Usina De Belo Monte
Para quem tem assistido manifestações, contra e a favor da construção da usina de Belo Monte, e ainda está em dúvida quanto aos benefícios e os prejuízos, eu faço aqui um resumo simples do meu ponto de vista.
- É mais uma obra caríssima, que não vai cumprir o que prometem nas propagandas, até pela instabilidade do volume do rio durante o ano. Mesmo que fosse a maior usina do mundo, o que importa é a produção, não o tamanho.
- Dizem que será construída sem precisar de empréstimos, mas quem garante que depois não será vendida?
- A energia elétrica não tem apenas custo de produção, mas também de transmissão. O governo vai gastar bilhões para transportar esta energia, enquanto não conserta nem as estradas, que transportam toda a produção e o abastecimento do país.
- Alegam que na Amazônia ocorrem desmatamentos maiores que na área da construção da usina. Isto é verdade, porém um erro não conserta o outro, e uma área desmatada ainda pode ser reflorestada, o que não seria possível no caso da área da usina, que estará submersa.
- Por que será que o governo insiste tanto nesta obra, quando o país tem tantas outras prioridades?
- Para resumir:
Qualquer obra que provoque a destruição da natureza aparentemente pode mostrar benefícios, mas logo se mostra como uma desgraça.
Eu vi num vídeo, alguns “estudantes” de péssima dicção dizendo:
Ora serão apenas 600 Km quadrados de floresta destruída!
Quanto custam 600 Km de terra?
Quanto custa a madeira e destruição da natureza?
Você sabe o que são 600 Km quadrados?
Aqui na ilha de Santa Catarina, tem algumas matas onde várias pessoas já se perderam. Apenas no morro entre as praias de Ingleses e Santinho, uma ponta da Ilha, pode se andar quase um dia todo, e a passos largos numa única direção. Agora imagine toda a ilha de Santa Catarina.
Pois toda a Ilha de Santa Catarina tem uma área bem menor que 600 Km quadrados.
Agora imagine quantas árvores existem aqui, quantas espécies de animais...
Quem não imagina as conseqüências, faz obras grandes. Quem tem imaginação faz GRANDES OBRAS.
Comparação entre Belo Monte, e o Parque Eólico de Osório - RS
Usina de Belo Monte
Tempo de construção= Quase 10 anos (tempo para roubar a vontade, isto se não demorar mais)
Capacidade instalada=11.233 MW
Produção média ao ano = 4.300 MW (isto é apenas a promessa, ainda não se comprovou)
Área destruída 600 Km quadrados mais o dinheiro do povo (isto é o que eles dizem, ainda não se comprovou)
Custo=26 bilhões de reais (ainda não comprovado)
Parque eólico de Osório
Tempo de construção = 1 ano e meio
Capacidade instalada=150 MW
Produção média ao ano = 51 MW
Área de terreno utilizada = 6,5 Km quadrados
Custo = 670 milhões de reais (670.000.000)
Mesmo que uma usina eólica fosse mais cara que uma hidroelétrica:
Ainda produz leite, carne, frutas e hortaliças.
Se o Parque eólico de Osório utilizasse a mesma área de B. Monte, logicamente sem os terríveis danos ambientais:
A capacidade média de produção em Osório seria de 4.857 MW (comprovada)
557 MW ou 12,95% a mais que a produção (incerta) de Belo Monte.
Fator de eficiência:
Osório=2.612 (produção comprovada)
B. Monte=2.496 (com base nas promessas)
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B. Monte=93,3 vezes a área utilizada em Osório
93,3x150=13.995 MW Capacidade instalada
Entre as desculpas para a construção da usina de Belo Monte, o governo alega que noutros países o consumo de energia por habitante é maior que no Brasil.
O que o governo não diz é que isto é uma média, incluindo casas, indústrias, setor público e outros, para dar ao povo, benefícios em serviços que não temos no Brasil.
O gasto noutros países em cada casa, pode até ser menor que no Brasil.
