ADULTÉRIO E FIDELIDADE

"Mas eu lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já cometeu adultério no seu coração." (Mt 5.28)

O homem tornou-se imperfeito desde o dia em que foi expulso do Paraíso, embora tenha sido feito à imagem, à semelhança de Deus, segundo as Escrituras. Daí para diante tudo se transformou na condição humana, na vontade, no livre arbítrio do homem de ser, ou não, perfeito, quase angelical, como queria o Criador. Mas, tudo estava escrito, tudo já estava determinado pelas leis divinas. Deus criou o homem, deu-lhe uma mulher, uma companheira, para não viver ali solitário, ensimesmado, sem ninguém para trocar ideias. Contudo, a vida a dois se tornou muito insossa, sem graça nenhuma para um casal - perfeito fisicamente, como bem deviam mostrar os seus corpos despidos, convivendo nas paisagens cinematográficas do Éden, entre plantas de fruteiras e flores exuberantes, sem os prazeres que os seus corpos tocados reciprocamente poderiam sentir, oferecendo-se um ao outro.
Daí, então, prevaleceu a Suprema sabedoria, ditada dos Céus, determinando o chamado "pecado-original". Adão, o nome que se achou melhor para batizar o primeiro homem, cumpriu à risca o que lhe foi imposto: fez da virgem-companheira - mulher, aquela batizada, também, de Eva pelos princípios fundamentais da Bíblia e do Alcorão (?), que afirmam, pois, que Adão e Eva foram o primeiro homem e mulher a povoarem a Terra, criados por Deus.
Não se sabe, no entanto, é se o primeiro casal de humanos nunca se modificou moralmente, permanecendo íntegro em seus impulsos sexuais no dia-a-dia de convivência; se não (ele ou ela) olhou para outra ou para outro, com segundas intenções, mexendo com a sua libido, praticando, assim, o tão condenável adultério. Dizem as leis religiosas: basta olhar, e isso já significa pecado (Mateus: 5:28). Se eles (Adão e Eva) foram, na realidade, um exemplo de união para outros casais que lhes sucederam, paira no ar alguma dúvida, a meu ver, porque a imperfeição humana nasceu no erro cometido pelos primeiros viventes da terra, naquele momento da sua expulsão do Paraíso. O instinto sexual aguçou-se (por determinação de Deus, deve ter sido... E não de Satanás), principalmente no homem, naquele momento, tornando-o de natureza ativa em suas atitudes pecaminosas, persistentes na conquista e na posse da fêmea, que, se não correspondido pela sua legítima parceira, dá motivo suficiente para o macho extravasar o seu apetite sexual, imbuindo-se na prevaricação, o que, até hoje, não foi entendido pelas mulheres, de uma maneira geral.
Todos os homens são iguais; não valem nada! Não tem um que preste! São uns cretinos... e tantos e tantos impropérios (merecidos? Ou não?) vomitam as mulheres sobre os homens, sem se aperceberem, no entanto, que contribuem, geralmente, para esse estado de aborrecimentos, que redundam, além de desacatos, em separações muitas vezes, sem se conscientizarem que elas, na grande totalidade, são as incentivadoras desses "erros" ou, quem sabe, "acertos" dos homens, deixando-os, na intimidade dos seus relacionamentos, a ver navios, com a velha e tão já batida história da já famosa dor-de-cabeça, ou do indigesto refrão hoje estou morta de cansada, os conhecidos e batidos pretextos para evitar o contato físico do companheiro, na cama.
Se sexo é pecado, que culpa tem o homem se essa necessidade fisiológica, se essa função prazerosa foi arquitetada por Deus para unir, fisicamente, homem e mulher para a perpetuação da espécie humana? Ademais, trata-se - o sexo - de uma exigência orgânica, repito, como outras inerentes aos seres vivos (racionais e irracionais). E assim, o homem, por sua vez, bem como a mulher, ambos, pois, têm que proporcionar - um ao outro - momentos mágicos, tirando daquele instante em que se tocam intimamente a prova insofismável do amor que os fez marido e mulher. Deve haver, nesses minutos de colóquio amoroso, a entrega total e irrestrita de ambos. A vergonha, o escrúpulo, a timidez, tudo isso deve ficar do lado de fora do aposento do casal. Lá dentro tudo é sagrado. Ali é o santuário do amor que os uniu, onde tudo que se pratique, mesmo temperado de erotismo, fetiches, seja lá o que valha, não representa nada de pecaminoso, porque a sexualidade não foi uma invenção do homem, mas imposta pelas leis sagradas a todos os seres vivos da terra, e principalmente ao homem, porque esse pensa, raciocina, sabe o que é que está praticando, sabe o que deve fazer para alcançar o clímax daquele momento, que um bem enorme faz para a estabilidade matrimonial, para o bem-estar do casal, enfim.
