!
Que tem isto a ver com o que menciono no início deste artigo? Bem...uma associação, que me assomou subliminarmente, ao dar de cara hoje, na hora em que atravessava a Avenida Presidente Vargas rumo ao trabalho, com mais uma daquelas esquisitas mensagens que surgem sobre o branco das faixas de travessia de pedestres, da maneira mais insólita possível - em relevo, do próprio tom do asfalto; mensagens curtas, misteriosas...sobretudo, aparecendo da noite para o dia sem que ninguém atine com quem as fez, e menos ainda com o porquê! O assunto já gerou tanta polêmica há algum tempo, que valeu uma avalanche de sites e de grupos na internet, criados em função da estranha ocorrência; pessoas que mergulham num debate sem fim acerca do possível autor, ou autores, desta iniciativa, e sobre suas possíveis causas, já que se trata de um fenômeno que acontece em vários lugares do mundo - uma versão escrita e urbana dos Círculos Ingleses, por assim dizer!
Bem...hoje, sem mais nem aquela, me surgiu diante dos olhos espantados outra destas mensagens misteriosas, em dois pontos das faixas de travessia, no cruzamento com a Rua Uruguaiana - bem ali, na saída do metrô! Incrível como ninguém - mas ninguém! - nota ou dá atenção! No entanto, baixando os olhos casualmente ao atravessar, eu vi, e bem visto! E logo me veio à mente a lembrança das ocorrências anteriores. E logo, também, aquele estranho recado, aparentemente sem pé nem cabeça, me sugeriu algo subliminarmente, na mesma hora, e me recordou de modo estranho uma outra coisa: a morte brutal do menino João Hélio. Porque o recado esquisito dizia só isso: "Use o cinto. Sinto muito."
Pois de imediato emergiu à minha lembrança uma associação ao cinto de segurança que, desgraçadamente, o menininho usava na hora do seu martírio nas mãos daqueles assaltantes, e - mais estranho ainda! - para mim, era como se um daqueles quatro criminosos tivesse escrito aquilo ali, ou pedido que o fizessem, querendo significar: Por favor, não deixem de usar o cinto de segurança por causa de uma fatalidade, por causa do que fizemos. Sentimos muito!
Pode parecer maluquice. É bem provável - é claro que não tem nada a ver!...Foi uma associação chamada subliminar...evocada a partir da ligação de meras palavras com uma idéia associada de maneira adequada ao seu conteúdo. Mas, partindo-se da premissa interessantíssima aplicada pelo meditador citado acima, porque não pode ser um desses mistérios?! Quem sabe, alguém que usa o método - seja lá quem for! - apondo, ali, o recado estranho, não para virar notícia; nem mesmo para ser notado...mas para lançar mão de uma admissível ferramenta cósmica que, através da Unicidade do divino inerente a todos nós, acionasse, nestes indivíduos, de fato, um sentimento assim, tangendo-lhes, nas dimensões invisíveis e ascensas da vida, a sua divindade interior (que todos a temos, criminosos ou não, queiram ou não queiram...apenas que mais despertas nuns, ou completamente adormecida noutros...) na emissão deste recado que, partindo do Todo, tem o poder de redimir-lhes as almas no rumo do seu despertamento, mesmo que lento e penoso - mas certo, para as luzes residentes na Vida e nos seus seres...
Parece-lhes sandice, viagem, meus amigos?...Divagações sem sentido?!
Bem...compartilho com vocês esta estranha experiência...E asseguro-lhes que, ao menos, as esquisitas mensagens estampadas no asfalto desta tumultuada Avenida do Rio estão, de fato, lá, para qualquer um que queira ver!...
De qualquer modo, acho também coisa forte atribuir tal fato insólito à uma simples coincidência, à mera associação devaneadora com os últimos tristes acontecimentos. Prefiro seguir minha voz interior que me segreda, em mais este mistério, uma finalidade benéfica qualquer, cujos efeitos, talvez, estejam ainda muito aquém da compreensão daquelas massas que por ali transitam incessantemente, sob o calor sufocante do dia, mergulhadas na indiferença e nas preocupações corriqueiras do cotidiano.
Vale uma reflexão.
*Obs: A foto acima foi extraída deste link de um site relacionado a este assunto na internet, mostrando outra dessas estranhas mensagens estampadas em pontos diferentes de travessia nesta Avenida.: http://www.tiagoteixeira.com.br/toynbee/imagens/frio07.htm