Sobre os atributos de Deus à luz da razão- por Daniel Silua

DOS ATRIBUTOS DE DEUS – Por Daniel Silva

Em pleno o século XXI, ainda se percebe com bastante força a crença em Deus da forma como é idealizado pelo livro considerado sagrado para alguns; a bíblia. Essa crença por sua vez está, hoje, fundamentada e só se sustenta pela fé, pois a razão humana não poderia conceber a existência de Deus, pelo menos não como este é concebido através da bíblia, da fé e da religião (apesar de que em tempos passados, tivemos tentativas de justificar a fé pela razão), nem tão pouco o conhecimento empírico seria capaz de experimentar a existência de tal entidade divina, já que segundo a concepção religiosa, essa existência está além ou fora do mundo material. A razão humana não pode por si, fundamentar, comprovar ou idealizar essa figura divina, assim como através do raciocínio lógico, não se é possível mostrar provas concretas de sua não existência. No entanto, alguns atributos dados a Deus podem ser postos à prova pelo pensamento racional. Atributos como Deus é amor, bondade, justiça e etc.

Se analisados da perspectiva racional, esses atributos deverão ser considerados não inatos em Deus, mas conquistados. Ora, tomemos como exemplo o adjetivo bondade. Não se pode provar com o paladar, tocar ou ver a bondade, pois esta não possui uma forma material capaz de ser vislumbrada por nossos sentidos, logo não é possível dizer só de olhar para uma pessoa que ela é bondosa, fazer tal afirmação seria no mínimo precipitado e no máximo uma mentira. Na verdade, precisaríamos de uma prova real, ou seja, que o indivíduo em questão, demonstrasse, através de ações para com o outro, atitudes que possam ser ligadas aos conceitos relacionados à bondade, que como dito, não possui forma material, sendo uma ideia abstrata e que só pode concretizar sua existência por atos classificados como bondosos.

Mas por quê será que isso nos impediria de darmos essa característica como inata a esse Deus idealizado por algumas religiões?

Se afirmarmos que Deus criou o universo, o mundo e tudo que há nele, consequentemente afirmamos que ele já existia antes de tudo que hoje existe, continuando nesse raciocínio, dizemos que Deus sempre existiu e existira para si e por si mesmo. Pois bem, acabamos de ver que a bondade não existe por si mesma no indivíduo, é preciso que atos dessa qualidade sejam transmitidos a outra pessoa para que a bondade passe, realmente, a existir. Se Deus, antes do mundo e dos homens, só coexistia consigo mesmo, a afirmação que ele é a própria bondade torna-se inválida, no máximo podemos dizer que ele tornou-se bondoso ou poderia vir a ser por meio de atitudes tomadas em relação às pessoas, por exemplo. Assim, antes de criar o homem, esse ser divino não poderia ser de forma alguma bondade ou qualquer outro dos atributos mencionados anteriormente, já que todos precisam das mesmas circunstâncias para se fazerem existir.

Isso nos inclina a dizer que Deus era apenas a sua própria existência pura, oca e vazia até o surgimento do mundo e do homem. Pensando dessa maneira, colocamos o homem em outro patamar no processo de criação, ele deixa de ser somente um ser criado, completamente passivo e começa a ser encarado como aquele que dar ao seu criador, não mais uma existência vazia, mas uma cheia de virtudes e até defeitos, dependendo de como o homem interpreta Deus.

Para concluir, talvez não seja um absurdo da razão afirmar que a nossa própria criação fez com que Deus deixasse de ser apenas existência (sem qualquer traço humano) para transformar-se em um ser existente e que em troca da criação do homem, ele ofereceu seus atributos para Deus, pagando, desta forma, qualquer dívida. Dentro de um paradigma que aceite a existência divina, acredito que não há como o homem cessar de existir sem que Deus também não perca algo de sua existência.

Daniel Silua
Enviado por Daniel Silua em 21/07/2012
Reeditado em 21/07/2012
Código do texto: T3790277
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