ONDE FICA A CAVERNA DOS LADRÕES?
Sobre artigo da semana passada recebi vários e mails, dois deles diametralmente opostos. Um leitor de Manaus ficou revoltado por citar o governo Lula como o “mais corrupto da história”, dizendo que nunca houve tantas ações contra corruptos como nos atuais governos, que a presidente Dilma estava trocando todos os ministros envolvidos de alguma forma em escândalos. Nosso leitor apenas esqueceu que os ministros eram uma escolha de Lula que ela herdara do governo anterior.
Outro veio de Goiás, (o artigo está na internet e também é publicado na minha página no Recanto das Letras) e o leitor dizia que corrupção sempre existiu, mas que os “corruptodutos” eram em bitolas mais aceitáveis. Que, pela primeira vez na história tínhamos uma “Cachoeira” jorrando propinas cuja vazão era muito mais difícil de ser medida.
Essas participações são para mim motivo de alegria. Mostram que a capacidade de se indignar não está totalmente atrofiada. Se, por um lado, a corrupção é endêmica, por outro o povo ainda está letárgico porque os corruptos são justamente aqueles que tanto pareciam lutar contra a corrupção antes de atingir o poder. Os representantes dos trabalhadores hoje estão muito mais ricos que os patrões destes. O povo ainda não despertou para esta verdade. O marketing político conseguiu dissociar a corrupção da figura dos governantes maiores. Respeitemos a capacidade dos marqueteiros.
Carlinhos Cachoeira, brecado pela Polícia Federal está em todas. Num governo que insiste em se dizer presidencialista, mas que é refém do parlamento, Cachoeira já estava adquirindo até um Partido Político para aumentar seu poder de pressão. Que havia partido de aluguel já era do conhecimento de todos, mas a venda de partidos é uma forma de comércio nova. Se já tratava o senador Demóstenes Torres como subordinado, no futuro trataria o próprio presidente como seu empregado como já tentara fazer o PC Farias com o Collor. PC Farias foi preso e depois morto, mas seu modus operandi continua mais vivo que nunca.
A impressão que temos – rezo para que estejamos errados – é que a sede da quadrilha está em Brasília. O submundo do crime não se localiza mais em cavernas escuras, mas em suntuosos palácios na Capital Federal. Como pode um governo que não separa o legal do ilegal querer separar a polícia dos bandidos no Rio de Janeiro, por exemplo? A impunidade conquistada pelos mensaleiros está tranquilizando os atuais envolvidos nos novos escândalos. Quantos parlamentares federais foram presos no Brasil? Tirando Hildebrando Pascoal que serrava seus desafetos com motosserra, quem mais?
Os jovens estão calados. Os intelectuais que elegeram os governantes estão mudos. Vamos esperar que as pedras gritem?