Números e Estátisticas
Não é preciso ser muito inteligente para constatar isso. A terra não é um bom lugar para se levar à vida. Às vezes eu não tenho o que fazer, então gosto de ver pesquisas e estatísticas. Só para ter certeza de que aqui não é um bom lugar para se levar à vida.
Primeiro alguns números divulgados pela Secretária de Estado da Segurança Pública de São Paulo - www.ssp.sp.gov.br, sobre o terceiro semestre de 2006. Estupros: 785. Homicídio doloso: 1.451. Furto: 136.861. Prisões 23.043. Na seção onde estão disponibilizados os números tem um texto que fala como interpretá-los positivamente. Acredite, é possível.
Esta análise não se prepõe apenas a São Paulo. Vamos ao Ibope – www.almanaqueibope.com.br. É preciso paciência e perspicácia para se navegar no site, que às vezes parece querer esconder os números. Me vejo procurando dados no Ibope as três da manhã e me sinto um idiota. Penso: “Milhões de computadores procurando pornografia e eu no Ibope!”.
Sobre as mulheres. Pesquisa de opiniões e atitudes femininas relativa aos anos de 2003/2004. Cinqüenta por cento delas responderam que estão dispostas a sacrificar o tempo com a família pelo progresso profissional. Isto é um risco para nós homens em todos os sentidos. Não para por ai, 72% dizem querer atingir o topo mas alto na carreira. Apenas 36% das senhoras e senhoritas dizem não saber nada sobre investimentos e finanças.
Continuando no Ibope. Agora temos alguns números sobre consumidores de bebidas. É um questionário sobre opiniões e atitudes realizados entre 01 de agosto de 2004 e 31 de janeiro de 2005. O resultado é dividido entre os que consomem refrigerante e os que tomam cerveja.
Metade dos beberrões acham que dinheiro é a melhor medida do sucesso. Este número cai para 44% com a turma do refri. Cinqüenta e nove por cento dos cervejeiros acham que as pessoas dependem da televisão para relaxar. Na classe B são 53%. E o número mais bizarro: 13% dos pinguços acham que homem não chora. O valor cai para 11% com os viciados em Coca-cola.
Vamos mais longe, alcançar o mundo. Relatório sobre a AIDS publicado pela Organização Mundial da Saúde em 11/1006 - www.opas.org.br. Na África Subsaariana vivem 63% dos infectados com a doença. Discrepâncias terrenas.
Cheguei a um site estranho. Cieca - Chinese International Economic Cooperation Association. A página é de um grupo de Taiwan com alguma relevância e credibilidade. Se quiser saber mais acesse www.cieca.org.tw. A Ásia, diz a organização, foi responsável em 2005 por 60,4% do comércio global. Nós, da América do Sul, participamos com apenas 1,4%. Entendeu por que ninguém nos leva a sério?
Continuando minha cassada sobre dados que justifiquem a afirmação de que aqui não é um bom lugar para se viver achei o Infoplease - www.infoplease.com. Uns americanos loucos que pregam transparência dos governos do mundo. Segundo eles os civis representam 90% dos mortos em uma guerra. Em 2001, 34% do jovens do mundo, entre 15 e 24 anos, viviam em algum dos 50 países mais pobres do planeta.
Por fim, depois de muitos cliques, termino na ONG Transparência Brasil - www.transparencia.org.br. O relatório sobre as eleições municipais de 2004 são interessantes. José Serra, prefeito eleito, teve um gasto de R$ 14.837.477,00. Deste montante, 98,62% vieram de doações de pessoas jurídicas. Os bancos Mercantil e Itaú, a construtora Camargo Corrêa, constam nesta lista.
A lista era relativa somente aos prefeitos eleitos. Mas também estava a disposição um relatório sobre os recursos e doações por partidos. Vamos ao PT, derrotado. Marta Suplicy investiu R$ 1.682.236,00 a mais que Serra. Sobre as empresas que doaram ao partido como um todo temos, surpreendentemente, repetições de doadores do oponente, como a Camargo Corrêa. Temos também a Gerdau – Açominas e a Construtora OAS.
Empresas privadas não investem dinheiro sem projetar um retorno!
Bem, não sei se consegui mostrar como a terra é um lugar podre. Mas os números são convenientes. Recentemente cientistas disseram ter achado água em Marte. Talvez lá seja um lugar melhor para se viver.