ALIANÇAS, ACORDOS, NEGOCIATAS, CONCHAVOS. O QUE PODEMOS APRENDR COM A POLÍTICA?

Assistindo uma entrevista com o jornalista Ricardo Noblat, ele saiu com essa “Não espere coerência dos políticos”. Simples assim. Citou registros em vídeo onde os “ladrões” de ontem são os conselheiros experientes de hoje, onde os santos de ontem são os demônios de hoje. Enfim, os adversários de ontem são os aliados de hoje e vice-versa.

Os políticos são uma raça à parte. Isso não é ofensa, é elogio. Quem não for capaz de engolir sapos, esquecer veementes ataques, não ingresse na política. Por que digo que é elogio? Porque, embora os políticos tenham sua mente fixa no eleitor e no voto, eles não podem esquecer que são os mais expostos quando se trata de história. O cidadão normal fica com o estômago revoltado ao ver promessas de cargos para incompetentes a troco de alguns momentos no espaço da televisão. Os políticos nem sempre escolhem seus auxiliares pela competência, mas pela fidelidade.

O lado baixo da política é sem dúvida nenhuma o mais propalado e o menos nobre. Contudo, a Política (assim, com “p” maiúsculo) aproxima pessoas, promove a paz, apara diferenças e melhora a humanidade. Fico imaginando a Europa depois da segunda grande guerra. A França pisoteada pelos coturnos da Wermacht, Berlim e Londres bombardeadas por seus vizinhos, numa matança sem trégua. Estragos, destruições, mortes dos dois lados. Acaba a guerra e as pessoas precisam continuar vivendo sem se matarem entre si.

Inimigos de ontem, sentam-se à mesa em reuniões e jantares. Há necessidade de construir a união, sem as acusações que seriam normais, do tipo “seu pai matou meu tio” ou “seu avô bombardeou nossa casa e quase todos morreram”. A política diplomática teve de passar por cima de tudo isso em nome de um bem maior: Enterrar de uma vez os ódios. Por isso que a política não é para qualquer um. O político não é dono de seu mandato. O dono dele é o povo que o elegeu e, com a mesma sabedoria poderá apeá-lo de lá. Quem não é capaz de entender isso é melhor que fique de fora.

Assuntos velhos e resolvidos não deveriam voltar às mesas de negociações, com o risco de prejudicar o futuro. A Alemanha simplesmente proibiu qualquer menção ao holocausto dentro do país. Se seguíssemos este exemplo em Manaus, nunca mais se falaria do episódio da frustrada retirada dos camelôs do centro de Manaus há 22 anos.

Assentada a poeira das eleições municipais, devemos esquecer os golpes abaixo da linha da cintura durante a campanha política. O resultado das urnas, uma vez definido deve ser respeitado por vencidos e vencedores. Da mesma forma como não se tripudia sobre o cadáver de quem morreu no cumprimento de seu dever pátrio, não se deve minimizar o trabalho dos derrotados nas urnas, porque tiveram seu papel importante na construção da democracia. No afã de vencer um jogo, podem ter praticado entradas duras, ardis e dribles ousados. No fim do jogo, é hora de apertos de mãos e confraternizações porque sem perdedor não há vencedor. Não é mais hora para revanchismos, acusações válidas ou não. Se os adversários tiveram uma grande aprovação em suas propostas, porque não aproveitá-las e dar os créditos?

As bombas foram todas jogadas na campanha. Agora é hora de lamber as feridas, somar para melhorar a cidade, o estado e o país. Acima de tudo, todos os contendores são brasileiros e desejam o melhor para sua terra.