Que noite é essa? Que vida é essa?
Tem um aperto no coração que deixou a noite triste, que trouxe um vento frio ao meu corpo. Enrolo em meu cobertor e o frio não passa. Tomo um café quente e nada muda. Preciso aquecer-me e não consigo. Quem sabe se eu calçar meias? Pode ser que ajude. Estou encapotada. Deitada em minha cama surge aquele frio conhecido, na barriga, uma lágrima aos olhos. Abraço o travesseiro e sinto seu cheiro. Tudo confuso, desordenado, sem saída. Ouço risos, vozes que dizem que a noite está linda. Não sei. Não olhei para o céu. Qual a razão de olhá-lo se estou com muito frio? Olho mesmo para mim e tem um céu negro de saudade do seu corpo que a distância rouba. Corpo que nem mesmo posso tocar. Espírito que conhece o meu. Disfarço em um rompante de poder dominar as emoções e abro a porta do guarda-roupa. Parece que preciso renovar minhas roupas. Lá no fundo, onde eu não pensava em procurar encontro à roupa que queria. Pelo menos é aquela que sempre me deixa bem. Olho brincos, colares... Não sei qual escolher, mas em dias estranhos é sempre bom usar algo discreto, mas que evidencie bom humor. No espelho alguém me olha e diz: Se vai sair é melhor que mude essa cara. Desisto. Volto e olho para o céu. Nossa! A noite está bela, mas o céu também está triste, escuro. Visto meu pijama. Agarro meu cobertor que sempre abandonei,quero o calor. E dentro das horas ventam vazios que formam pegadas onde a vida segue em harmonia com os silêncios que não trazem sua presença. Talvez amanhã, depois que a solidão terminar seu canto aflito, essas lembranças adormeçam e o que hoje é dor venha a ser um canto que entoaremos juntos no tempo... Infinito...