UM DIA ANORMAL

UM DIA ANORMAL

Despertei-me com o cantar dos galos e com os primeiros raios solares penetrando pelas frestas das telhas de meu quarto. O relógio indicava as horas iniciais da manhã, e alertava para o meu atraso. Corri para o banheiro, tomei uma ducha apressadamente, e engoli o café queimando a garganta. Peguei a primeira roupa que alcancei e sai correndo para a garagem. A droga do carro velho demorou a pegar. Quando resolveu pegar eu já estava atrasado mais de meia hora, sai correndo como um louco pelas ruas do bairro.

O trânsito estava infernal, um tumulto danado e um som estridente de buzinas. O celular toca e meu gerente cobra a minha presença. Tento explicar minha situação, mas ele parece não ficar satisfeito.

- Droga de vida! – gritei.

Resolvi pegar um atalho para tentar pegar um trânsito mais folgado e quando tentei fazer uma coversão para outra rua aconteceu o pior: Atropelei uma moça que atravessava a rua fora da faixa de pedestre. Fiquei mais furioso ainda. Desci do carro pronto para esbravejar da burrice daquela garota, mas quando meus olhos cruzaram os seus, algo estranho aconteceu. Deu-me dó em ver aquela linda garota ferida por minha culpa. Ela também errou, mas eu não tive coragem de falar nada contra sua pessoa.

Conduzi-a para uma unidade de saúde e lá fiquei do seu lado. Comuniquei sua família e aguardei o resultado do procedimento de primeiros socorros. Felizmente não foi muito grave. Grave mesmo ficou minha situação ao chegar ao escritório pela tarde – acabei sendo demitido.

Fui afogar minhas angustias num copo de bebida, que depois virou dois e três. Acabei por me embriagar. Sai conduzindo meu carro sem saber o que estava fazendo quando me deparei com uma blitz da Lei Seca; estava encrencado pela terceira vez no dia. Mas mais uma vez aquela jovem mulher estava no meu caminho, ela própria confiscou minha carteira, era policial.

Perdi minha carteira de habilitação, mas depois desse dia anormal, ganhei quem habilitasse meu coração. Aquela jovem que acidentei e que depois me multou, é a mulher que meu coração se apaixonou.

ANTONIO JOSÉ SALES
Enviado por ANTONIO JOSÉ SALES em 22/05/2012
Código do texto: T3682792
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