NANDA e EU. Recanto e Nós

Por Carlos Sena.



 
Gostaria de dizer o que segue muito especialmente pra Fernanda. Ela entrou na minha vida pelas ondas da Net que eu ÀS VEZES  maltrato, critico. Fernanda, SENDO boa com é nos mostra a pura tradução de que por trás da NET há gente boa e, portanto, nem tudo está perdido. A Internet me colocou frente a frente com ela. Sei-lhe pouco, mas a sinto muito. Imagino que sei de tudo, partindo do principio de que interagimos mutuamente deglutindo palavras, digerindo contextos, orações, preces. Essa lição eu devo a ela, na medida em que revejo meus conceitos acerca das relações virtuais, especialmente no Recanto das Letras. Algo como encontrar um brilhante numa lata de lixo...

O Recanto me pôs no mundo encantado dos desconhecidos amigos que se tornam conhecidos sem nunca terem se visto e se abraçado. O Recanto me aproximou de pessoas feito Nanda – Já a chamo de Nanda, pelo gozo da intimidade dos amigos diletos.  Ela se diz minha fã. Eu acredito, mas acredito muito mais na sua capacidade de ser generosa. Afinal, nestes tempos de tanta violência, ser generoso é algo que quem encontra tem que guardar da mesma forma que se guardam os melhores amigos: “do lado esquerdo do peito, assim dizia a canção que da América ouvi”... 

Confesso que sou meio metido a escritor desde pequeno. Continuando pequeno tenho crescido pelas leituras dos que nem conheço; por tanta gente boa e inteligente nesse país afora que, mais que lerem meus textos, comenta e me enchem a alma de paz... Há, certamente, comentários austeros que, igualmente, me fazem bem – afinal, toda unanimidade é burra. Conviver com os contrários faz parte do nosso crescimento, principalmente para quem faz das letras seu instrumento de labor. Nanda surgiu nesse contexto. Giustina, Tatiana  Bruscky, Lucinha, Esmeralda, Pietro Eymard, Carmem Padilha e tantos outros que a gente estabeleceu contato e, sempre que vem a vontade, trocamos ideias. 

No meio do caminho poderia ter uma pedra. Não tinha. Tinham letras perdidas a tiracolo e um poeta metido a besta fazendo da sesta o sono profundo dos inquietos. No meio da Net poderia ter muito lixo, como tem. No meio da Net tem luxo, tem busto de gente bem. Como convém: distante, conectados com o mundo. Perto, conectados com o coração. Por isto hoje me redefino quando aos conceitos das redes sociais. Dos sites. Por trás deles há sensibilidade, inteligência, sagacidade, sutilezas. O Recanto das Letras é hoje meio que uma sala de visitas. No grande sofá literário, lá estão meus amigos virtuais como Nanda. Meus amigos de infância e de esbórnia. Aqueles que sentam discretos e se vão e nem sempre voltam. A internet tem sim o lado bom. Mas demora-se a encontrá-lo. Por isto, gostaria de ter dito o que disse muito especialmente pra Fernanda, lá das terras de José de Alencar. Também de Chico Anis Estrelado. Também de Raquel de Queirós e de Orós, orai por nós.