O Desprezo Não Anda Só, Tem a Vingança Como Companheira!

O filósofo romano Lucios Sêneca dizia que as maneiras que podem incitar uma pessoa fazer mal a outra são: a inveja, o ódio, o medo, o desprezo. Para escapar da inveja basta não dar na vista e não nos gabar de nossas propriedades, ou seja, gozar discretamente aquilo que temos. Quanto ao ódio, ou derivará de alguma ofensa que tenhas feito (neste caso basta não lesar ninguém para evitar), ou será puramente gratuito, e então será o senso comum quem te poderá proteger. Esta espécie de ódio tem sido perigosa para muita gente; e alguns despertaram o ódio dos outros mesmo sem razões de inimizade pessoal. Pra te proteger deste perigo, faça com que os outros saibam que você é um homem que não exerce a represália mesmo se ofendido e não hesitar em fazer as pazes com toda sinceridade. Quanto ao medo, é bom não esquecer que quem inspira medo sente ele próprio medo: ninguém pode inspirar terror e sentir-se seguro! Quanto ao desprezo ele diz que é a maneira mais inofensiva, tanto que muitas pessoas se têm sujeitado a ele como forma de passarem despercebidas. Quem despreza o outro calca-o aos pés, é evidente, mas passa adiante; ninguém se afadiga teimosamente a fazer mal a alguém que despreza. É como na guerra: ninguém liga ao soldado caído, combate-se, sim, quem se ergue a fazer frente. Os inconvenientes do desprezo podem ser atenuados ou pela prática de boas ações ou pelas relações de amizade com pessoas que tenham influência sobre alguém especialmente influente; será útil cultivar tais amizades, sem, no entanto nos deixarmos enredar por elas, não vá a proteção sair-nos mais cara do que o próprio risco.

Particularmente eu concordo com quase tudo, menos que o desprezo seja inofensivo. Não é mesmo, pois o desprezo dói. Como diz na Wikipédia o desprezo é um intenso sentimento de desrespeito e antipatia. É semelhante ao ódio, mas implica um sentimento de superioridade. A pessoa desprezada é considerada indigna. Desprezo pode estar relacionado a sentimentos de indignação e amargura. Ser desprezado é uma das mais terríveis formas de sofrimento. Em qual quer situação vivemos a expectativa de bons resultados e o desprezo frustra esta expectativa. E quando o desprezo parte de alguém que queremos bem, de alguém que amamos é muito pior. Neste caso realmente perdemos o chão. Mesmo sabendo disso tudo, cometemos o mesmo erro e também desprezamos as pessoas, seja lá quem for, porque achamos que é dando o troco é que seremos vingados. É aquela história de sempre querer ser a vidraça e nunca a pedra. Por isso digo que o “desprezo não anda só, tem a vingança como companheira”. É como dizia Baltazar Gracian: “O desprezo é a forma mais sutil de vingança”. André Lima da EFTBR nos mostra que existem diversos tipos de vingança, desde aquelas mais graves onde alguém pode cometer um crime para revidar outro crime sofrido, até outras vingancinhas que praticamos inconscientemente no nosso dia a dia. Quando acontece algo que julgamos injusto, sentimentos desconfortáveis de raiva e injustiça se manifestam imediatamente e nos causam sofrimento. Obviamente, queremos ficar em paz e desejamos nos livrar o mais rápido possível destes incômodos sentimentos. O ideal seria que trabalhássemos dentro de nós mesmo para curar esse sofrimento, sem a dependência de nada que viesse de outras pessoas.

O sentimento de vingança é uma prisão. É uma ilusão onde acreditamos que precisamos ver ou ter notícias de sofrimento da outra pessoa para que a nossa sensação de injustiça seja amenizado, completa André. A vingança pode ocorrer de várias formas. Pode ser um ato de violência física, agressão verbal, mas também se dá de forma mais sutil. Quando guardamos ressentimentos das pessoas próximas as quais nos relacionamos diariamente, vamos praticar pequenas vinganças durante nossas interações. Falar mal de alguém pelas costas na tentativa de espalhar uma imagem ruim é uma forma de vingança. O desprezo aliado à vingança pode vir disfarçado com comentários maldosos e ironias que fazemos durante a conversa com a pessoa da qual nos ressentimos. Podemos também criticar, tratar com frieza, desdenhar, às vezes com bom humor, ou ainda jogar um olhar "atravessado". São tentativas de atingir o outro, de tentar minar sua auto-estima. Por trás do sentimento da raiva existe também uma falsa crença de que estamos punindo a outra pessoa. Claro que isso não funciona. "Sentir raiva de alguém é como tomar um veneno e esperar que o outro morra", diz André. Os ressentimentos tiram a nossa energia, baixam nossa auto-estima, nos fazem adotar o padrão da vítima, roubam a nossa criatividade, e assim deixamos de criar uma vida melhor no presente momento. Quem não se lembra da frase do "Seu Madruga" do seriado Chaves: " Avingança nunca é plena, mata a alma e envenena". O melhor mesmo é seguir o conselho de "Marco Aurélio": O melhor modo de vingar-se de um inimigo, e não se assemelhar a ele". Até a próxima.

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