NÓS, PEQUENOS DEUSES


A eternidade é a continuação do ser que se perpetua através dos seus frutos e, no mais longíquo tempo, um pouco desse ser vai ainda transparecer numa atitude, num gesto, nos sentimentos ou mesmo em pequenos e inobserváveis sinais físicos. Somos um todo que nos dividimos para não nos extinguirmos, e nessa divisão nos multiplicamos e nos eternizamos e assim cumprimos a missão para a qual fomos criados : Dar continuidade à criação.
Observem, por exemplo,os frutos,: Plantamos a sua semente e colhemos frutos de mesmos gostos, cores, formatos... uma cópia fiel. Nascem frutos anormais mas sem perder as características familiares. Mas a árvore mãe, geradora, após se eternizar nos seus frutos, sucumbe para estercar a terra. Para não permitir a extinção do nosso ambiente. E nós somos assim. Somos como nosso próprio organismo : parte nos mantém e parte é expelida. Para que a vida continue é preciso que o ambiente que mantém e sustenta essa vida seja alimentada para sua preservação. E parte de nós, dos seres, são esses alimentos que preservam o nosso mundo.
E somos assim porque somos pequenos deuses como o é toda a criação. Uma eternidade de pequenos deuses. Fomos incumbidos de dar continuidade a esta obra. Incumbidos de não deixá-la desaparecer. E os homens gerarão homens, os animais gerarão animais , os frutos gerarão frutos e as pedras gerarão pedras e todos gerarão estrumes para sustentar e manter a terra. E a terra continuará a girar em torno do sol e a lua em torno da terra e a terra em torno de si mesma porque assim é a lei do universo. Porque essa é a eternidade de Deus. Eternizar-se é dar-se pelo outro porque só assim estará dando a si.
A eternidade que proclamamos, aquela que vivemos através de nossos sentimentos, é eterna enquanto dura. São acontecimentos que nos faz sorrir ou chorar mas que são finitos. Há sempre um sorriso após um outro. Há sempre uma dor após uma outra. E porque são finitos, e portanto mutantes, é que nos fazem felizes. É a fuga do tédio, da mesmice que estressa o ser.Vivemos de momentos aos quais damos dimensão da verdadeira eternidade de acordo com a profundidade com que nos tocam.
E é esse todo que somos e que nos eterniza que nos faz amar o próximo, que nos faz odiar o próximo porque nossas atitudes, nossos sentimentos são genéticos e assim o que aqui fazemos , aqui pagamos.
TiaoNascimento
Enviado por TiaoNascimento em 04/03/2007
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