NÃO SOU MACHISTA: Um Esclarecimento

Ontem foi um dia atípico. Participei de uma formação do Instituto em que trabalho, onde o foco era a garantia dos Direitos Humanos. No período da tarde, a proposta era debater sobre a questão da Homofobia. Inicialmente, a mediadora fez um levantamento de adjetivos usados para homens e mulheres e começou a partir daí uma discussão sobre gêneros e o porque do Masculino se sobrepor ao Feminino. Qual a razão pra que isso ocorra na sociedade?

Pedi a palavra para falar e disse que a origem dessa dominação se deu a vários e vários anos atrás, quando na formação político e social dos seres humanos (Neolítico e Idade dos Metais) a força bruta imperava. Por ser o homem, biologicamente, mais forte que a mulher (fato inegável e que chega a ser ridículo a tentativa de refutá-lo) surge então essa construção cultural Patriarcal, ou melhor dizendo, Machista. Pra que eu fui falar isso?

Fui censurado e veladamente taxado de machista. Um dos participantes disse que era perigosa essa minha análise. Qual o perigo? Não estava de maneira nenhuma justificando a desigualdade de direitos embasada na diferença de gêneros; Pelo contrário: Minha tentativa era com isso tornar claro o quanto obsoleta é essa conjuntura do “Poder do Macho”, uma vez que nossa sociedade não tem mais a necessidade de resolver suas questões mediante a força. Já não somos mais “selvagens”.

Só que começaram a apresentar uma série de argumentos na tentativa de refutar minhas palavras que na verdade só corroboravam o que eu tinha dito. Primeiro; Uma integrante questionou o motivo das mulheres não participarem das atividades mais “pesadas”: Será que a mulher não fazia a mesma coisa porque não tinha espaço? Aí eu me perguntei: E porque ela não tinha espaço? Porque o homem a dominou e negou esse direito. Não digo que a mulher seja capaz de fazer, ela faz quase tudo que um homem faz, porém com menos intensidade de força. Vou dar um exemplo prático: Ambos os sexos jogam vôlei. Mas a medida da rede não é a mesma para as modalidades feminino e masculino. O fato dela não ter espaço se deu ao fato de que o “mais forte”- fisiologicamente falando- não a permitiu.

Outro participante disse que minha construção histórica era tendenciosa por ter sido contada pelos homens. Mais uma vez, estava confirmando minha tese: A História, via de regra, é sempre contada pelo dominante. É evidente que essa sobreposição masculina acontece na formação da sociedade, quando a Violência imperava na garantia da Sobrevivência. Isso explica porque grande parte dos povos e culturas, muitos deles sem nunca terem se relacionado entre si, adotaram o modelo Patriarcal para compor a esfera social. Lógico que há exceções e o matriarcalismo simultaneamente existiu. Só que não podemos fazer essa análise partindo da exceção.

O Estado é uma ampliação da família. Sendo assim, o núcleo familiar é a célula mátria da sociedade. Não são poucos os autores que escreveram sobre isso e que adotaram a Teoria da Força como originária no poder estatal. Entre eles temos: Thomas Hobbes, Jean Bodin, Lester Ward, Cornejo e muitos outros. Entender a origem da dominação masculina é entender que ela deve ruir imediatamente. É saber que a desigualdade de gêneros é prejudicial a todos e assim entrar na luta para que se iguale os direitos dos homens e das mulheres.

Os direitos básicos são uma conquista dos seres humanos e não de determinado segmento sexual. Não somos mais os hominídeos que guerreavam pelo fogo. Basta! Não sou machista, não sou feminista, nem LGBT. Sou a favor da humanidade vivendo em pé de igualdade política, jurídica, trabalhista e financeira. E espero ter sido claro, pois é muito ruim não ser compreendido e o pior, ser rotulado de algo que você não é. Nunca mais quero me sentir o “Coronel Jesuíno” da novela Gabriela. Só que agora vocês me dão licença que eu vou cagar.

T S Oliveira
Enviado por T S Oliveira em 06/09/2012
Código do texto: T3868762
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