Com certeza no Brasil querem aumentar apenas o desperdício de energia no setor público, e o roubo com os gatos, sem beneficiar os cidadãos que pagam a conta, que não vai baixar com a construção de Belo Monte.
Seria melhor que o governo brasileiro imitasse outros países, no consumo de dinheiro com políticos.
Na Argentina cada parlamentar custa por ano pouco mais de 1 milhão de reais, na Espanha custa apenas 0,8 mil reais.
No Brasil um político custa mais de 10 milhões de reais.
Se não houvesse outros meios, poderiam construir pequenas hidroelétricas ao longo de um rio. Além de reduzir os danos a natureza, isto economiza linhas de transmissão.
Pequenas usinas evitam os grandes apagões, e proporcionam segurança ao país, no caso de ataque bélico ou terrorista.
Impacto ambiental de Belo Monte
Relatório do IBAMA
1. Geração de expectativas quanto ao futuro da população local e da região;
2. Geração de expectativas na população indígena;
3. Aumento da população e da ocupação desordenada do solo;
4. Aumento da pressão sobre as terras e áreas indígenas;
5. Aumento das necessidades por mercadorias e serviços, da oferta de trabalho e maior movimentação da economia;
6. Perda de imóveis e benfeitorias com transferência da população na área rural e perda de atividades produtivas;
7. Perda de imóveis e benfeitorias com transferência da População na área urbana e perda de atividades produtivas;
8. Melhorias dos acessos;
9. Mudanças na paisagem, causadas pela instalação da infra-estrutura de apoio e das obras principais;
10. Perda de vegetação e de ambientes naturais com mudanças na fauna, causada pela instalação da infra-estrutura de apoio e obras principais;
11. Aumento do barulho e da poeira com incômodo da população e da fauna, causado pela instalação da infraestrutura de apoio e das obras principais;
12. Mudanças no escoamento e na qualidade da água nos igarapés do trecho do reservatório dos canais, com mudanças nos peixes;
13. Alterações nas condições de acesso pelo Rio Xingu das comunidades Indígenas à Altamira, causadas pelas obras no Sítio Pimental;
14. Alteração da qualidade da água do Rio Xingu próximo ao Sítio Pimental e perda de fonte de renda e sustento para as populações indígenas;
15. Danos ao patrimônio arqueológico;
16. Interrupção temporária do escoamento da água no canal da margem esquerda do Xingu, no trecho entre a barragem principal e o núcleo de referência rural São Pedro durante 7 meses;
17. Perda de postos de trabalho e renda, causada pela desmobilização de mão de obra;
18. Retirada de vegetação, com perda de ambientes naturais e recursos extrativistas, causada pela formação dos reservatórios;
19. Mudanças na paisagem e perda de praias e áreas de lazer, causada pela formação dos reservatórios;
20. Inundação permanente dos abrigos da Gravura e Assurini e danos ao patrimônio arqueológico, causada pela formação dos reservatórios;
21. Perda de jazidas de argila devido à formação do reservatório do Xingu;
22. Mudanças nas espécies de peixes e no tipo de pesca, causada pela formação dos reservatórios;
23. Alteração na qualidade das águas dos igarapés de Altamira e no reservatório dos canais, causada pela formação dos reservatórios;
24. Interrupção de acessos viários pela formação do reservatório dos canais;
25. Interrupção de acessos na cidade de Altamira, causada pela formação do Reservatório do Xingu;
26. Mudanças nas condições de navegação, causada pela formação dos reservatórios;
27. Aumento da quantidade de energia a ser disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional – SIN;
28. Dinamização da economia regional;
29. Interrupção da navegação no trecho de vazão reduzida nos períodos de seca;
30. Perda de ambientes para reprodução, alimentação e abrigo de peixes e outros animais no trecho de vazão reduzida;
31. Formação de poças, mudanças na qualidade das águas e criação de ambientes para mosquitos que transmitem doenças no trecho de vazão reduzida;
32. Prejuízos para a pesca e para outras fontes de renda e sustento no trecho de vazão reduzida.
Acioly Netto - www.guiadiscover.com