Projeto Inocência&Rede de Consciência

Projeto Inocência&Rede de Consciência






Pesquisas recentes concluem que nem todas as pessoas podem pagar 15 milhões de reais (cerca de 7,5 milhões em dólar) para um advogado fazer a sua defesa perante promotoria, jurados e juiz. Nosso brother Cachu (Cachoeira), desembolsou essa quantia ao advogado Márcio Thomas Bastos. Correção – comprometeu-se com essa quantia e já pagou um terço. (Fonte – Veja, 11 de abril 2012, coluna Radar, pg. 54).

Relativo há outro tempo e lugar – “eu não quero limpar meu nome e sim minha consciência”. Pelo visto essa não é a questão no caso do Carlinhos (Cachu), no entanto, para muita gente a consciência estava ok e o nome no rol dos culpados - em suma, inocentes atrás das grades com sentenças excruciantes, quando não pena de morte.

Godfré Ray King, num de seus três livros publicados na década de trinta, chama a atenção do leitor, sem nenhuma sutileza, para um erro bárbaro do homem contra o homem, denominado “prova circunstancial”. Em 2010 um filminho francês meia boca (“Tout pour elle”), trata desse item com bastante eficácia.

Agora vamos por partes.

Barry C. Scheck nasceu em 19 de setembro de 1949 no bairro do Queens, Nova Iorque, e ganhou atenção nacional integrando o time de defensores de O.J. Simpson. Ele é diretor do Innocence Project e professor na Benjamin N. Cardozo School of Law, em Nova Iorque.

Criado em 1992 e tendo Peter Neufeld como co-fundador, o Innocence Project se dedica a utilização do DNA como evidência, tratando deste como um meio eficaz para livrar pessoas condenadas injustamente.

Scheck devia ter essa noção implantada no seu próprio DNA, pois na década de 80 “defender pessoas do sistema” já estava na pauta do seu café da manhã. Ele descobriu a brecha tecnológica, por assim dizer.

Rapidamente, (aos que faltaram nessa aula), eis a descrição oficial – “ADN, em português: ácido desoxirribonucleico; ou DNA, em inglês: deoxyribonucleic acid), composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos”.

Espécie de impressão digital pós moderna e, pensando por outro lado, o antídoto para a “prova circunstancial”.

Em 1980 Cornelius Dupree Jr. foi acusado de estupro e roubo à mão armada e condenado a 75 anos de prisão. Ele mal completara 20 anos. Trinta anos passados, Dupree foi salvo pelo DNA e assim exonerado da infeliz responsabilidade do crime ocorrido em Dallas, em 1979.
Depois de três décadas apelando, Cornelius Dupree Jr. foi salvo pelo DNA plus Projeto Inocência, que conseguiu a realização dos testes que o inocentaram.

Detalhe sobre a entidade - organização jurídica sem fins lucrativos ligada a Faculdade de Direito Benjamin N. Cardozo – opera no trabalho de defesa com custo zero e aceita somente casos onde o réu jura que é inocente. Mentir ali não parece ser uma boa pedida.

A boa notícia do projeto, além da sua existência, é que ele se espalha. Na América já são 60 cidades utilizando essa bandeira – Projeto Inocência – quase sempre ligadas a universidades e obtendo resultados mais do que positivos. Já o autêntico IP, até o ano passado conseguiu inocentar 315 pessoas.

Os alunos de jornalismo da Universidade NorthWestern, em Chicago, Illinois, empreenderam uma ação que poderia ser traduzida como Jornalismo Investigativo à Toda aliado ao repasse imediato de material coletado (novas evidências) para a "Medill Innocence Project" – resultado: conseguiram retirar 11 condenados do corredor da morte.

Restauração da Justiça tem sido o mote do entusiasmo dessa turma, algo que já gerou um bocado de controvérsia, “são jornalistas e não advogados”, protestaram os juristas e com isso professores foram deslocados e a ética de uma profissão e outra colocada em pauta, mas a questão é que a lista de erros judiciais nos Estados Unidos beira a desesperança, (como em quase todos os países do globo, com exceção talvez para Luxemburgo e Micronésia).

O Texas, estado americano que mais produziu guitarristas competentes hoje bate recorde de exonerações por testes de DNA - 41 desde 2001.

No início de 2007, a Faculdade de Direito da Universidade Manuela Beltrán, de Bogotá, instaurou um modelo de “Projeto Inocência”. “Os casos que enfrentamos com mais freqüência – explica Juan Cárdenas, diretor do Projeto Inocência – são os que têm a ver com uma identificação negligente ou injusta dos autores do delito. É quando os funcionários do judiciário omitem-se em cumprir bem os próprios deveres e por atos de negligência, pouca formação, falta de provas, testemunhas falsas, e também por corrupção, tomam decisões erradas que condenam injustamente uma pessoa”.

