Corrupção, a atividade do século?
A palavra corruptione em latim e corrupção em português significa quebrar em pedaços, significa também tornar pútrido, podre. E é esta a situação que encontramos em diversos segmentos da sociedade brasileira, desnudada pelas recentes investidas da Polícia Federal. São revelados fatos estarrecedores, principalmente porque vem envolvendo, cada vez mais, cidadãos acima de qualquer suspeita.
Em todas as sociedades humanas existem pessoas que agem segundo as leis e normas estabelecidas. No entanto, também existem pessoas que não reconhecem e desrespeitam essas leis e normas para obter benefício pessoal. Essas pessoas são conhecidas sob o nome comum de criminosos.
É vergonhoso que isso ainda esteja acontecendo no século XXI, que esses criminosos venham aumentando o seu poder de ação, apesar do avanço da tecnologia de comunicação, dos constantes apelos por paz, ética, solidariedade, humanidade, cidadania etc. Mais vergonhoso ainda é quando a corrupção invade os meios educacionais e toma lugar de forma generalizada no mundo.
Em relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), l a n ç a d o r e c e n t e m e n t e, (http://noticias.uol.com.br/educacao/ultnot/ult10 5u5436.jhtm), os analistas Jacques Hallak e Muriel Poisson, do Instituto Internacional de Planejamento Educacional (IIPE), apontam a má gestão de fundos, licitações públicas adulteradas, fraudes nas provas, percepções ilegais de direitos de matrícula, subornos e corrupções em contratações e promoções como fazendo parte dos crimes mais frequentes observados no sistema educacional mundial.
Para os pesquisadores, no ensino superior, os tipos de corrupção também são variados e vão desde fraudes na educação a distância a títulos imaginários e universidades fictícias, cujos números passaram de 200, em 2000, a 800 em 2004.
Em Fortaleza, recentemente, tivemos o caso da quadrilha que fazia as provas do vestibular em nome de terceiros. Não é difícil imaginar que tipo de profissional a Universidade estará formando caso não venhamos a dar um basta nesta situação.
Felizmente a Polícia Federal tem demonstrado, com muito sensacionalismo, entretanto, capacidade na desarticulação dessas quadrilhas que vêm saqueando o dinheiro público em benefício próprio. Contudo, é preciso apanhar também os corruptores.
Gilberto Carvalho Pereira
(Publicado no nº 30, edição de outubro a dezembro de 2007, do Jornal Tudo@Ler, do Centro de Educação da Universidade Estadual do Ceará).