"Silence speaks when words can't"

Encontrei esta frase do título enquanto navegava pela Internet. Tenho pensado sempre a respeito do silêncio. Tantos o valorizam. Poucos são os que o menosprezam. De um lado, o silêncio é algo educado, solene, majestoso, necessário, contundente, conveniente, obrigatório e indispensável. Professores de todas as gerações ainda preferem o silêncio na sala de aula. Há, porém, quem teorize cientificamente a virtude do barulho do diálogo sobre o conhecimento, o compartilhamento, a troca, a oralidade. Acredito mais nesta teoria, todos os professores desenvolvem crenças. Ficar calada na sala de aula quando estudante, para mim, era martírio. Então surge a questão da medida, do feeling, aquele momento em que você precisa reconhecer que fala demais. Tudo demais é sobra, diz a sabedoria antiga. E é. Até beber água em excesso.

Ainda sobre o amor ao silêncio, pensamos no recolhimento necessário, mas é nesse instante em que um diálogo intenso acontece em nosso interior. É quando conversamos com o outro dentro de nós, ou os outros. Há o silêncio sepulcral, esta conhecida expressão que remete à tristeza e ao abandono dos túmulos. E, então, que silêncio é aquele? Que será que se passa nos cemitérios quando estamos em nossos quartos, na madrugada? Há o silêncio dos inocentes, o dos culpados, o dos omissos, o dos mudos. Há um suposto silêncio por toda parte.

Será que o silêncio seria algo tão difícil de ser conceituado como o é a Verdade para os filósofos? Verdade também é que o silêncio tem um lado silencioso. O lado ruim da personalidade do silêncio é tão contundente que o melhor seria nem levar adiante este texto.

Mas eu não sou de ficar calada. No texto falo. Comigo, com o texto, com você que me lê. Em silêncio. Ah, por falar nisto, a leitura silenciosa saiu das salas de aula. Teria sido em virtude do barulho que fazem as crianças? Leitura silenciosa é didática, eficiente. Gosto do silêncio da leitura silenciosa. A gente fica se deliciando com a voz do autor.

Há silêncios nas peças musicais, mas disto não saberia dizer. Que o digam os entendidos de música. Há silêncio entre os versos e as estrofes. Há silêncios nos estrondos. Haverá o grandioso silêncio da eternidade.

Gosto mais de todos os barulhos, mesmo que contenham silêncios, aqueles silêncios que nos impedem de ouvir ao nosso redor, mesmo que possantes caixas de som estejam acionadas.

Vejo que o texto finda, mas que não fui muito sincera comigo e nem com o leitor, sinto que não sei a diferença exata entre a Verdade e a inverdade, o som e o silêncio.