Pan, a história da música

A autora narra a antiqüíssima história de Pan , do nascimento da música e da morte da religião pagã e seu significado filosófico. É um texto para encantamento e reflexão em homenagem a Léo Gandelman(um grande músico brasileiro)

A história de Pan corresponde a história dos seres diferentes, ímpares e de uma beleza incompreendida...

Pelos caminhos sombrios e fascinantes da floresta, muito distante dos esplêndidos raios de luz do deus Apolo, a ninfa Dríope deu à luz a uma criança que jamais vira igual antes.

Na cabeça , o infante tinha pequenos chifre e as pernas assemelhavam-se às de um bode.

Seu rosto era humano porém seu corpo era todo revestido por pêlos grossos e negros.

As ninfas que representavam o que hoje chamamos de fadas, eram pequeninas criaturas, aladas, delicadas, com corpo de mulher e muito belas. Viviam nos campos, bosques =, rios e montanhas. Possuíam poucos poderes, eis porque eram consideradas divindades inferiores às deusas.

Dríope, assim que o viu, apossou-se de pavor. E então, disse-lhe estarrecida: - “os deuses que me perdoem, mas uma criatura dessas nem mesmo uma mãe é capaz de amar.”

E logo que disse tais palavras, sumiu pela floresta, abandonando o filho à própria sorte ...

Alguns dias depois, o pai, Hermes(deus mensageiro e protetor dos viajantes e das estradas) com seu elmo e sandálias aladas que o ajudavam a voar como o vento, o encontrou.

Hermes então mal-disse: - “Que coração mais duro e frio daquela bela ninfa! Disse ele indignado.”

- “Como tal bela criatura pode ter um coração tão frio!”

E então Hermes disse a pobre criança:: - Daqui pra frente, você ficará sob minha guarda no Olimpo, junto dos deuses.

E foi recolhendo o seu filho, levando-o diretamente para o Olimpo para compartilhar da companhia dos deuses.

Mas que grande susto foi para todos quando olharam para aquele estranhos ser.

A princípio, o pequeno deus foi recebido com espanto e ironia. Mas, com passar do tempo, a estranha criatura se revelava um ser portador de um precioso dom: o de fazer rir.

O humor foi a primeira arte de Pan. Até Zeus , deus dos deuses, se regozijava pois Pã mantinha a todos no Olimpo muito bem-humorados.

E, por tal motivo por serem muitos os dons de Pan, resolveram chamá-lo assim, que em grego quer dizer tudo.

As vezes, Pan desaparecia do Olimpo e ia para as matas e montanhas divertir seus amigos. Pan gostava de assustar caçadores que ameaçavam a paz da floresta. Sempre muito alegre e festeiro adorava a companhia das ninfas.

Esperava a companhia das ninfas. Esperava encontrar entre elas, um grande amor... E brincava com elas ao dizer:

- Hoje vim para escolher minha futura esposa ! Podem disputar-me à vontade.

- Eu espero! dizia Pan bancando o bonitão... e as ninfas morrendo de rir se escondiam dele...

Porém, um destas ninfas, realmente não gostava de tais brincadeiras. Sempre que era possível fugia dele. E foi justamente por esta ninfa que deus Pan enlouqueceu de paixão...

- Case-se comigo, Siringe( uma belíssima ninfa que vivia nas montanhas da Arcádia, sempre cercada por admiradores), implorava Pan.

Serás a mulher mais feliz deste mundo! Implorava Pan de joelhos ... Exclamava em revoltada resposta, Siringe: - Só isto que me ofereces? Bela recompensa por casar-se com um monstro ! respondeu ríspida a Pan, fugindo mais uma vez dele.

Então, Pan se irritou com tamanha grosseria e disse-lhe que não lhe daria mais escolha, serás minha mulher e pronto! Falou ofendido, já saltando para agarra-la.

Siringe gritava que jamais seria dele e desatou a fugir em disparada carreira para dentro da floresta.

Mas Pan a perseguia incansável sem tréguas, mas Siringe era muito ágil e sumia subitamente.

Mas as árvores que tinham por Pan um grande carinho sempre lhe indicavam o caminho para achar Siringe.

Brandia Pan: - De nada adiantará esconder-se. Todos na floresta são meus amigos e me contarão aonde você está. Afinal, a floresta fora mesmo o seu primeiro berço...

Siringe desesperada correi, correi e, correi tanto até exaustão e, escondia-se inutilmente de Pan que sempre se aproximava mais e mais...

