Histórias de um lugar especial...
Nesse frio intenso de outono eu e o velho Silva nos sentamos e batemos papos por longo tempo e esse causo ele me contou sob um sol generoso de junho.
Relato procurando não mudar a sua fala e não interferir no ocorrido.
(......)Tião Cabeludo” trabalhou em uma empreiteira dentro da siderúrgica, ingenuamente pegou uns pregos e colocou dentro da marmita, pois, necessitava para a obra que estava fazendo em sua casa. Na saída da empresa ao revistá-lo o segurança achou os pregos, chamou a “gestapo” levaram-no para o porão e o torturaram durante horas, esmagaram seu escroto com o cabo de um cassetete. Mandaram para o hospital. Fizeram à ocorrência na delegacia. É claro que não disseram nada sobre o acontecido dentro do porão. A empresa o mandou embora por justa causa.
Revoltando pela tortura sofrida “Tião Cabeludo” começou a se vingar dos guardas que o torturaram, matou um por um. Matou os 8 que estavam envolvidos em sua tortura.
Foi preso e mandado para a prisão de Bangu, no Rio de Janeiro, ficou quatro anos preso e perto de completar cinco anos fugiu. Veio parar em sua cidade; Volta redonda. Virou líder no Morro dos Atrevidos, antigo bairro subindo a 208, (Hoje Morro São Carlos) tornou-se mandachuva líder dos marginais e da comunidade carente do morro. Virou protetor. Hoje, um Mito.
Foi preso de novo e encarcerado em uma prisão no Rio de Janeiro juntamente com o famigerado bandido conhecido nos morros do Rio com o apelido de Escadinha. Tião não ficou muito tempo, fugiu de novo. Tornou-se o terror da cidade devido à fama de matar guardas e policiais. O medo era intenso para quem usasse farda. Entretanto, para a população ele tinha-se tornado um justiceiro.
Preso meses após a fuga da prisão do Rio. Após anos foi solto por bom comportamento. Sumiu, ninguém sabe do seu paradeiro. Se, morreu? Está vivo? Ninguém saber informar. Pelo menos Silva o contador desse causo não sabe. (......)
"Como já disse; a ditadura criou paramilitares na cidade de Volta Redonda para ajudá-los combater quaisquer ideias subversivas dentro do limítrofe do município. Dentro da empresa siderúrgica os funcionários os conheciam como” Gestapo” e os temiam."
"Gestapo era um grupo de investigadores especiais criados dentro da siderúrgica para investigar roubos ou desvio de conduta que viessem de encontro ao regime instalado. E o nome de Gestapo não surgiu do nada, eram torturadores violentos."
"Como eu já comentei no causo anterior, do Portuga, Silva não tem boas lembranças da época da ditadura em sua cidade, Volta Redonda."