VENDE-SE A MAÇONARIA!
Na internet já se vende de tudo; animais silvestres que vão para o exterior e que também chegam aqui; armas verdadeiras, drogas, remédios para impotência, certificado de conclusão de 2º grau, diplomas universitários, carros roubados; enfim, tudo que desperta a sensação de “lucro fácil” tem lugar de destaque nas páginas criminosas da grande rede; vide o grande mercador do Brasil, o site Mercado Livre. As autoridades, que sempre foram e permanecem sendo alertadas, nada fazem; e quando um ou outro delegado de polícia ou “parquet” se pronuncia, alegam que nossa legislação é falha e que bla, bla, bla, bla...
Dos itens que não caracterizam potencialmente um delito grave, destaco dois para iniciar minha retórica, mais uma vez, de alerta: os artigos com símbolos policiais; são de longe, os que mais aguçam o desejo de quem nunca foi policial para tê-los. Camisetas, broches, carteiras com brasões, adesivos e outros mimos que contenham insígnias do poder policial vendem como água em todos os sites. Parece que as pessoas precisam de certa afirmação latente para se autoafirmarem poderosas perante outras usando este tipo de simbologia.
Os outros produtos mais procurados são os artigos maçônicos. Lembro-os que muitos sequer fazem parte dos rituais da ordem ou são indicados para o uso pelos próprios participantes; mas as pessoas, ainda assim, os desejam como se fossem verdadeiros troféus. Se fossemos contar os maçons pelos pins de lapela, com certeza, o mundo teria pelo menos, metade de sua população ingressada na ordem. Qualquer banca de jornal, bazar de quinta ou site na internet vende pin de lapela, canetas, prendedores de gravata, gravatas, camisetas, adesivos, espadas, bonés ou qualquer outro souvenir que contenha o esquadro e o compasso.
Mas indo muito alem disso tudo, e que caracteriza ainda maior gravidade, agora estão sendo anunciados nas redes de relacionamento, como o Facebook, sites que dizem vender o ingresso de qualquer pessoa na ordem maçônica; e para quem tem o menor nível de discernimento lógico, sabe que é um engodo; um estelionato flagrante que induz curiosos irracionais a acreditarem que pagando por uma taxa, automaticamente eles estão introduzidos na Maçonaria.
Recebi agora a pouco um e-mail da www.lojamaconica.org.br, página que pertence ao Instituto Paramaçônico de Estudos e Pesquisas ou Editora Maçônica Brasileira Ltda, um convite para receber documentos importantes da ordem por R$ 34,00 mensais. Em outra data, recebi também, de outro site, um comunicado para ingressar na ordem e quando argui do pseudo Grão Mestre, onde eu ficaria sediado, uma vez que a loja dele é em São Paulo; acredite, ele me disse que eu seria de sua loja por um tempo (virtual) e dependendo de meu grau de estudo, em menos de um ano ele me autorizaria a fundar minha própria loja. Isso significa que em menos de um ano eu passaria de Aprendiz a supostamente Venerável Mestre; é incrível; e o pior é que muitos acreditam nesta fraude.
Ainda com o tema de ser Venerável Mestre em menos de um ano, o embusteiro, que tem site razoável, cobra R$ 2 mil pelos primeiros gastos para ser maçom; ele ainda consegue hotel barato e acompanhante para uma cidade do interior de São Paulo, onde fica sua “loja maçônica”, para o dia da iniciação. É tudo muito simples: você preenche um formulário, é aceito, paga (esta é a principal etapa para eles), marca a iniciação e ponto; você já pode dizer a todos que é maçom; e com um pouquinho de amizade com grão golpista, em pouco tempo você já pode fazer o mesmo; você fica apto para entrar para a quadrilha! É a maçonaria Express saindo da ritualística para frequentar as páginas virtuais; e em breve as páginas policiais...
Nos dois casos citados eles exploram principalmente a palavra “SEGREDO”. Agora a pouco em contato com um amigo e irmão de Belo Horizonte, Sérgio Martins; ele do G.O.B. e eu A.M.O.R.C., falávamos sobre isso e em alguns pontos rimos; em outros pontos ficamos preocupados em duas vertentes: a primeira é que tem muita gente lucrando com o nome da Maçonaria e noutro ponto é que muitos acéfalos que acreditam e pagam a estas pessoas para, simplesmente, saberem os segredos da ordem.
