O Amigo Ausente
Ao abandonar esta vida, este mundo de convivência, experiência e aprendizado, o amigo ausente nos faz pensar na vida e sua finalidade. É com surpresa que constatamos que ele passa a viver num outro mundo pouco conhecido por nós, mas nem por isso menos real: o nosso mundo interior; o mundo dos pensamentos, dos sentimentos, das recordações. Um outro mundo absolutamente real e palpável onde o amigo ausente ressuscita de uma morte aparente e passa a viver conosco numa proximidade maior. Voltamos a sentir a comovente presença de uma amizade que parecia ser eterna; a ouvir a sua palavra, as suas opiniões, os seus conselhos. O amigo ausente nos fala de vida, esperança e reencontro.
O ser desaparecido, com tantos nomes, dos mais remotos cantos do planeta, que na ausência é mais presente, fala-nos, sobretudo, deste outro mundo tão pouco conhecido por nós.
E para que ele não chegue a morrer pela segunda vez, para que não desapareça definitivamente dentro de nós e sua vida continue a fazer parte da nossa, dediquemos a ele, sempre que pudermos, um minuto de nossa recordação. É possível que na emoção destes momentos esteja parte das respostas que procuramos sobre os insondáveis mistérios da vida e da morte.
Nagib Anderáos Neto
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