NÃO À VIOLÊNCIA CONTRA AS CRIANÇAS

Por: Marli Soares Borges (c) 2012

Hoje é dia da criança. Parabéns crianças! Que seus anjos-de-guarda sejam inteligentes, lúcidos e espertos. Que estejam sempre acordados, antenados, de prontidão... protegendo-as das pessoas violentas e da violência em geral!

Num dos textos que escrevi sobre esse assunto, há tempos atrás, eu disse: "Sou a favor da educação, do respeito às crianças, da autoridade dos pais, da conversa, do diálogo. Sou a favor do respeito aos seres indefesos, em todas as instâncias. Sou a favor da paz. Sou a favor do amor. Sou contra, abomino qualquer tipo de violência, tanto física quanto psíquica."

E agora continuo.

Sei que é muito difícil combater a violência dentro da família, principalmente porque as pessoas escondem o problema. Têm medo de contar. Isto significa que a maioria dos casos não são nem mesmo informados, ou seja, as pessoas que cometem violência contra crianças não são responsabilizadas por seus atos. E o pior, muitas vezes, elas nem mesmo se dão conta de que cometeram um crime, pois elas próprias foram educadas assim.

É que a cultura brasileira, no âmbito familiar, ainda carrega aquele ranço cultural de que os filhos são propriedade da mãe e do pai e que, portanto, os pais estão liberados para fazer com os filhos o que bem entenderem. Ora, a partir dessa premissa, os pais se excedem sobre os filhos com total isenção, sempre sob o condão de educar. Qualquer deslize e lá vai o filho apanhar. Começa com um tapinha, passa pela cintada e chega ao espancamento. E ninguém fala nada, parece até um código secreto. Lembra o conhecido "faz de conta que te ensino e faz de conta que tu aprende"? É por aí. Lamentavelmente a vergonha e a culpa estão entre os sentimentos mais comuns das vítimas da violência doméstica. É um caos.

Por outro lado, sabemos, (até por intuição), que a pobreza e a falta de instrução podem aumentar o nível de violência doméstica. Claro, tem outros fatores individuais, familiares, sociais e comunitários que também podem compor esse rol. Mas uma coisa é certa, absolutamente certa: o abuso de poder sobre indefesos está sempre presente. Por isso, as crianças --como os animais-- são os maiores alvos.

Penso que mais do que nunca, é necessário que a nossa sociedade tome uma posição, incorpore em si a certeza de que as crianças brasileiras, antes de serem filhos, são cidadãos, sujeitos de direitos, amparados no ordenamento jurídico brasileiro, a partir da Lex Mater. Estou certa de que assim será bem mais fácil proteger as crianças e os adolescentes. Se houver suspeita de maus-tratos, por favor, não ignore. No interesse da vítima, investigue ou procure ajuda. Na maioria dos casos a criança está tão assustada que será incapaz, ela própria, de tomar qualquer atitude em seu próprio benefício.

Você sabia que segundo a Unicef, os agressores mais comuns são os pais biológicos?

Sim. 70% das agressões. E, quem mais agride os filhos é a mãe, até mesmo por que passa boa parte do tempo com eles, mas as lesões mais graves são causadas pelo pai (força física).

Principais fatores geradores de violência física doméstica:

- a crença dos pais na punição corporal dos filhos como método educativo;

- a visão de que os filhos não são sujeito de direitos, mas que são objetos da propriedade dos pais;

- a baixa resistência ao stress por parte do agressor: desconta nos filhos o cansaço e os problemas pessoais;

- o uso de drogas;

- o abuso de álcool;

- problemas psicológicos e psiquiátricos.

Bom, por enquanto era isso. -- Violência é crime. Denuncie!

Marli Soares Borges