Estamos, apenas, passando por aqui
Estamos, apenas, passando por aqui
Por: Neodo Ambrosio de Castro
Estamos cursando uma rota instituída pela lei natural. Tudo por que passaremos, iremos fazer, ou teremos que suportar, já foi definido antes mesmo que puséssemos os pés na terra.
Nossa rota está traçada.
Contudo, nos é permitido mudar essa lei, mas quando o fazemos, quando nos desviamos de nossa rota, as consequências são imprevisíveis.
Quando abraçamos uma causa ou assumimos o compromisso de adotá-la é porque ela estava, predestinadamente, em nosso caminho. A razão nos aconselha a permanecermos firmes e convictos na rota que nos foi traçada.
Se, por ventura, com o propósito de auferir vantagens, a abandonarmos para percorrer outra, não importando o motivo, a vantagem que momentaneamente nos parece acrescentar benefícios ou suavizar a caminhada, nos causará prejuízos futuros além da interrupção da nossa jornada e é inevitável a necessidade de compensar essa interrupção.
Ao tomarmos um atalho que nos parece mais atraente do que a nossa estrada principal (aquela que nos foi predestinada), estamos assumindo riscos de ter que retornar à primeira, acrescentando sofrimentos muito além daquele que imaginávamos evitar ao preferirmos esse atalho. Ou seja, o tempo e o esforço que gastaremos em idas e vindas por atalhos infindáveis, pode nos conduzir à uma rota mais longa e sofrida, além de, inevitavelmente, termos que retornar ao ponto de partida.
O único resultado possível será o recomeço e esse sempre será mais penoso, pois a distância já percorrida terá sido em vão. A nossa rota permanecerá sempre à nossa frente, podemos parar para descansar, ou simplesmente desistir de cumpri-la. Mas teremos que assumir as consequências.
Se aqui estamos, certamente não viemos para uma temporada de lazer, nossa vida tem um propósito.
Todas as coisas que desejamos, que adquirimos ou conquistamos não é um prêmio. Para cada uma delas existe um preço, uma condição ou uma troca.
Podemos trocar coisas com a finalidade de obter vantagem ou mais satisfação, mas a vida está nos ensinando, há milênios, que na grande maioria das vezes fazemos julgamentos equivocados e visualizamos vantagens onde, verdadeiramente, não existem.
Concluiremos, certamente, embora tardiamente, que “nem tudo que reluz é ouro”, por isso trocamos coisas que poderíamos ter conservado com a segurança de já havê-las conquistado, por uma outra que, momentaneamente, nos parece mais atraente e compensadora.
O trabalho de conservar o que já temos pode parecer desvantajoso, mas ao preferir algo cuja aparência nos oferece vantagens, imediatas, nos custará muito mais. Pois além de perdermos o que já temos consolidado, perderemos, também aquilo que nos parecia melhor, porque não é definitivo, certamente o trabalho de conquistá-lo não nos eximirá da mesma tarefa de conservá-lo.
Iremos descobrir, no final, que ficamos sem ambos e teremos que recomeçar. Isso significa retornar ao ponto de partida. Sem considerarmos o fator tempo. Algumas vezes não teremos mais tempo para refazermos o trajeto.
Se raciocinarmos com prudência, concluiremos que quando cuidamos bem daquilo que é nosso, por dádiva da natureza, seguramente o teremos para sempre ou por mais tempo que os adquiridos por impulsos que só visam a obtenção de vantagens ilusórias e temporárias.