SPUNK

Espero que amigos europeus e outros que conhecem english slang, me perdoem pelo título.

Duas adolescentes me inspiraram a escrever PUNK. Uma delas, minha sobrinha de quinze anos e um ano e meio de baixista numa garage band. Minha geração tende azucrinar a geração abaixo dos vinte anos. Fujo desse estereotipo.

Concordo que há pouca cultura geral entre eles, no entanto os acho mais cientes de seu papel na sociedade - mesmo que em tribos – e mais esclarecidos que eu próprio quando tinha a mesma idade. E, definitivamente, rogo que nunca tenha que participar de qualquer arbitragem, a favor ou contra.

Otavio Marin foi excelente em seu comentário ao texto PUNK. Suas criticas corretivas merecem todo crédito porque ele entendeu aquilo que escrevi ao pé da letra. Assim, se escrevo que dois e dois são cinco, é inegável que à primeira vista meu raciocínio está deturpado.

É notório que a música induz o ser vivo ter seu estado mental natural alterado durante a execução. Nosso cérebro responde à harmonia dos sons reflexivamente. A questão de estilo já é coisa própria.

Alguns privilegiados são capazes de produzir sons em objetos. Outros, jamais.

Pergunto a estes últimos quantas vezes tentaram tocar algum instrumento e fracassaram?

Por outro lado, qualquer ser humano, mesmo com um mínimo de coordenação motora é capaz de “bater o ritmo” com alguma parte do próprio corpo.

Portanto, nosso cérebro coordena o ritmo, a batida. Donde se conclui que a coordenação de sons é inerente a nossa estrutura neurológica.

Em minha, muito privada opinião, acho que o chamado de movimento MUSICAL punk expressa claramente esta nossa aptidão de “bater o ritmo”. E só e unicamente isto.

Não conheço de tudo sobre o conteúdo da cornucópia musical que todas as sociedades coordenaram. Confesso que sou estudioso das manifestações musicais, principalmente da civilização ocidental.

Não existe diferença teórica entre Wagner e Tom Jobin. Quem entende de solfejo musical deve me dar crédito. A diferença está no que nossos neurônios coordenaram como harmonia para alterar nosso estado mental natural. Isto não tem nada a ver com educação musical. A história está repleta de analfabetos que foram virtuoses na dita musica clássica.

Não quero polemizar, mas confirmo que a música punk não influenciou o cenário musical ocidental, simplesmente porque ela é simplesmente um dos “dois” da equação dois mais dois, quatro. E volto a afirmar que o movimento punk criou uma cultura. Isto sim.

Não me tomem por pedante no que escrevo a seguir. Os doidivanas como eu devem ter conhecimento de um clube no n° 9 da Mathew Street, em Liverpool. Durante alguns anos se acreditou que ali era o ex-Cavern Club. Na verdade o Cavern club se situava em frente no n° 10. O número 9, que eu freqüentava nesses idos dos anos setenta, se chamava Eric´s. Os primeiros punks devem se lembrar muito bem de lá.

Acredita-se que na metade dos anos setenta a cultura punk expandiu-se na Inglaterra e depois para o mundo. Ledo engano. A coisa começou em Detroit, USA, tomou status de cultura em New York e os ingleses a tornaram moda de butique.

Raferty
Enviado por Raferty em 16/02/2007
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