Até que acabou por parar as margens do rio Ladão, só então percebeu que estava sem saída. E quase sem fôlego, pediu socorro ao deus do rio Ladão: - Oh poderoso e grande rio, ajudai-me a fugir das mãos de Pan, ele está louco!

Ladão comovido pelo transtorno da ninfa, transformou-a em caniços finos no brejo, pois fora a única idéia que lhe ocorreu...

Pan não se conformou com o que viu. Aproximou-se de Ladão e observou tristonho o que restou de sua bela amada Siringe.

-Não pense que se livrará de mim é tão fácil! Gritou ele, arrancando violentamente os caniços e levando-os aos lábios, imaginando beijar Siringe. Foi quando soltou, então um longo suspiro e, para sua surpresa, daquela planta esmirrada ecoou uma harmoniosa melodia...

Ele acabara de descobrir e inventar a flauta agreste e os orifícios tinham sido feitos no momento de fúria e decepção por ter perdido seu grande amor.

Até mesmo depois de deixar a forma de ninfa, Siringe continuava bela e encantadora....

Então a música surgira inspirada no amor....

E então mais um dom se acrescia aos já existentes de Pan, agora também era um excelente músico.

E foi graças as suas belas músicas que Pan conquistou o coração da linda ninfa Eco.

Ele mal podia acreditar. Nunca uma mulher havia se apaixonado por ele! Ele estava maravilhado!

Nem sua aparência impediu tal romance.

Mas Eco enxergava a vivacidade e alegria de Pan como qualidades absolutamente encantadoras e sedutoras.

E ainda disse: - De que adiantaria ser belo mas chato e triste? Gosto de você, assim como é, dizia ela toda empolgada.

Passado algum tempo eles se casaram e tiveram um filho chamado Inx. Pan estava extasiado de tanta felicidade.

Uma bela esposa e um filho maravilhoso. O que mais Pan poderia querer? Dizia ele para Eco, que ficava toda orgulhosa.

Mas eis que apareceu aquela região o jovem Narciso, um mortal belo e gracioso que todas as ninfas ficavam perdidamente apaixonadas por ele, inclusive Eco.

E então, Eco começou a se ausentar de casa e deixou de cuidar do filho...

Eco esqueceu-se mesmo de tudo. Abandonou literalmente tudo...Só queria saber de Narciso e nada mais importava. E este pasmem, acabou morrendo apaixonado pelo próprio reflexo de sua imagem a beira do rio. Eco amava Narciso que só amava ele mesmo.

E para desespero de Pan, ela mesma confessou que descobrira o grande amor de sua vida.

Pan que até então vivera os momentos mais felizes de sua existência, caiu em grande amargura.

Esqueceu de seus divertidos passos de dança, das piadas, das histórias engraçadas e das músicas maravilhosas que tocava.

Até a música perdeu sentido...

Todos tentavam de algum jeito reanimá-lo

- Pan, os deuses o chama, no olimpo. Darão uma grande festa e é você o principal convidado de honra.

- -Não vá fazer uma desfeita destas! Dizia Hermes seu pai que estava muito preocupado com a profunda tristeza e depressão de Pan.

Mas Pan não foi a festa. Tornar-se cada vez mais silencioso e solitário. Perdera definitivamente a alegrai. Jogou fora sua flauta e sumiu pela floresta.

Pan era deus dos pastores e dos rebanhos, tinha a aparência ao mesmo tempo humana e animal dos sátiros e silenos(eram estranhas divindades campestres).

Pan era filho de Hermes e herdara dele a malícia e vivia escondido pelos canto dos bosques, ele se divertia assustando os homens e mulheres que passavam, deixando-os em pânico.

Seu nome grego Pan, originou a palavra pânico... Só por sua aparência dele provocava medo.

Pan assim como as demais divindades da natureza gostava muito dos jogos de amor.

Na época do nascimento de Cristo, sob o Império Romano, Plutarco conta que alguns navegantes, ao passarem ao lado de uma ilha, ouviram vozes misteriosas gritarem: “O grande Pan morreu “.

Imaginava-se que essa lenda signifique a morte da religião pagã, que da natureza, de sua violência e de seus deuses fizera deus.

Uma grande nuvem negra e triste cobriu toda Grécia pois Pan tinha ido embora para sempre.

Pan criou a música do amor e o mesmo emudeceu a música e a alegria para fazer nascer a reflexão.

Agradeço a Pan e a Léo Gandelman por suas histórias e por fazerem existir a música presente em nossas vidas(parabéns pelo belo show no Ballroom).

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/02/2007
Reeditado em 27/01/2010
Código do texto: T393015
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