A arma do povo

Arnaldo Jabor em seu livro Porno política diz: "A miséria sempre deu lucro. No Brasil a miséria é quase uma indústria".

Ao ler esse trecho fui levado a uma grande reflexão. Nunca até então havia pensado por este prisma e notei o quão verdadeira e aterrorizante é esta afirmação. Mas quem ganha com a miséria? Muitos, desde os charlatães fariseus com seus suntuosos templos que enganam pela fé seus devotos e fiéis seguidores, aos políticos sem escrúpulos que enganam a massa popular pela esperança. De certa forma todos exploram a esperança de um povo oprimido.

Um povo que tem ao menos suas necessidades básicas supridas e o mínimo de instrução poderá adquirir uma ideologia social, desenvolver senso de coletividade, exercer plenamente seu direito de cidadania e participar mais diretamente no desenvolvimento de seu país. Mas quando o básico lhe é negado, quando sua dignidade lhe é roubada, a única coisa que resta a uma população pobre e faminta é seu instinto mais primitivo de sobrevivência. Sendo assim, muitos dos programas populistas sociais patrocinados pelo governo federal são usados para a conquista indireta de votos. Tais programas geram verdadeiras esmolas, que ao invés de propiciar ao cidadão meios de adquirir seu próprio sustento com o suor do seu trabalho, resgatando assim sua dignidade e de suas famílias, mantém-no dependente de um programa que não tem a menor garantia de sustentabilidade. Desta forma, o que seria a "arma do povo", o voto passa a ser a arma do governate, que de forma astuta e legalizada, compra indiretamente todos os votos das pobres familias beneficiadas. Imagina você se uma família que mal tem o que comer, sem nehuma garantia de trabalho e perspectiva futura, votaria em um candidato de oposição ao governo que lhe concedeu o benefício, arriscando assim a continuidade do seu benefício.

Esta coisa de que o voto é a arma do povo virou moda. Todos falam isso, mas eu não acredito. Como eu posso ter uma arma e não ter o direito de não usá-la? Se o voto fosse a minha arma eu não deveria ser obrigado a usá-la. Sendo assim, o voto deveria ser facultativo e não obrigatório. Não vivemos num país democrático? Assim tranformam o ato de exercer o direito de cidadania em exercer o dever de cidadania. Não seria um contra-senso? E como seria dar uma arma para um indivíduo que não sabe usá-la e ainda assim obrigá-lo a dispará-la? Assim funciona o voto dos analfabetos ou semi-analfabetos, que quando têm a oportunidade de ter acesso às divulgações dos planos de governo dos candidatos, se deparam com termos inteligíveis de economia ou assuntos complexos como infra-estrura, dívida externa e interna, etc. Destarte, votam às cegas naqueles que lhes despertam maior simpatia. E quanto maior a miséria e a ignorância, mais poder de manipulação têm os políticos, restando apenas a concorrência entre eles mesmos para a ocupação de seus cargos. E por fim, mesmo para aqueles que podem votar de forma consciente, muitas das vezes, não tendo alternativa, votam no candidato que consideram o menos pior, já que se deparam sempre com o mesmo modelo de cartas marcadas de políticos e partidos sem ideologia.

Acredito que a arma do povo está no seu poder de discernimento, que só é possível com educação, aliado ao patriotismo. O patriotismo dá a coragem, persistência e vontade suficientes para impulsionar o progresso. É a pólvora que realiza a explosão. O discernimento através da educação dá direção e o rumo correto para que se atinja o alvo. Ao invés de invejarmos as grandes nações, deveríamos tentar aprender com elas, respeitando sempre a nossa cultura. Não há nação que tenha chegado ao seu auge com uma população ignorante, faminta e sem amor à sua terra. Nós brasileiros devemos nos unir em busca de um sentimento patriótico, porque ser patriota não é concordar com o governo. Ser patriota é amar a terra em que nascemos e que vivemos, pois daqui vem o nosso sustento, nosso trabalho, nossa família, nossa alegria, nossa cultura ... Enfim, somos herdeiros da pátria e aqui é a nossa casa.

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