Como vem acontecendo de modo recorrente, ainda agora repassava a aula de violino, com bastante tarefas a realizar. Assim, treinei a música da aula anterior, e rebati até a exaustão a de segunda-feira passada, um Andantino, do livro do método Suzuki. Ao cabo de um tempo, a música, afinal, apareceu, como era de se esperar, depois daqueles ensaios iniciais nos quais não saía praticamente nada que não notas tímidas, incertas, erradas, com o arco resvalando por cordas trocadas e bagunçando tudo, enfim... um caos!
Treinei, treinei! Tive caimbra no pé. Enfim parei. Sentei um pouco (violino se aprende em pé. Sentar-se é luxo de profissionais de orquestras sinfônicas).
Como sempre, sabia da presença de Iohan por ali, no lado invisível da vida, inspecionando tudo desde os instantes iniciais em que me fechei no quarto para estudar. É assim que vem fazendo fielmente, como já narrado nos artigos anteriores, desde o começo de nossa convivência. Trabalha comigo no próximo livro, mas, a par disso, em sendo regente e violinista, sinto-o claramente por perto, me inspirando, toda vez em que, sozinha, em momentos de sossego, me dedico a repassar as aulas tomadas no Conservatório de Música.
Quando termino os ensaios, habitualmente, para relaxar, tento brincar um pouco com o violino, tentando tirar músicas conhecidas e de meu gosto. Noutro dia fiz isso, e, para minha alegre surpresa, saiu Amazing Grace, um belo tema religioso de autoria inglesa. E hoje, mal me ocorreu encerrar os estudos repetindo a tentativa, de inopino subiu-me à mente Ode à Alegria, parte da Nona Sinfonia de Beethoven, um trecho da peça magnífico e famoso, cantado em coro , e que se tornou o hino do Conselho da Europa em 1982 e é mencionado por Iohan no conteúdo de Sonata ao Amor, romance por mim psicografado e de sua autoria espiritual, lançado recentemente.
Pois, neste momento, para meu fundo espanto posterior, alguma letargia mental se apossou de mim. Tomei do arco, e nem pensei! Quando vi, lá saía a melodia, de modo bem satisfatório para o meu tempo de estudo do instrumento, agora, num ponto em que, bem ou mal, já vou tomando intimidade com as quatro cordas! Treinei a linda música umas tres ou quatro vezes, tocando com alguma insegurança, mas de modo completamente inteligível! E enfim parei, emocionada do que tinha acontecido, feliz e meditativa!
Perguntei mentalmente a ele, ao meu tutor da vida invisível: Foi você, não foi, Iohan?! O responsável por isso! Saiu assim, deste jeito quase espantoso, e com esta facilidade, com a sua ajuda!
Ao que recebi a resposta instantânea, deste amigo da invisibilidade de quem já conheço, acostumada, o excelente senso de humor: - Claro que foi! Você vai indo muito bem, mas neste caso, lhe dei mesmo um empurrãozinho!...
E notei claramente, com a visão do espírito, que, parado ali por perto, próximo a mim, de fato ele ria!
Enquanto guardava o violino cuidadosamente, pensava numa mensagem recebida de Iohan outro dia: Quem trabalha e se envolve com as atividades espíritas não pode nem deve ser sisudo! Como é possível que se considere as coisas assim?! No dia em que você enfim retornar, - ele me assegurava - haverá uma linda festa de recepção dos seus amigos deste lado da vida, assim como se faz às vezes na vida corpórea, para se receber alguém que retorne de uma longa viagem que a todos tenha deixado saudosos! Então, como você chegará a esta festa de cara amarrada? Séria, compenetrada, julgando um erro sorrir, gargalhar, pular de alegria, e extravasar, liberta, toda a alegria que brota do seu coração?! O mundo espiritual não é um mausoléu, my darling, e já passou o tempo em que os confrades reencarnados, em atividade espírita, deveriam ter assimilado esta verdade, definitivamente, para que o seu entendimento da vida se torne mais leve, mais realista!
E hoje, diante de mais um lindo episódio de convivência com este mentor dos últimos tempos, não pude deixar de concordar com as suas palavras. Porque fatos como este, se dando durante a nossa interação como a Espiritualidade, nos evocam momentos inesquecíveis quanto valiosos de felicidade, e, portanto, no mínimo sorrisos espontâneos!
Enfim, me deu vontade de rir muito, e, de fato, feliz! Plena de hilaridade!
A vida é muito mais do que na maior parte do tempo podemos perceber, enquanto nos demoramos por aqui! Maravilhosa, e, sobretudo nos lugares onde Iohan habita agora, maiores motivos devem sobrar para justificar o excelente humor de que ele constantemente dá mostras, como deve acontecer com todos que mereceram aportar nestes locais das outras dimensões da vida que acolhem todo aquele que realiza para o mundo, e para o seu semelhante, algo belo, algo bom, algo de profundamente útil!
- "Claro que fui eu! Você vai indo bem, mas tive que dar meu empurrãozinho!"
Guardei meu violino, beijei-o, saí do quarto. Fui para junto de meus filhos. E, recordando o que ele disse, como acontece muitas vezes viajando dentro de um ônibus, quando me lembro de piadas ouvidas durante o dia, mas sem poder rir, para não me julgarem louca, me pus a dar o melhor tipo de gargalhadas: as gargalhadas espirituais!
- "Sejamos felizes"! - Iohan