AMADORES, PORÉM PINTORES DE VERDADE
Há uma classe de profissionais que, na verdade, são amadores que ganham a vida pincelando paredes, muros, placas, Outdoor, murais e muitas outras fachadas de prédios, casas residenciais, industriais e comerciais, esboçando desenhos diversos, contornos de letras, paisagens e animais, retratando também pessoas e outras coisas da vida, para seu sustento próprio.
Há quem diga que é, como muitas outras, uma profissão inglória, pois nem sempre há serviços a serem prestados e o agente deste mister, passa “maus pedaços” financeiramente, pulando fininho para saudar os seus compromissos.
Nesta cidade de pequeno porte, onde já se viu de quase tudo acontecer, engajados nesta classe de amadores, poderíamos enumerar alguns que conhecemos pessoalmente, os quais são: o primeiro, trata-se do LUIZ CARLOS ROCHA “ticão”, filho do saudoso comerciante, senhor Manoel Rocha – que a maior parte de sua vida trabalhava em Vitória, capital de nosso Estado, onde suava pra conseguir alguma coisa na vida. Um “cara” tranqüilo, calmo e de poucas palavras – sua verborragia aflorava mais quando estava “meio esquentado”, mas mesmo assim sempre demonstrou ser um cara decente, amigo e admirador de meu pai. O segundo, NATAL TOMAZ DE SOUZA (“Natal gaguinho”), que até hoje, além de suas funções de servidor público municipal, sempre se lembra de, a cada final de ano, estender, num dos postes ou muros da cidade, em lugar visível, uma faixa traçada em letras grandes, com as suas saudações dirigidas a todos os cidadãos desta cidade, desejando “próspero ano novo”. O terceiro, SÉRGIO LUIZ FERREIRA, filho de Luciano Ferreira e de Rosa Paganoti, neto do senhor Paganote e de Dona Geni (pessoas de saudosas memórias de nossos tempos de infância), residindo hoje, o Sérgio em Leopoldina/MG, onde ganha a vida trabalhando em Artesanato (seu lado artístico), como Barman e ainda, nas horas de folga, pintando o quanto lhe resta de oportunidades. O quarto, trata-se do nosso amigo JOÃO FRANCISCO ALVES AREIAS (“João, do senhor Amélio Areias”), que pintou vários quadros, paisagísticos e personalidades (“lendárias”) desta terra, nunca visando lucros, apenas para exercitar o talento. Em quinto lugar, poderíamos mencionar AS CENTENAS DE MENINAS E ADOLESCENTES ANÔNIMAS que foram e algumas ainda são, alunas das Professoras de Pintura: (a) DONA EVELISE RODRIGUES NOGUEIRA, vizinha de longas datas e (b) HOSANA MUCIACCIA, que esboçam com delicadeza quadros em telas próprias com aquela paciência própria de quem a esta arte se dedica.
E, em sétimo e último lugar, não deixaria de falar do nosso mui prezado ADRIANO ALVES, filho da costureira Tereza e neto do senhor Natal Alves, que segue no mesmo “pique”, de “vento em popa”, colorindo placas e Outdoor, em vivas cores, trazendo a esta cidade mais beleza, candura e vivacidade paisagística. Ele tem um toque especial. Não é um profissional, mas um amador, mas dá conta do recado. Afinal, o mundo “pós moderno” – este nosso século XXI, tem dado provas de que está mais para amadores do que para os profissionais! Afinal, a hora e a vez chegou (ou voltou?) para os denominados “leigos”? (Há um livro escrito sob o tema “A Hora e a Vez do Leigo”). (Em algumas classes são denominados de “amadores”) A internet está aí para comprovar que todos nós – os amadores - temos “hora e vez”, para rabiscarmos nossas idéias e expondo-as todas para que as pessoas vejam, leiam, avaliem e/ou aprendam! No mundo da web o caminho está aberto a todos. A Internet - embora se reconheça que é uma senda sem lei – destituída de freio e sem pai, nem mãe, melhorando e piorando as coisas, é também um mundo que mudou a rota da humanidade no eixo dos patrocinadores ou patenteadores particulares, por causa das coisas criadas artificialmente pelas pessoas simples e, diga-se de passagem, sem qualquer formação acadêmica!
Viva os pintores ainda que amadores, porém pintores de verdade. Viva os “ticões”, os “gaguinhos”, as “adolescentes anônimas” das tímidas pinturas em telas, como também, viva os “Adrianos’ da vida.
Muniz Freire, 15 de abril de 2010 – Fernandinho do fórum