A HIPOCRISIA DO NATAL E A FALSA SOLIDARIEDADE.
Outro dia li um artigo do Luís Fernando Veríssimo, espero que se recupere muito em breve para nos dar mais artigos, contos e outras letras por muito tempo, em que ele falava sobre assistir a casamento. No artigo fazia inúmeros comentários e no fim ainda pedia para nunca ser convidado para tais cerimônias. Na ocasião até que concordei com ele em algumas coisas. Porém, no último fim de semana participei de uma festa de casamento, onde revivi velhos amigos, curti muito a festa, relembrei velhos tempos e cheguei à conclusão que muitas festas de casamento são boas pelas pessoas que podemos ver e reencontrar.
Mas, na mesma linha de raciocínio do Luís Veríssimo, sigo no que concerne às festas de fim de ano, principalmente o Natal.
Neste mês de dezembro, proliferam os apelos à solidariedade, à confraternização, às adoções de crianças para dar-lhes presentes, a Rede Globo com seus inúmeros apelos, feito com aquela música chata e já batida de : “Hoje é um novo dia...” enfim a uma série de baboseiras que não se vê no dia a dia, durante todo o ano.
Não participo de festas de confraternizações, a não ser aquelas com pessoas muito amigas; amigos de infância e com pessoas que realmente tenho muita afinidade. No trabalho não vou a este tipo de festa. Antigamente, as pessoas tinham mais amizade onde trabalhavam. Hoje, quando chega o fim do expediente é cada um para sua casa. No fim de semana, pelo menos aqui no Ceará e onde trabalho, nunca se encontram. No prédio onde moro, muitos moradores viram a cara para não dar um bom dia. Hoje mesmo entrei no prédio e um senhor que estava na porta quando me viu, virou às costas.
Outro dia, passando num shopping da cidade, encontrei com uma colega de trabalho, que trabalha do lado de minha sala. Passei por ela duas vezes, quase embarramo-nos um no outro. Olhei para ela nas duas ocasiões, ela simplesmente fingiu que não me conhecia e virou o rosto para que eu não a cumprimentasse. Eu acompanhado de minha mulher e filha e ela do marido.
Dias depois, encontrei com ela no corredor que dá acesso às nossas salas e toda sorridente me cumprimentou. Simplesmente fiz que não via.
Às mensagens de Natal e de Ano Novo limito-me a responder de forma rápida, somente para não passar por mal-educado, quando as recebo. Jamais envio qualquer mensagem neste sentido. Às confraternizações como já disse não vou, pois nisso tudo só vejo hipocrisia, querendo-se demonstrar uma realidade que não existe.
As pessoas passam o ano todo se digladiando no trabalho, brigando nos edifícios onde moram por motivos fúteis, não respeitam o vizinho ou quem quer que seja. Na hora de estacionar um veículo, por exemplo, não querem saber se estão ou não incomodando o dono da garagem vizinha e até acham ruim quando recebem reclamações. No trânsito não respeitam ninguém. Nas igrejas para onde muitos acorrem semanalmente, participando de encontros e coisas mais, o comportamento fora de lá é completamente diferentes, servindo aqueles momentos somente para mostrar o quanto são hipócritas e se passar por gente de bem perante os outros.
Tive um vizinho que por diversas vezes fui obrigado a ligar para a casa dele durante a madrugada para reclamar do barulho que fazia ele e suas visitas, tudo gente da igreja, de encontro de casais. Tive até que apelar para a Polícia para poder ter um pouco de sossego. E este vizinho, de vinte e tantos anos, cujos filhos foram criados juntos com os meus, vivia dia e noite na igreja, mas simplesmente não sabe o que é respeito ao próximo.
Vejo todos os domingos à noite aqui no bairro onde moro a falta de respeito dos religiosos com as demais pessoas. Simplesmente na avenida onde fica a Igreja da Glória, os fiéis fecham a avenida, impossibilitando a passagem de carros, pois estacionam em fila tripla.
Portanto, diante de tudo isso e da grande hipocrisia das pessoas, não me convidem para festa de confraternização. A não ser meus amigos do tempo de adolescência e outros mais chegados. Festa do trabalho, do prédio, não chego perto e muito menos dou qualquer contribuição para presentear a quem quer que seja. Não sou solidário, pois não tenho remorso das coisas que faço, muito menos almejo o reino de deus; além de não crer em deus, não contribuo para o mal estar das pessoas, muito pelo contrário sempre ajudo aqueles necessitados próximos de mim. Não faço apologia ao lema: “faça o bem sem olhar a quem.” Não doou sangue, a não ser para uma pessoa próxima que conheça. Eu ir ao Hemoce doar sangue para qualquer um. Nunca. De repente estou salvando a vida de um bandido. E bandido bom para mim é bandido morto. E se eu estiver salvando a vida de um futuro Mao The Tung, Stalim, Fidel Castro e outros.
Portanto, tal lema não faz parte de minha vida. Faço o bem, mas olhando a quem.
HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
FORTALEZA, NOVEMBRO/2012