É fato que existem milhares de pessoas que possuem dentro de si os melhores predicados e as melhores intenções para estarem de fato pertencendo a qualquer pilar filosófico de qualquer ordem fraternal séria; mas que ainda não forem desvendados. Também pode ser que inocentemente alguns destes briosos homens de denodos inconcussos, busquem tais artifícios para ingressarem nesta ou naquela ordem; mas fato mesmo é que os valores buscados por estas ordens sérias, as que não garimpam pobres inocentes pela internet; estes sobressaem objetivamente com outra configuração; e quem busca ingressar na Maçonaria por um meio tão frágil e contestável, com certeza, em sua maioria, busca instruir-se do nada; e acabam esparzindo aquilo que falacioso.
Concernir a uma camada fraterna é muito mais valioso do que isso que alastram em páginas baldias; e somente os que possuem a causa do bem e a capacidade inconfundível da sanidade mental, obtém a visão e consegue ser distinguido. Com isso não se quer dizer que os demais não o sejam aptos a esta convivência harmoniosa entre irmãos fraternais de uma ordem filosófica, mas eles precisam doutrinar alguns pilares de galardão dentro de si; e isso, até que me provem; não se consegue fazê-lo por meio virtual, nem ocorre da noite para o dia.
Enquanto qualquer homem permanecer pensando somente em si próprio como fórmula de crescimento material e espiritual, jamais este homem poderá orgulhar-se de ser fraternal. Uma fraternidade como a Maçonaria e a AMORC objetivam, clara e conclusivamente, que todos os seus membros sejam pessoas de mentes libertárias; pessoas cujo padrão pessoal sempre os conduza pelos caminhos da igualdade; e que em grupo, busquem discutir os ideais de conjunto. Muitos destes homens desvirtuam, se afastam ou até mesmo são renegados a um propósito paralelo, pois ninguém consegue ser perfeito; mas é claro que isso é a grande minoria; e é esta minoria, desvirtuada de seu propósito inicial histórico que fomenta tal tipo de ilegalidade criminosa.
No passado eu publiquei uma série de documentos pessoais, chamada “Cartas para a Posteridade”. Nestes documentos eu tento colocar para as próximas gerações o verdadeiro sentido de coexistência em coletividade; coisas que muito falamos; e quase nada praticamos. Em minha primeira epístola, com humildade cito:
Julgar o caráter e sentenciá-lo de forma justa e íntegra é o mesmo que compreender a honra; uma reflexão que somente se manifesta nos homens livres e de bravura irrefragável.
Homens livres, justos e posseiros de honra são determinados; possuem vontade própria; lutam pelos ideais inconcussos. Homens de valor lideram, mas quando inspirados, jamais permitem que tal episódio o seja extenuado por vilanias habilitadas em déspotas.
Para qualquer peleja, mesmo os que não são físicos, faz-se necessário um projeto, um preparo. Uma escada nunca começa no último degrau; e para enfrentar os obstáculos, sem o devido apresto, pode haver fadiga, corrosão e precipitação de um final infeliz!
Todo caminho aponta para o adiante, mas retroagir não significa que tenha havido derrota, porque no final de um caminho também pode estar o princípio. Aprender a usá-lo e prepará-lo para a passagem da benignidade interior é o mais importante em qualquer marcha.
Alerta! É estando alerta aos sinais que aprendemos; é sendo persistente e nunca pensando na desistência de nossos objetivos, que poderemos celebrar com regozijo um triunfo!
Estes devem ser os ideais de homens de valor; os ideais de homens de sapiência conspícua. Homens cuja visão da morte não lhes são temerosa, pois quem tem valor incontestável e é livre, prefere a morte, a traição dos conhecimentos.
No dia que conseguirmos formar uma sociedade justa, soberana, livre, igualitária e fraterna, finalmente poderemos nos considerar intelectualmente capazes de termos promovido à mudança do mundo...!
É bem provável que meu texto não chegue ao alcance de todos os olhos; eu só espero que os olhos certos desfrutem de minhas palavras, para que surta o efeito conclusivo de que mais pessoas não caiam neste tipo de golpe; muito menos que a marca “Maçonaria”, nem qualquer outra ordem séria, seja negociada de forma tão espúria, tão covardemente negociada como uma mercadoria de 5ª; e que estes artífices do submundo recebam como recompensa o peso do martelo da justiça em seu mais alto brado.
A todos os curiosos, deixo meu conselho: “Não há probabilidade de se alcançar as revelações sem a cobiça conspícua de haver o conhecimento”.
Carlos Henrique Mascarenhas Pires