Não obstante, a mulher, na sua maioria, mesmo neste estágio da vida, já em pleno decorrer do século XXI, em que as evoluções sociais já lhe permitem agir com liberdade em todos os sentidos, o que não era possível há algumas décadas atrás, ainda não entendeu que o homem é ativo sexualmente por natureza. Ela, a mulher, lamentavelmente, ainda não se deu conta que as desavenças entre os casais se baseiam nela mesma, porque não procura compreender as diferenças femininas das masculinas. Não avalia o sexo com seu marido como uma questão primordial para o cumprimento das promessas emitidas, quando do dia tão esperado, quando se uniu, pelo matrimônio, àquele em quem confiaria até que a morte os separasse; não raciocina que o sexo é um jogo, cujas cartas embaralhadas, de início, não vão ensejar a derrota de um dos parceiros, mas, sim, vitória, para sempre, para ambas as partes. Essa "competição" deve ser divertida, deixando a imaginação solta, com maneiras de toques excitantes; e sempre mudando, seria recomendável, a rotina, fazendo do sexo uma deliciosa manifestação de amor, um instante sublime, evitando - com sabedoria (se houvesse) - que o homem buscasse os prazeres da carne em aventuras (ou desventuras) extraconjugais.
Sem a Internet, tempos atrás, muitos homens, a não ser aqueles, que são poucos, aprisionados pelos dogmas das religiões, contidos em seus anseios sexuais por aquelas que as leis civis proclamaram e os uniram como marido e mulher, arriscavam dar vazão aos anseios da carne na vileza dos prostíbulos, ou com as damas-da-noite, essas vendedoras de sexo das esquinas sombrias das noites das cidades.
E, com o advento, nesses poucos tempos, da Internet, em 1995 dava os primeiros passos no Brasil, o computador tornou-se um aliado fiel do homem, principalmente. A mulher, casada, (talvez diferente da solteira, ou das solteiras) em pequeno número, não se utiliza desse recurso para aliviar as suas carências amorosas porque se considera dona, proprietária já do "objeto" marido, de quem pode dispor quando lhe der na veneta, quando bem lhe prover, se para o sexo estiver disposta. É aí, então, que o amigo computador vem em socorro do esposo necessitado; é o salvador-da-pátria nessa guerra em que o primeiro tiro sempre foi disparado pela mulher. E o homem, que não quer briga, quer amor, se protege na trincheira da infidelidade, buscando a paz, que não achou em casa, nos meandros da Internet, que oferece um campo atraente e vasto para as aventuras fora do casamento, tornando-se - esse magnífico meio de comunicação - o desprezível vilão, afirmam as mulheres, dos desenlaces matrimoniais por aí afora, mas sem levarem em consideração a sua indiferença na intimidade de quatro paredes.
80% das mulheres ainda não raciocinaram que o sexo é o elo inquebrantável entre o homem e a mulher. Não foi inventado à toa pela Natureza, ou por Deus, se é dito nas Escrituras que Ele criou o primeiro ser vivente na terra. As delícias sexuais teriam que prevalecer, pois, do contrário, não haveria qualquer interesse do macho em se unir fisicamente à fêmea para que, daí, viesse a procriação, o recomendado "crescei e multiplicai". A mulher não deveria ser uma máquina, um robô, em que ali se despejasse a "semente da vida", e pronto. Não. Não foi assim que desejou Deus. É incontestável que teria que haver - na união dos corpos - algo sublime, esplendoroso que levasse o casal ao clímax daquele instante, ao gozo, enfim, ao orgasmo.
E o amor, nessas circunstâncias, sem as preliminares do ato sexual, vai-se esvaziando pouco a pouco, como água límpida, cristalina, que, se pudesse botar num vaso lindo, talhado no mais puro cristal, mas que o tempo fez-lhe minúsculas, quase invisíveis fendas, por onde esse líquido do amor, que nutre os anos de vida a dois, vai escapando imperceptivelmente, deixando o resíduo, as impurezas do adultério, da infidelidade, principalmente do homem, do macho, que não encontrou na sua mulher, na sua parceira, na sua amante, na sua fêmea, a compreensão que o sexo é a base, o esteio de sustentação que faz do homem e da mulher aquilo que ficou determinado por Deus: Portanto,  deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão os dois uma só carne". (Gênesis 2:24).









 
Pablo Calvo
Enviado por Pablo Calvo em 07/07/2012
Código do texto: T3764797
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