Testemunha falsa é praticamente a base de toda a tenebrosa balela arquitetada contra o irmão da garçonete Betty Anne Waters – vivida por Hilary Swank no filme “A Condenação”. História real ocorrida também no início dos 80, o filme de Tony Goldwyn (você conhece ele como o vilão do “Ghost”), faturou o melhor filme do Boston Film Festival recentemente e coloca a Menina de Ouro Hilary numa luta pesada contra polícia e promotores de uma pequena cidade americana. Acharam por bem colocar o irmão dela em cana para a toda vida, culpando-o de um assassinato até hoje insolúvel. Betty Anne não se fez de rogada. Completou os estudos, formou-se em Direito e conheceu Barry C. Scheck, do Innocence Project. E aí entra uma das grandes lutas do projeto – reforma do judiciário, começando pela não eliminação das provas de um julgamento. Hoje, elas tem data de validade.

A febre se espalha. Há também o "Projeto Inocência Justice Brandeis", da Universidade Brandeis de Waltham, Massachusetts, Projeto Inocência "Mid-Atlantic", da Faculdade de Direito da Universidade Americana de Washington, etc., etc., etc., Deus abençoe esses caras e essa iniciativa, tomara que um dia ela chegue aqui. Por hora ficamos com os 15 milhões do Cachoeira, e a determinação da Rede de Consciência – incremento de compaixão e colaboração entre os encarnados.


Segunda Parte


Projeto Inocência&Rede de Consciência (2)




Rede de Consciência é um dos títulos de um movimento informal que teve início na América em 1999 e conta com adeptos do mundo inteiro, Brasil incluso. Movimentos informais dão mais certo do que se pensa, volta e meia são documentados e seu sucesso constatado, ocorre apenas que a Turma do Controle reserva interesse zero na divulgação de tais resultados. As notícias que a Rede tem espalhado na web vão na contramão do catastrofismo e adjacências. Divulgam textos extensos com entrevistas e declarações inacreditáveis, compartilham reflexões diárias, ensinamentos, tudo na linha do Amor e Luz e o mais interessante é que nada do que se lê vindo dessa fonte reúne a depressiva característica da chamada informação oficial, conhecida como “roubo de energia”.

O resumão das manchetes nacionais (e poderiam ser internacionais) transborda ladrões de energia através de cabeçalhos tipo “Fulano degola 7 pessoas em GO”, “Mãe, sogra, filha e cunhadas assassinam sicrano...”, etc. Desnecessário dizer mais.

Já o Projeto Inocência é doador, agregador e beneficiador. Impossível afirmar se existe alguma relação direta entre ambos, mas a verdade é que ambos pregam Liberdade. Enquanto a Rede surfa no aspecto sutil do ser humano, o IP (Innocence Project) põe a mão na massa podre da “condenação injusta”. Seus “cases” são inspiradores.

O caso Dupree, como vimos no artigo anterior, trouxe o terror a existência desse indivíduo da seguinte forma: ele foi detido 5 dias após o ataque ocorrido à uma mulher de 26 anos no Texas, somente por possuir aparência similar a um homem em conexão com um caso anterior não relacionado. E assim foram 30 anos de detenção. Outras pessoas passaram pelo mesmo tempo de condenação e igualmente foram libertas: James Bain na Flórida, Lawrence McKinney no Tennessee e Phillip Bivens no Mississippi.

É a velha sina do homem contra o homem.

Projetos como o IP e a Rede são a favor.
A Rede prega exatamente isso – a favor do ser humano.

Com outras palavras, a síntese para o momento é essa: colega, não há nada “para” acontecer. Já está acontecendo e mesmo que você não acredite em nada, é um direito seu, mas...: “Tudo e todos no planeta estão conectados. Há uma interação entre eventos geomagnéticos solares e eventos humanos. Há uma interconexão entre o planeta, o clima, a humanidade e o afloramento de conflitos”.

Outra fonte de inspiração relacionada ao IP, além da sua existência e ação, está nos seus desdobramentos.

O professor de jornalismo investigativo David Protess, da Universidade NorthWestern, em Chicago, foi a principal estrela da soltura de 11 condenados do corredor da morte. As outras estrelas são seus alunos.

Você consegue imaginar um bando de estudantes atuando como investigadores para a equipe de defesa de um condenado?
E mais, esse condenado conseguindo sua libertação graças a tal soma de esforços, você acredita nisso?

Muitas vezes a própria realidade precisa nos fornecer fatos inspiradores.

Encerramos com uma pérola da Rede: “Quando só um número limitado de pessoas conhece um caminho novo, ele permanece como patrimônio da consciência dessas pessoas. Mas há um ponto em que, se mais uma pessoa se sintoniza com a nova percepção, o campo se alarga de modo que essa percepção é captada por quase todos”.






 
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 08/05/2012
Reeditado em 04/07/2021
Código do texto: T3656943
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.