Educação: realidades e representações
Em “A alegoria da caverna”, Platão nos mostra a importância da mediação do educador na condução do indivíduo ao conhecimento. Para os personagens enclausurados naquela caverna as sombras que viam refletidas na parede eram reais. E eram. Porém, aquela não era a única realidade existente, era apenas a representação de uma realidade exterior ao mundo que conheciam.
A vida parece ser bem mais simples quando olhada de dentro da caverna das sombras, das ilusões e dos conceitos prefixados. Sair dessa caverna significa encarar a luz e isso pode ser uma tarefa perturbadora, visto que a luz, quase sempre, ofusca os olhos acostumados à escuridão.
Educar é o ato de apontar a luz no exterior da caverna e orientar o indivíduo desde o ofuscante momento da saída do mundo das sombras até o instante em que seus olhos puderem guiá-lo em direção a novas possibilidades de realidade.A nossa visão de realidade está condicionada aos recursos que dispomos para serem ‘lidos’ e a forma que os ‘lemos’.
Entendendo leitura como interpretação de sentidos, podemos afirmar que a nossa primeira leitura é analfabeta. Ao sermos apresentados ao mundo letrado, ampliamos nossa leitura de mundo. É a saída da caverna. Juntamente com a linguagem absorvemos conceitos que formatam a nossa identidade. Esses conceitos, por sua vez, são influenciados pela ideologia dominante. Perdemos, assim, a capacidade de estranhamento, deixando de questionar o mundo que nos cerca, vendo em tudo o óbvio e natural. Aí somos ofuscados pela luz.
O papel da educação libertadora é nos orientar nesse momento de ofuscamento, exercitando nossa capacidade de estranhamento e possibilitando sempre a desconstrução daquilo que nos for imposto como óbvio e transvalorar os conceitos possibilitando a construção de um devir social mais justo.
È hora de enxergar outras realidades possíveis.