Celebrando o Caos
A Indústria de Automóveis no Brasil alcançou uma marca histórica em Agosto. Como diria um ex-presidente nosso: “Nunca na história desse país, se vendeu tanto carro!” Foram mais de 400 mil unidades vendidas no mês passado. A expectativa da FenaBrave, que é a Federação Brasileira dos vendedores de veículo, estima que daqui pro final do ano a marca será superior a 3,7 milhões de carros vendidos. Os motivos que impulsionaram as vendas foram a facilidade ao crédito, a grande maioria dos automóveis são financiados, e o temor do fim do desconto do IPI.
Você leitor pode estar se perguntando: “Só agora você noticia isso?”. Pois é, sei que estou atrasado, mas peço a compreensão de todos, não é nada fácil sair de um congestionamento quilométrico. Francamente, não sei porque celebrar tal “conquista” se os malefícios são bem maiores. Os centros urbanos são caóticos. Há muito carro para pouca estrada. Sem falar na falta de vagas para estacionar. Os problemas são tantos que enumerá-los torna-se enfadonho. Tentarei não ser chato na minha abordagem.
A situação do trânsito é dramática para todos os cidadãos, e vai muito mais além do que um simples transtorno para motoristas, pedestres e passageiros dos coletivos. Os engarrafamentos são responsáveis por um imenso prejuízo que compromete o desenvolvimento econômico e social de nosso país. Custa muito caro aos cofres públicos as perdas financeiras com os acidentes nas estradas, a poluição, o maior consumo de combustível durante o tráfego parado, sem contar com os atrasos de serviços emergênciais tais como ambulâncias e carros de bombeiro. O custo com tudo isso chega na casa dos Bilhões!
Só que ao invés de incentivar e elaborar alternativas para consertar esse “inferno”, o Governo Federal estimula a compra de mais e mais automóveis e não injeta dinheiro para um transporte público de qualidade. As pessoas, por sua vez, acham que se deslocar num carro particular gera mais conforto do que andar nos ônibus e metrôs. Daí vemos rodovias entupidas com veículos carregando um indivíduo, quando a capacidade de carga é de 4 ou 5. Se todos pensarem assim, como é que fica? Acaba-se com o direito de “Ir e Vir”? Pior é saber que a imensa maioria acredita que estamos caminhando para o progresso. Só se for por uma estrada engarrafada: “Fom! Fom!”