Minha casa, minha dívida

Minha casa, minha dívida

Há alguns anos atrás, em uma de suas melodias, o cantor Cazuza dizia: “Brasil, mostra tua cara”. Pois é, Cazuza, nosso país de fato está mostrando sua cara. E ela não é nada boa.

O programa do Governo Federal MINHA CASA, MINHA VIDA foi criado do dia 25 de maio de 2009, com o objetivo de criar 2 milhões de moradias até o final do ano de 2014. Um projeto ambicioso que traz consigo uma tragédia financeira anunciada.

Em minha cidade, Medicilândia, localizada na BR 230 – Rodovia Transamazônica, o programa está concluindo a construção de 120 casas, situadas na parte mais alta da cidade, no final do bairro de Vila Nova. De lá, a vista da cidade é privilegiada. Uma boa ideia, porém mal planejada.

As moradias estão sendo feitas amontoadas umas nas outras. Não é necessário ser adivinho ou vidente para prever que ocorrerá muita confusão entre os futuros moradores.

Outro agravante neste projeto são os critérios de distribuição das casas, que serão sorteadas entre as pessoas que são cadastradas no Programa Bolsa Família. No entanto, neste município existem alguns que já se declaram donos de algumas das casas. O pior é que estes já possuem casa própria, comércio, carro e uma conta bancária considerável.

Eu me pergunto: Onde está a verdade sobre esse programa? Será que a influência de alguns, conta mais do que a necessidade de muitos? O sonho da casa própria está virando um pesadelo, e aqui no lugar onde vivo, não é diferente.

Ao adquirir uma das casas, o morador terá de pagar R$ 50,00 mensais para a Caixa Econômica Federal, durante 35 anos. Em outras palavras, quem leva uma casa, ganha junto uma dívida para filhos e netos.

É lamentável que nosso país esteja investindo milhões na Copa do mundo de 2014 e deixando o problema habitacional em segundo plano. Enquanto os brasileiros pintam suas casas de verde e amarelo, nossos governantes “pintam o sete”.

Felizmente estamos em ano eleitoral, e assim que as eleições passarem, a verdade certamente virá à tona.

Está aí, Cazuza, a cara do Brasil, completamente cheia de desigualdades, porém “o tempo não para” e creio que ainda podemos “virar o jogo”. Esse é meu sonho. Quero ver Medicilândia dar o primeiro passo para a mudança. Isso sim, “faz parte do meu show”.

Texto que concorreu às Olimpíadas de Língua Portuguesa, produzido pela aluna Margarida Novais, sob minha orientação - 3º ano E. Médio

Gina Caltran e Margarida Rangel de Novais
Enviado por Gina Caltran em 23/09/2012
Reeditado em 23/09/2012
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