Estranhezas...

Diante de toda a estranheza que ainda cerca a mente humana ponho em interrogação o saber quem sou. Sei do ar que enche meus pulmões, do alimento com o qual abasteço minha alma e meu corpo. Sei quem sou e o que quero. E tudo o que quero tem um significado grande. Quero vida fluindo da minha vida. Quero poder andar descalça, talvez nua sem os conceitos de alguns que classificariam tais atos como loucura. E a essa nudez não refiro somente ao corpo despido das vestes como também nu das falsas amarras que nos faz crer no outro como um ser humano idêntico aos nossos anseios. A cada dia sinto um forte cinismo no ar que apago por não querer acreditar que algumas pessoas sejam capazes de agir na intenção de ver a queda do outro. Nesse mar de tormentas descubro que isso existe: "Cremos em tudo o que vemos e nem sempre tudo o que vemos é o que existe". Reflito um pouco o que Paulo Coelho quer dizer com essa frase mesmo que não haja necessidade de reflexão para compreendê-la. Tudo é muito simples. Nós complicamos a vida com o nosso querer sempre saber o que é possível enquanto o correto é buscarmos o impossível. Acredito que há uma potencialidade enorme dentro de cada indivíduo e que a concretização de tornar real o que vemos está ao nosso alcance se estivermos dispostos a enxergar não apenas o que vemos, mas aquilo em que cremos. Cresci no meio de gente letrada e não podia escalar ,tomar banho de rio,ir ao circo. Coloquei fogo em coberta escondendo o cigarrro , já tomei banho de chuva escondida e cantei para a lua, já vivi aquela cena de filme em que a chuva cai, o guarda-chuva vai embora e o beijo fica mais molhado, sem dizer o corpo puro, ingênuo. Já tive paixões e paixões, já enlouqueci e já morri de amores. Renasci em todas essas mortes, esculpi meu túmulo e o desmoronei. Muitas surpresas que eu não sabia no caminho e que sempre estiveram ali, em portas que venho abrindo dentro de mim e enxergando aquela menina sapeca e corajosa que queria desbravar o mundo com os joelhos arranhados e amizades sinceras. Que era dona do nariz e que sabia o que escutaria quando chegasse suja em casa: __ É menina... "Sua carne está vendida, seu lombo está tratado". E as coças? Inúmeras que se perderam no tempo, mas que hoje (re)voltam na lembrança (ai que raiva qdo recordo) . Eu não as merecia. Continua só a dúvida de quem somos nós. Somos o que fazemos de bom, o que temos de bom. O que partilhamos com quem amamos e que por algum motivo simulam nos amar. Somos simples como a água que corre, como a água que decide parar. Somos terra que faz germinar ou terra que resseca a semente e a mata antes que ela floresça. Somos tudo mesmo sem saber quem somos e se o que vemos nem sempre existe... Melhor deixar de lado a investigação e aprender a ver o invisível, o indelével. A vida é curta para quem não pensa, como é curta para quem pensa e esquece de viver o que quer. Voltar a ver com olhos de criança é compreender o que não exige compreensão e sim ação; sendo quem somos sem necessidade de questionamentos.

Cora Baesso
Enviado por Cora Baesso em 08/05/2012
Reeditado em 08/05/2012
Código do texto: T3656649
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