Ensaio: Acasos Destinados a Coincidirem
UM ENSAIO SOBRE CIÊNCIA, RELIGIÃO, DESTINO, ACASO E COINCIDÊNCIAS. PRÉVIA DO LIVRO "QUEM ESTOU? ONDE SOU? QUANDO ÉS TU?"
Há quem diga que a vida precede o nascimento, que nos é dado por conhecer a história que há de se desenvolver em nossa jornada, os fatos mais importantes entre o nascimento e a hora da morte.
Há quem acredite, e quem não acredite, em destino. Há quem o veja como um mero absurdo – como pode ser a vida um livro já escrito? Como pode alguém nascer predestinado a lutar para se manter vivo e outros nascerem “com a vida ganha”? Qual é o critério? Outros dizem que destino não é assim uma fatalidade, mas um direcionamento intrínseco ao fardo de viver, de ser humano, e que cada um escolhe a própria direção a seguir. Ter um destino é como escrever pelo título um livro em que narramos a própria vida como personagem consciente e atuante. Uma espécie de margem para não fugir do tema, por assim dizer.
Há também os que acreditam, e os que não, em acaso. Este, por definição, é simplesmente um evento imprevisto. É simples aceitar que um fato imprevisto ocorra na vida, já que esta sempre surpreende. E, assim sendo, podem ocasionalmente ocorrer que estes mudem a trajetória ou planos previamente calculados.
As coincidências, que também tem seus crentes, descrentes e indiferentes, se definem por dois ou mais eventos coexistentes que incidem concomitantemente, gerando um efeito ou conseqüência que seria diferente ou inexistente se não fossem simultâneos. Estes eventos coincidentes podem ou não ser acasos, mas isso, na verdade, depende da crença de cada um e crença engloba o inverso, a descrença, e a indiferença, por diversos motivos.
As religiões são impreterivelmente construídas à base da cultura pois esta é a chama que alimentou e alimenta a dúvida sobre a natureza do ser humano. Talvez por isso as pessoas creiam em coisas diversas. Ás vezes, crer em uma coisa impõe descrer de outras. A diversidade de culturas culmina em diversas verdades – embora a VERDADE seja apenas uma – mas a aclamada globalização nunca teve interesse em elucidar assuntos que não sejam econômicos. Contudo, esforços têm sido feitos desde sempre. De alguma forma, toda religião têm a mesma finalidade: A conexão do ser humano com a sua natureza oculta.
A ciência é o desenvolvimento do ser humano na busca de resolução de problemas – criados ou não por ele mesmo – pelas próprias mãos. O ser humano é uma criatura que não se criou mas se recria e desenvolve a cada era. Sempre superando os seus limites, o ser humano cria o conforto que lhe falta quando pensa em suas perguntas sem repostas e desenvolve racionalidade. Comum a nossa natureza, o ego nos sufoca. Não gritamos por orgulho próprio, pois somos cientistas dotados de razão. Mesmo quando a racionalidade não nos é suficiente para responder perguntas simples. A ciência é algo em expansão que travou nos limites do tempo e da razão.
A filosofia é uma ciência religiosa. É uma religião científica. É o meio termo, a junção do útil ao agradável no sentido mais literal possível. A filosofia é a religião menos pagã e a ciência mais teocêntrica, pois busca unificar o ser humano com o melhor de si, o melhor para sí, mesmo sem conhecer o que seja, mesmo sem compreender o que seja.
Fatidicamente, pensar sobre destino, acasos e coincidências ao longo da vida, buscar respostas na religião e ciência faz parte da natureza filosofica do ser humano. A dúvida é fruto da indagação do homem quanto a sua essência e existência. Podemos dizer que a religião é uma filosofia e que a filosofia é uma religião de limites constantemente expansíveis . Em outra premissa, podemos dizer que a filosofia é uma ciência e que a ciência é uma filosofia intrínseca e inerente à natureza falível do homem.
Logo, quase como que complementares, ciência e religião são faces opostas de uma mesma moeda que, quando bem administrada, quando em respeito mútuo aos seus meios, fins e linguagens, têm valor dobrado na aquisição da sabedoria em prol da humanidade.
OLIVEIR ALLARCEHC