Andaimes Jahu

Jaú, com ou sem a letra "h" - além de ser o nome de um peixe e de uma cidade no Estado de São Paulo, na engenharia da construção civil também é nome de um tipo de andaime.

Jaú 1 (ja.ú) Bras. Zool.

sm.

1 Grande bagre da fam. dos pimelodídeos (Paulicea luetkeni), com até 2 m de comprimento, encontrado nas bacias dos rios Amazonas e Paraná;

[F.: Do tupi ya'u]

Jahu está até em alguns dicionários como sinônimo de andaime

jaú 2 (ja.ú) Bras. Cons.

sm.

2 Andaime preso por cordas no alto de um edifício, dotado de uma roldana que permite que ele se mova verticalmente; é us. para serviços de pintura e reparos externos.

Mas por que os andaimes suspensos levam o nome de Jaú.

Com o fim da 1ª Guerra Mundial, houve a desmobilização dos exércitos e, consequentemente, das Forças Aéreas. Os pilotos militares deixaram de voar e eram procurados e contratados a peso de ouro pelas emergentes indústrias aeronáuticas para realizarem voos pioneiros e arriscados numa competição pelo novo mercado que despontava: a aviação comercial.

Para provar a qualidade das aeronaves, aviões de vários tipos e indústrias cruzavam o céu da Europa e África, mas as aeronaves da época não possuíam autonomia para grandes distâncias, pois o raio de ação era reduzido. Nos anos 20 do século XX - houve a maior competição de homens e máquinas já registrada pela História, transformando o Oceano Atlântico num verdadeiro túmulo de pilotos.

O jauense, João Ribeiro de Barros compra um hidroavião na Itália e batiza-o com o nome de sua cidade natal, "Jahu". Na manhã de 28 de abril de 1927 às 5h30, o "Jahu" levanta voo no Porto Praia no Cabo Verde e depois de doze horas de voo, o "Jahu " aporta em Fernando de Noronha, tendo como comandante e piloto, o jauense João Ribeiro de Barros, o primeiro homem a cruzar o Oceano Atlântico em voo sem escala.

O Valor histórico principal da travessia do Atlântico Sul consiste no fato de que o avião, para firmar-se como veículo autossuficiente, precisava desligar-se definitivamente do amparo que lhe era constantemente prestado pelos navios, os quais o acompanhavam e o socorriam nos momentos críticos durante os voos sobre o oceano. Considerava o jauense que, enquanto o avião dependesse dos navios, o engenho não apresentava sentido prático, constituindo-se assim, num autêntico parasita da navegação marinha.

Naquela época, em que o meio de comunicação e informação era transmitido com a velocidade de um telégrafo, o feito do jauense foi um episódio empolgante e de repercussão internacional. O nome de seu hidroavião "Jahu" estava por todos os cantos do Brasil.

Segundo Celso Kuntz Navarro, que foi diretor da empresa, na década de 80, relata que, nessa época, iniciou-se no Brasil, no Rio de Janeiro, no bairro de São Cristóvão, uma subsidiária de uma empresa americana, a Patent Scafolding (scafolding quer dizer andaime, em inglês). A empresa era gerida por Achibald Hastie Dick, um americano.

Como estava em evidência o Hidroavião Jahu, o Sr. Dick (como era chamado), achou de apelidar andaime de Jahu. E, na mesma época, a Patent Scafolding resolve vender a empresa para seu gestor local, o Sr. Dick, num tipo de operação comum hoje em dia (management buyout).

Então, qual seria o nome da nova empresa?

Andaimes Jahu.

Ornamentando a recepção da empresa que continua em São Cristóvão, mas que hoje em dia, pertence ao Grupo Mills, há um imenso pôster do Monumento ao João Ribeiro de Barros, em praça na cidade de Jaú (foto tirada por Celso K. Navarro), com o hidroavião Jahu em destaque.

Parece inacreditável que um aparelho como o hidroavião Jahu, de 4 toneladas, com aerodinâmica parecendo um muro indo de encontro ao vento, conseguisse atravessar o Oceano Atlântico com o auxílio apenas do velocímetro, a bússola e um sextante.

Quarenta e dois anos depois da travessia do Atlântico sem escalas pelo Jahu, o avanço tecnológico leva o astronauta americano Neil Armstrong a entrar para a história como o primeiro homem a pisar na Lua e avistar a Terra de lá, a bordo da nave Apolo XI.

Curioso também é que, na década de 80, era comum ver nos canteiros de obras espalhados pela cidade de São Paulo, várias placas de uma Empreiteira-Construtora chamada JAÚ, e, creio que não tinha nada a ver com a cidade, com o peixe, e nem com o feito das Asas do Jahu e sim, por ser uma Empreiteira-Construtora, o nome jaú deve ser por causa dos Andaimes.

Vídeos: Fundação Biblioteca Nacional - Museu da Imagem e do Som de Pernambuco –

Acesse:

http://bndigital.bn.br/redememoria/jahu.htm

http://bndigital.bn.br/projetos/redememoria/jahu.htm