CARNAVAL NA MINHA TERRA
Salvador, Bahia, Brasil, terra do axé, da alegria, durante todo o ano e mais ainda em tempo de carnaval, da maior festa do mundo, maior ainda nessa cidade, cheia de magia, de misturas, de hospitalidade, de histórias e estórias.
Povo baiano alegre, hospitaleiro, festeiro, musical e meio “chegado” a uma rede... Enganos, alguns... Somos sim uma gente especial, só nós podíamos fazer uma festa dessas, dessa grandiosidade, dessa amplitude, de receber a todo o mundo – literalmente – como se estivéssemos na nossa sala de jantar, ou seja, em casa, “puxa uma cadeira, sente-se, fique á vontade, o que quer comer, beber, conhecer, passear...”. Sim, somos assim, de casa – “fique á vontade”. Somos capazes até de sair da nossa própria casa, do nosso conforto e receber até que nem é muito conhecido, simplesmente pelo prazer de mostrar essa festa, de propiciar dias de alegria intensa, de ver a nossa cidade repleta, longe, muito longe da vida real, dos problemas, compromissos, horários, prazos, nada, só prazer e prazer, para todos os gostos, sim aqui é a terra da ALEGRIA!
Mas, não somos só isso, trabalhamos tanto, rede, que horas podemos? Tantas famílias, já na rua, prontas para a “festa”, a festa da venda de cerveja, lanches, e de vez em quando uma olhadinha no trio que passa...Sim há tempo de uma olhadinha, de uma “sambadinha”, não somos de ferro, ralamos, mas sorrimos sempre, não para turista ver, mas por que assim é que somos, dever ser essa tal magia e axé que falam tanto.
Festa grande, grandes artistas, celebridades, tudo grandioso, uma estrutura para “inglês ver”, quantas mãos para fazer surgir em poucos dias uma nova cidade, cenográfica, segura, para mostrar um espetáculo, até pela televisão, computador, absolutamente tudo globalizado... Tantas mãos, suores, de quem talvez nem veja a festa... cara demais...pouco espaço para o povão, para nós da terra – paradoxal, mas infelizmente real. E dinheiro então? Mas, vamos assim mesmo para a rua, sim, seja para vender cerveja, “faturar algum” e sentir a alegria de ver “Ninha, Brow, Bel, Daniela, Margareth, Timbalada, e tantos outros artistas, nossos conterrâneos (alguns por adoção), lá em cima no trio, brilhando, mostrando o que é “o(a) baiano(a) tem”... Isso é bom demais, ninguém tira o orgulho, a alegria, a sensação de que valeu o esforço, o suor, as mãos calejadas erguendo “ o carnaval”.
Assim é um lado da festa, dos que amam o carnaval, dos que se dedicam, dos que se esforçam, dos que faturam, dos que brilham, dos que se contentam com uma cervejinha e uma olhadinha no ídolo, que vai longe no trio, mas que de repente, parece te ver, acena e tudo. Que alegria, valeu, vale à pena.... ainda. Vida real, agora só na quinta, afinal quarta feira não pode haver cinzas, precisamos nos “arrastar” pelas ruas, celebrando o fim, afinal festa é festa, acaba em festa, claro!
E os “ilhados”... há tem histórias de baianos com todas as características típicos do nosso povo, mas que de repente, por motivos diversos, se mantêm á margem da festa, mas sempre dentro da festa, sim, por que se não conseguimos sair da cidade, já sabemos, “nosso cantinho” não mais nos pertence, é do mundo, afinal abrimos literalmente a nossa casa, o jeito é recorrer a nossa criatividade e buscar, de longe, que seja, extrair o que esse tempo quer nos mostrar ou dizer – buscar a alegria, o prazer, extravasar apenas o que é bom, sem atingir o outro, sem descontar as tristezas e decepções do dia-a-dia, amar-se acima de tudo, cuidar de si, cultivar as amizades sempre, se possível fazer novos e bons amigos, e reforçar a energia positiva que está no ar, o tempo é de alegria, sim, afinal o ano começa, de fato, pós carnaval, então bons dias que se seguem e um feliz ano novo para todos nós!
Muita chuva na nossa terra, quem imaginava uma coisa dessas, tanto sol, tanto calor, mas não tem nada não, deve ser para lavar a alma, nada nos desanima, para os que brincam, para os que assistem, para os que escrevem, para os que dormem, para todos!
AXÉ!