(Foto:- Desejo a todos a liberdade plena, tanto quanto é irrestrita a essas aves na foto ao anoitecer...) 

TIPOS DE..."PRISÃO"

Sei que esta pequena palavra causa imediato e grande impacto a qualquer que a lê ou ouve. Também a mim. Chego a associá-la à escravidão, a despeito das benesses desfrutadas por muitos presidiários brasileiros e suas famílias que hoje - pela fome de votos por parte de políticos inescrupulosos - recebem salários bem mais altos do que o pago à maioria dos nossos nobres e sofridos trabalhadores e aposentados.
Mas não é sobre este tipo de prisão que pretendo escrever, pois não quero ter nem levar à justa revolta alguém que venha a ler-me.
As prisões a que hoje me refiro não estão com grades, mas assim são evidenciadas por "amarras" que, no mais das vezes tolhem, inibem, dificultam, impedem e privam mais e com maior domínio do que se de grades fossem. E essas amarras são alimentadas pela coragem maléfica (opressão) de um lado e pela ausência da coragem nobre (audácia) do outro lado.
Tal ausência aprisiona zelosos pais com sete chaves em suas casas para não escutarem de parentes, amigos e outros, as dolorosas verdades sobre filhos que se desviaram dos rumos para os quais foram educados.
É a que também aprisiona filhos que, por ainda não adultos e independentes, submetem-se ao jugo de pais desajustados, que se machucam mútua e diariamente, com agressões verbais, físicas e até traições, sem se importarem em preservar o mínimo respeito que é devido aos filhos.
Por certo esses cônjuges estão igualmente aprisionados numa união que, com certeza, há muito já não há, mas subjugam-se por faltar-lhes a audácia para  dar um basta, "virar a mesa", ousar e partir para a liberdade, para o desconhecido, o NOVO. Infelizmente continuam dominados e praticam a tirania que os leva a maldizer, desdenhar, menosprezar, ridicularizar e até trair o cônjuge ao qual se atrelam.
A opressão é sentimento danoso a quem a pratica e não menos e muito mais triste aos que lhe são alvo.
Como tantos, também dela fazem uso muitos profissionais que não tiveram capacidade para escolher corretamente seus empregos e que, covardemente, passam ano após ano espezinhando subordinados, reclamando dos colegas, superiores e da empresa como um todo, mas não se atrevem a um ato audaz que, em rasgo de lucidez, lhes encheria o peito de arrojo e permitiria dedicarem-se ao trabalho que lhes dá prazer para praticá-lo com amor, dignificando e suavizando sua vida e a de todos sujeitos ao seu convívio.
Como vemos, a coragem maléfica também requer perspicácia, um certo devotamento, sagacidade e o domínio no trato com palavras, pois são elas a principal arma do opressor, visto que ações quase inexistem, principalmente as que levariam à audácia.
Devo confessar que também eu estou sendo muito impelida a reavaliar o que supus "pote de ouro no final do arco-íris", apesar de ainda cheia de esperança de prová-lo joia que nasceu pra ser. Será ação bem dolorosa, mas mostra-se cada dia mais necessária. Espero possa  encontrar ainda caminhos largos  ao invés de veredas, onde me entregarei à doce liberdade de amar e ser amada, sem o jugo de amarras que, apesar de não serem minhas, respingam e enodoam meu coração por aprisionar-me em tristeza. E eu chegarei lá, com certeza, porque além da coragem eu cultivo sonhos e nutro esperanças.
Como já está se tornando hábito, brindo a quem me lê com belíssimo poema que diz, claramente - em poucas palavras e muita poesia - tudo que quis dizer acima e por certo não consegui:
 
"Muitos presos por aí:
Presos dentro de si,
Presos aqui e ali.

Presos homens, pensamentos,
Mulheres, seus sentimentos.

Vendo presos e prisões
Afago minhas ideias.
Não tremo, resisto, teimo.

A elas, ninguém as prende.
É que há muitos caminhos
Sulcando dentro de mim;
Nas margens suas, carinhos,
Placares dizendo sim."


O título do poema copiado acima é "PRISÕES" e tem como autor o médico, professor e poeta catarinense ARTHUR PEREIRA E OLIVEIRA. Foi publicado no livro CANTOS E DESENCANTOS, em 1992, pela Editora da UFSC, em Florianópolis.



(Foto:- Desejo também que saibam usar a liberdade para trilhar caminhos floridos como mostra esta foto.) 

 

DTL Gonçalves e Arthur Pereira e Oliveira
Enviado por DTL Gonçalves em 18/11/2012
Reeditado em 15/01/2023
Código do texto: T3992643
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