O que há por trás de uma marca?
Andando por esses rincões do meu País, pude conhecer muitas coisas: as diversas faces da cultura; o que tem de bom em cada forno e fogão; o que há de novo nas gírias e como a nossa língua se manifesta. Vejo em cada olhar uma verdade nova, e em cada dedo de prosa temos a certeza de que o nosso País é rico e, indiscutivelmente, belo. Vejo no nosso povo a certeza da força, da vontade de vencer, do entusiasmo em querer ver o Brasil cada vez melhor.
E é por falar em Brasil, que escrevo aqui algumas linhas sobre o que significa uma marca na vida das pessoas. Como podemos ser sugestionados pela presença de algo, que, mesmo estando a quilômetros, pode nos modificar, nos ajudar, nos manter vivos, nos garantir confiança e nos deixar certos de que temos um amigo por perto e que dele podemos lançar mão sempre que for necessário.
Outro dia, andando pelo Espírito Santo, notei que um trator gigantesco caíra de um barranco. O condutor, meio que atordoado, olhou de um lado para o outro e se viu sozinho. Caminhou alguns metros mato adentro, viu que por ali uma marca forte estava presente. Não titubeou e caminhou até o local onde a marca se estabelecera. Uma ligação telefônica e a noite longa e fria deu lugar a um mar de soluções. Resolvido seu problema, agradeceu a existência daquela marca ali.
Em outra ocasião, um vizinho estava em contenda com outro, porque uma árvore crescera e os galhos frondosos caíram para o seu terreno. De forma ríspida, sem muito equilíbrio, o morador “ofendido” chamou o vizinho para o conflito. Mas eis que a marca estava ali, e o que parecia ser uma guerra de família virou um diálogo amistoso, franco, sincero e demasiado humano. Os vizinhos hoje são amigos e a árvore virou ponto de encontro para rodadas de cerveja e modas de viola. Isso foi no Maranhão.
Fazendo um trabalho no interior do Piauí notei que uma senhora estava parada à beira da estrada. Um bucho enorme, uma sacola numa mão e um menino magro na outra. Parei o carro e ela avistou a marca. Com um sonoro e alegre – graças a Deus! pediu para ser levada a um hospital, pois estava parindo e o filho pequeno não podia ficar em casa. Disse que o marido estava na roça e não teve como avisar. Deixei-os no hospital municipal e na cidade achei o marido. Uma família feliz ajudada por esta marca.
São tantas histórias que, às vezes, nos perdemos no meio do caminho. Em vários cantos deste País de costas largas, existe um agente desta marca apto a ajudar, a colaborar, a construir uma sociedade mais plena e mais justa. Antes de ser uma marca punitiva e repressora, temos o dever de, com carinho e zelo, explicar como fazer e como proceder no combate aos crimes ambientais e no que podemos contribuir para que nosso planeta, começando pelo nosso País, seja um lugar melhor para todos nós.
Eu vi esta marca nascer e desde lá venho honrando cada traço dela. Nos seus diversos ramos fui um pouco de cada coisa. Hoje a vejo desfigurada, triste e melancólica. Ofuscada por outras marcas inexpressivas e que pouco fazem. Mas ainda vejo, nas mãos de quem a construiu, que a vontade de se ressurgir, tal qual a fênix, é uma constante e em cada canto de cerca, nas mais diversas localidades brasileiras o povo que a viu nascer, antes de achá-la uma ameaça, a ver como salvadora. Exceto, claro, aqueles que a deturpam. Para esses, a trajetória real das leis.
Acredito que o modernismo nos mantém vivos e aptos a novos desafios, mas, crer que mudanças desconexas e sem sentido, que sugerem muito mais um ajuste entre “amigos” do que vontade sincera de querer algo transformador, pois dividir por dividir é só desacreditar o já fixado. É uma forma de fragilizar todo o processo construído. Porém a marca a que me refiro não deixa mágoas ou rancores, não cria medos ou temores, antes de tudo é algo que os brasileiros aprenderam a amar e cada um dos que a ajudou a fundar tem por obrigação defendê-la. Com unhas, dentes e coração.
A marca IBAMA.