Não só a morte não tem jeito...
Acreditei neste princípio, referido no título, até me deparar com a atual gestão da Prefeitura de Salvador. Era uma máxima que ouvia de meu pai. Com aquele jeito zeloso com que sempre nos cuidava, repetia sempre, quando a gente se desesperava com alguma difícil situação. “Vou perder Matemática. Essa matéria é meu karma...vai estragar minhas férias”...eu chorava. “Calma filha. Só não tem jeito p’ra morte. Estude mais um pouco e passe pelo menos de segunda época. Importante é não perder o ano”. Colégio público, porém muito "puxado" nos anos sessenta, estudei com alguém mais experiente e venci na segunda época, aproveitando o restante das férias. Com o incentivo de meu pai, que em vez da reprimenda, comum a maioria dos pais, incentivava assim a continuar a luta.
Porém se meu pai ainda estivesse vivo, exposto aos serviços desses gestores irresponsáveis, eu já não mais ouviria dele aquela máxima. Continuo com a índole de guerreira, seguindo seu ensinamento, mas entro em colapso quando dependo de ser atendida pelos serviços públicos. A profissão de jornalista, aguçou-me a disposição de procurar solução não só para os meus problemas, mas também quando eles atingem o coletivo. Isto me aflige, como se eu tivesse alguma obrigação em conseguir resultados. Um vício de profissão, procurando sempre me envolver, como agora participando da associação do bairro do Jardim Encantamento, assessorando a Comunicação. Não tenho cargo político eletivo para ter a obrigação de resolver problemas coletivos. Não pertenço a esse rol de gestores predadores (para não usar um adjetivo mais agressivo), e por que esta aflição?
A verdade é que esta Prefeitura de Salvador chegou ao máximo da desfaçatez. Como exemplo, um funcionário da Limpurb, do núcleo responsável pelo bairro de Itapuã, onde fica o loteamento Jardim Encantamento, nos fez, a mim e o secretário da AAJE - Associação dos Amigos do Jardim Encantamento, de otários, com uma deslavada mentira. Aconteceu quando fomos denunciar um lixão que se formou próximo a nossa rua - distante a menos de 20 metros do Hotel de Ville - depois de já estar lá há 10 dias, o montante de detritos.
Ávido por nos atender rapidamente porque já ia embora, em função daquele posto fechar às 16 horas??!! o funcionario afirmou que já sabia do problema e que iria resolver no outro dia pela manhã. Este nosso contato aconteceu há 15 dias e o lixão continua lá aumentando, à proporção que os passantes e vizinhos vão jogando mais detritos em cima,(sacolas cheias), tomando mais da metade da estreita Rua Edmundo Loureiro, um cruzamento com a Rua Curva do Vinicius. (Esta rua é iniciada com a casa que pertenceu ao cantor e poeta Vinicius de Morais e que hoje é um museu com seus pertences).
O mais absurdo é que tentei dizer quem era o autor da infração, porque assisti o meliante vizinho iniciar o descalabro do monte lixual. O funcionário entretanto não se mostrou interessado. E o pior é que a atitude daquele "sujão" não é única. Inconseqüente, ele apenas segue uma postura comum nessa área, quando começam jogando material resultante de poda das árvores e entulhos como sobras de obras nas residências. As prefeituras anteriores mandavam caçambas recolher o material pelo menos uma vez por semana. Porém foi decretado ilegal esse tipo de disposição do lixo, sem acondicionamento, pela própria Prefeitura, que também se nega a recolher esse tipo de material de poda e entulhos.
Mas essa incompetente gestão, não notifica os infratores, ou se o faz, retira o processo, logo que alguém “importante” reclama a ação. Funcionários da própria Limpurb nos denunciou o costume eleitoreiro.
O bairro é tomado por esses lixões, entre outros itens de abandono do poder público. E o melhor jeito que o funcionário encontrou para dar um “basta” as denúncias e reclamações, é mentir para quem “ousar” reclamar seus direitos à soberana Prefeitura. “Amanhã estaremos lá resolvendo esse problemas”. Encurtou assim a conversa aquele funcionário. Para esta Prefeitura incompetente também não se tem mesmo jeito. Não é só a morte...desisto.
Nova Notícia
Antes de enviar esse texto, voltando hoje (segunda, 07/05/12) depois de passar o fim de semana na Praia, percebi que o lixão havia sido queimado. A proprietária da casa, cujo muro amparava o montante, disse ter ficado apavorada com a possibilidade de o fogo ter invadido sua residência, uma casa de eventos, que por sorte se salvou do sinistro. Alguém desesperado com as moscas e baratas que já invadem as casas - inclusive a minha, que é um pouco mais distante – deve ter provocado. Hoje pela manhã encontrei junto aos detritos , um carro da Limpurb, dirigido por uma mulher, acompanhada de um rapaz, que disse ter vindo recolher o lixo, mas que alguém já havia tocando fogo. Porém sobrram muitos resquícios, como troncos retorcidos, etc. Eu insisti para que ela providenciasse recolher o restante. Porém colocou o carro em movimento e sem nem olhar para traz, demonstrou que eu estava sendo inoportuna. A vizinha onde o muro ancorava o abominável lixão, disse que voltará a insistir até alcançar seu recolhimento total. Porém para mim, os resquícios ali poupados pelo fogo, serão tão somente a base de um novo lixão, com proporções igualmente alcançadas pelo anteriormente queimado.
Porque para a Prefeitura de Salvador, não tem mais jeito...que nem a morte.