Lenda do Saci-pererê

Cenário E Origem Da Lenda

Saci-Pererê é mito surgido entre povos indígenas da região Sul do Brasil, mais especificamente na região noroeste do Rio Grande do Sul. O nome é de origem Tupi Guarani. Mito que, também, faz parte do folclore português.

Como os cronistas do Brasil colonial não mencionam o mito, conclui-se que, provavelmente, surgiu nos fins do século XVIII, ou na primeira década do século XIX. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclo-velhos assustavam as crianças com os relatos das travessuras do Saci.

Bastante difundido do norte ao sul do Brasil é conhecido por diversos nomes, entre os quais: saci-cererê; sacitaperê; matitaperê; matintaperera; e martim-pererê.

A crença neste mito ainda é muito forte no interior do Brasil. Em volta das fogueiras, os mais velhos narram suas experiências com o Saci. E, assim, o Saci vai cada vez mais, se fortalecendo na cultura popular brasileira.

Quem primeiro retratou o Saci, de forma brilhante na literatura infantil, foi o escritor Monteiro Lobato, nas histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo. A lenda se espalhou por todo o Brasil, quando essas histórias ganharam as telas da televisão, transformando-se em seriado, no começo da década de 1950.

Então, o Saci chegou aos grandes centros urbanos, com essas séries de TV e com as histórias de quadrinhos, principalmente as de Maurício de Souza.

Características Do Mito

Quando surgiu era representado por um menino indígena, com duas pernas, de cor morena e com um rabo. Alguns autores divergem afirmando que sua forma primeira foi a de ave. Citam como exemplo a ave dos Tupinambás, denominada Matintaperera, transformou-se num caboclinho preto de uma perna só, chamado Saci-Pererê

Entretanto, o certo é que a difusão da lenda pelo Brasil e mais as influências europeias e africanas transformaram-no no muito jovem de uma perna só, sempre trazendo na cabeça um gorro vermelho, e na boca o pito, espécie de cachimbo.

O gorro vermelho, que lhe dá poderes mágicos, é alusão ao píleo - barrete de feltro vermelho usado pelos antigos romanos em solenidades. Somente uma perna, pois a outra perdera lutando capoeira. A mudança da cor morena indígena para a negra e o pito decorreram de transformações sofridas pela influência da cultura africana.

Algumas regiões ainda acrescentam que têm as mãos furadas no centro.

Devido a essa característica diversa do mito, existe tentativa de classificá-lo em quatro tipos: Matitaperê, em forma de ave; Saci-Trique, o moreno; e o Saci-Saçurá, que tem olhos vermelhos.

Sua índole pode ser expressa como: esperto; moleque; brincalhão; irrequieto; travesso; e divertido.

A Lenda

O Saci, não é uma única criatura, são diversas, à semelhança dos gnomos, espíritos da natureza. Nascem em brotos de bambus, onde vivem sete anos. Após esses sete, vivem mais setenta e sete, para atentar e divertirem-se com os humanos e animais. Ao morrerem viram ou cogumelo venenoso, ou orelha de pau.

Sua presença é anunciada por assobio persistente e misterioso, impossível de ser localizado. Contam que grupos de sacis costumam se reunir à noite, para planejar o que irão fazer.

O Saci adora fazer pequenas travessuras. Sua diversão é criar dificuldades nas matas e nas casas. A ele se atribuía a responsabilidade por tudo o que se encontra revirado, da noite para o dia, nas fazendas do interior.

Passa todo tempo aprontando travessuras: faz os viajantes errarem de caminho; assusta pessoas e animais; emite ruídos, esconde objetos, inclusive brinquedos; derrama sal nas cozinhas; solta animais dos currais; faz tranças nas crinas dos cavalos; azeda o leite; faz o feijão queimar; faz gorar os ovos colocados para chocar; impede o milho da pipoca rebentar; etc.

Apesar das brincadeiras causarem transtornos, não tem o objetivo de prejudicar alguém ou de fazer o mal. O intuito do Saci é divertir-se com as travessuras.

Mas, o Saci não é voltado apenas para brincadeiras. É conhecedor das ervas da floresta, seus chás e seus medicamentos. Guarda e controla os segredos sobre esses conhecimentos.

Quem entra nas florestas em busca destas ervas, deve, de acordo com a lenda, pedir sua autorização. Caso contrário, estará sujeito a desorientar-se e não saber voltar, bem como ter outros transtornos com as travessuras e magias do Saci.

Segundo a lenda, o Saci, diferente de outros entes mágicos, não atravessa córregos e riachos e é encontrado em todo redemoinho de vento. Se alguém for perseguido pelo Saci, para livrar-se, deve jogar cordas com nós, pois deslocará toda sua atenção, para desatar os mesmos.

A crença popular afirma que para capturá-lo, é necessário localizá-lo no redemoinho e jogar sobre ele um rosário de mato bento, ou uma peneira. Depois do gorro vermelho ser retirado deve-se prendê-lo dentro de uma garrafa.

Assim feito, o realizador de tal façanha terá com a posse do gorro vermelho a recompensa de realizar-se e contará com a total obediência do Saci.

Homenagens Ao Mito

Devido ser o Saci-Pererê um dos mitos mais difundidos do folclore brasileiro, foi criado em âmbito nacional, em 2005, o dia 31 de outubro, como Dia do Saci.

Outra homenagem expressiva, devido à origem da lenda e sua forte difusão, foi a de tornarem o Saci-Pererê na mascote do time de futebol Sport Club Internacional de Porto Alegre.

“Saci-pererê” e registro em rimas de uma das lendas do sul mais difundida em todas as regiões do Brasil.

Saci-pererê

Nas terras do sul, no passado,

do narrar do caboclo-velho,

para o livro e, até, para a TV,

continua vivo o Saci-Pererê.

Menino negro, de gorro rubro,

que traz na boca sempre o pito,

que se anuncia num longo assovio,

de uma perna só, mas muito esperto.

Criar dificuldades é sua diversão:

faz viajante errar o caminho;

azeda o leite e queima o feijão;

e faz, até, tranças em crina de baio.

Nem só de travessuras é sua vida,

segredos sobre ervas da floresta

estão sob sua total guarida.

Do Saci, o verde, também, é a festa.

Quando fores atrás de ervas para cura,

não esqueças de, ao Saci, pedir permissão,

senão estarás sujeito a alguma travessura

e, ainda, dele não terás a indicação.

Será em vão teu esforço e tua procura,

além do que te fará perder a direção.

FONTES:

Nova Enciclopédia Barsa; e os

SITES:

arteducacao.pro.br;

brasilescola.com;

fabulasecontos.com.br; e

suapesquisa.com.

J Coelho
Enviado por J Coelho em 28/08/2012
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