A Roda do Ano
A Roda do Ano (ou como preferem alguns, a Roda do Tempo)
Todas as religiões citadas o são como aspecto mitológico. O aspecto teológico cabe a cada um. Só coloquei as marcações de Solstícios e Equinócios. As demais festividades pagãs são variáveis, dependendo da tradição adotada.
Todas as culturas antigas mantinham festividades altamente atreladas às mudanças das estações que influenciavam diretamente nos períodos de plantio e colheitas, cheias e secas, dentre outros fatores naturais. Estas festividades marcavam, deste modo, a tendência das energias telúricas, de radiação solar, inclinação do eixo planetário e outras, sejam a nível físico ou em outros mais sutis.
Antes de prosseguir será necessário relembrar o que são solstícios e equinócios. Equinócio significa “noite igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra. Astronomicamente, isto se dá quando a Terra atinge uma posição em sua órbita onde o Sol parece estar situado exatamente na intersecção do círculo do Equador Celeste com o círculo da Eclíptica; ou seja, instante em que o Sol no seu movimento anual aparente pela Eclíptica, corta o Equador Celeste, apresentando declinação de 0º. Existem dois Equinócios: o de Primavera (a partir dos quais os dias serão maiores que as noites) e de Outono (a partir do qual as noites serão maiores do que os dias). Solstícios marcam a época do ano em o Sol, no seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o máximo afastamento angular do Equador, provocando, no inverno, a noite mais longa do ano e no verão, o dia mais longo. Um fato que deve ser mantido em mente é que na antiguidade, a astronomia era apenas um ramo da astrologia e a linguagem simbólica e mitológica era recorrente e deveras, não creio que haja alguma melhor, desde que se conheçam os símbolos e significados atrelados, além do mito simplório per si.
Começarei a Roda do Ano por Yule / Solstício de Inverno. Como todas as tradições mais conhecidas se desenvolveram no Hemisfério Norte, seguirei baseado em suas culturas, mas há que se ter em mente que, quando no Hemisfério Norte é Outono, no Sul é Primavera e quando por lá é Inverno, por cá é Verão. No norte, o solstício de inverno se dá entre os dias 20 a 25 de dezembro e “então é natal, a festa cristã (?)...”. Quase todos os povos do Hemisfério Norte mantinham festividades na época do Solstício de Inverno, como comemoração ao período a partir do qual as noites começam a diminuir. Para nós, que vivemos próximos à linha do Equador, pode não parecer importante, mas para os povos que viviam mais distantes dos trópicos, as noites muito longas, o frio intenso e as tempestades de neve sempre traziam consigo a fome. A promessa de esperança de que o Sol renovará sua força e voltará a brilhar era associada ao nascimento do deus sol, ainda pequeno, que agora nasce para ganhar força e reinar sobre a escuridão e o frio. Daí, cada povo comemorou nesta época, o nascimento do seu “Deus Redentor” que os iluminará.
Após o Solstício de Inverno, apesar de se ter o inverno pela frente, os dias começam a aumentar, até ficarem iguais as noites em duração, no Equinócio de Primavera que se dá nas proximidades do dia 20 de Março, a Páscoa, ou para os pagãos, Ostara, que marca o renascimento da fertilidade da terra, agora própria para ser fertilizada, pois o deus sol já reina jovem, doando luz para a plantação crescer. Aqui temos todos os mitos de morte-renascimento dos deuses sacrificados para que possa haver vida na terra, bem como o renascimento da própria terra.
Após o Equinócio de Primavera, temos o Solstício de Verão, onde o dia é o mais longo do ano e o Sol atinge o auge de seu reinado. Eram realizadas muitas festas, principalmente de fogueiras e festivais celtas de Litha, além de muitos banquetes, pois a terra está dando frutos e os rebanhos estão gordos. Também eram colhidas as ervas medicinais que seriam guardadas para uso em tempos gélidos. Ocorre por volta de 20 de Junho no Hemisfério Norte e marca um período de grandes festas em homenagem aos deuses locais.
Depois, marcando o fim do verão, o Equinócio de Outono mostra que o deus sol começa a perder vitalidade e os dias começam a diminuir, enquanto as noites passarão a crescer. É o Mabon dos pagãos, onde a noite é reverenciada como a anciã sábia, ou ainda, a deusa grávida, que dará a luz ao deus sol novamente, no próximo Yule. Neste período era muito comum os cultos das deusas lunares, além das festividades de colheita e agradecimento a elas, que seria o alimento durante os dias frios e as noites longas do outono / inverno. Ocorre em setembro, no hemisfério norte.
No fim, as tradições e suas festividades, em significado, possuem uma “magia profunda” (para parafrasear Aslan, de Nárnia) que as tornam nuances sutis de uma mesma luz, não é mesmo?! Isto, por que só citei basicamente as correlações com as variações nas energias de radiação solar...