A Falsidade e Seus Limites!

Às vezes me pergunto qual será o limite da falsidade, mas não tenho resposta. Pode ser que tenha algum tipo de prevenção para evitar que a falsidade de quem convivemos não nos atinja ou prejudique. A gente confunde também a falsidade com mentira. Mesmo sendo coisas diferentes, o que podemos afirmar é que elas estão, digamos assim, “interligadas”. Tem gente que confunde o “Falso” que é a característica do que não é verdadeiro com o “Mentiroso”, segundo a Wikipédia. De fato, o ser humano muitas vezes se sente, na nossa sociedade, quase obrigada a ser falso. A mentira, o engodo, o engano, a falsa aparência, a esnobação e a desfaçatez são gêneros de primeira necessidade nos relacionamentos entre as pessoas. O orgulho e a busca de reconhecimento trazem consigo a necessidade quase inadiável de aparentar algo que não se é. A falsidade em sua concepção traz à pessoa certos proveitos, como, por exemplo, omitir sua condição, mostrar-se de maneira diferente para levar vantagens, obter lucros, ascensão social, desmoralizar outras pessoas, entre outros. Em seu livro “Não há soluções, há caminhos” o padre Vasco Pinto de Magalhães diz que: “as pessoas e os encontros, por vezes, são como os envelopes bem endereçados que recebemos. Sabe-se o nome e a morada, mas não se sabe o que vem lá de dentro. E é verdade, quem na infância não teve um monte de amigos, os “irmãos por opção”? No entanto, não é tão fácil assim manter amizades na maturidade como se mantinha na juventude. Rui Barbosa, o grande jurista brasileiro, afirmou certa vez, dentre outras coisas, que de tanto ver triunfar a mentira e a falsidade, tinha até vergonha de ser honesto.

Dificilmente a gente descobre que alguém próximo ou mesmo o acabamos de conhecer esteja sendo falso em seus atos. Temos a tendência de em primeiro lugar acreditar em tudo, principalmente em novos amigos de trabalho, por exemplo, porque de certa forma eles se sentem ameaçados pelo novo e, isto é de certa forma normal. Depois, com o passar do tempo as coisas começam a se ajustar, mas é bom ficar de olho, pois tem gente, de índole falsa (duas caras), que mesmo assim pode querer te prejudicar para se garantir, o que é uma grande bobagem. Consultores do mercado de trabalho ensinam que se você prejudica alguém, pode ter certeza de que a pessoa prejudicada saberá e contará para seus amigos, que, por sua vez, contarão para seus amigos e assim por diante. O networking de quem deu um passo em falso fica comprometido. E mais, fazer fofoca e criticar terceiros, no lugar de reconhecer os próprios erros, é uma forma de esconder a incompetência. É muito mais fácil criticar os outros do que a si próprio. Além disso, o foco deve ser no trabalho e nos negócios, nunca nas fofocas. Quem tenta prejudicar colegas de trabalho, mesmo que finja ser "sem querer", fica com uma imagem negativa junto aos integrantes da equipe e também ao chefe. No trabalho, ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas todos devem ser respeitados. Agir com ética e compreender como os demais funcionam é essencial. Fazer críticas às pessoas pelas costas e agir de forma a prejudicá-las toma tempo. Um tempo que poderia ter sido dedicado ao trabalho, à perseguição de metas. Enfim, trata-se de um atraso para a carreira.

O escritor e moralista francês, La Rochefoucauld, diz que todos nós somos falsos de maneiras diferentes. Há homens falsos que querem parecer sempre o que não são. Outros há de melhor fé, que nasceram falsos, se enganam a si próprios o nunca vêem as coisas tal como são. Há alguns cujo espírito é estreito e o gosto falso. Outros têm o espírito falso, mas alguma correção no gosto. E ainda há outros que não têm nada de falso, nem no gosto nem no espírito. Estes são muito raros, já que, em geral, não há quase ninguém que não tenha alguma falsidade algures, no espírito ou no gosto. E continua dizendo que o que torna essa falsidade universal, é que as nossas qualidades são incertas e confusas e a nossa visão também. Não vemos as coisas tal como são, avaliamos aquém ou além do que elas valem e não as relacionamos conosco da forma que lhes convém e que convém ao nosso estado e às nossas qualidades. Em uma antiga postagem aqui no Blog eu dizia que: Algumas coisas são importantes quando procuramos um novo amigo, é necessário ter alguns cuidados para não cair em armadilhas. Amizade envolve respeito. Há interesses em comum entre você e seu amigo, até porque vocês se conheceram em um grupo que tem um interesse em comum. Mas em outras coisas vocês são diferentes, em gostos, preferências. É com estas diferenças que aprendemos sobre as pessoas. Procure nunca ser falso com ninguém muito menos com os seus verdadeiros amigos e podemos até confiar, mas remos que tomar muito cuidado, pois como disse Shakespeare, “O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.