A MÚSICA SOB A ÓTICA ESPIRITUAL
Sob a influência de Iohan, o autor espiritual de minhas próximas obras literárias espíritas, tenho abordado com frequência temas que giram em torno da arte. Há pouco, em razão do acidente havido com atores na peça Xanadu, falava sobre o vôo artístico, bastante usado em outras dimensões, embora com recursos infinitamente melhorados dada a faculdade de volição comum às paragens espirituais. E também tenho comentado sobre a história das minhas aulas de violino, iniciadas sob a agradável e forte correspondência de perfil espiritual entre mim e este amigo da invisibilidade que, no decurso de sua história, em repetidas vezes reencarnou vivendo as experiências artísticas do universo da música.
Aprendemos muito durante estas vivências. E tratam-se sempre de informações que não devemos reter apenas para nós. Assim, enquanto estudo violino, recebo orientações e revelações de Iohan sobre o espectro extrasensório que envolve a sonoridade deste instrumento nobre e caprichoso. Percebo com facilidade o modo como, durante a cerca de uma hora durante a qual pratico música e técnica, minha mente se esvazia com facilidade de todas as nuvens de pensamentos que antes a povoavam. Do por vezes tumultuado universo de vozes, ruídos e sensações que nos agitam o íntimo, quase à nossa revelia, após um dia inteiro de trabalho. Isto porque o violino é um dos magníficos instrumentos musicais que emitem som em contínuo, um dos poucos que reproduzem com fascinante fidelidade a semelhança da sonoridade da voz humana. E isto nos obriga a focar nos movimentos de execução. Quando, portanto, conduzo o arco numa melodia, a mínima distração que aconteça, muitas vezes à revelia, provoca instantânea interrupção ou erro - de vez que sabemos que o poder de concentração humana é naturalmente descontínuo, e que é exercício continuado o esvaziar-se a mente para manter-se num foco único. E, prática de violino, caríssimos, envolve o tempo todo foco e repetição!
Na terceira ou quarta vez em que pratico alguma melodia, portanto, após a execução inicial da escala para aquecimento, vem o alívio, e um desempenho satisfatório! A música fluí; a mente, também! As emoções se harmonizam e se alinham à postura corporal e à intenção. A estética musical se ajusta; a pulsação se enquadra. Tornamo-nos, sem nenhum exagero em se afirmar, num só com o instrumento que executamos, ou vice-versa - uma única entidade musical, produzindo belas melodias sob os ensaios técnicos preciosos!
O aprendizado de violino, portanto, se assemelha muito às terapias utilizadas através da entoação de mantras. Porque, ao final da prática, sentimo-nos plenos. Pacificados e preenchidos interiormente somente com beleza, com luz e serenidade!
Iohan tem me explicado, via inspiração mediúnica, que nos lugares onde atualmente habita e prossegue aprendendo e se realizando como músico, com o passar do tempo resgatou o conhecimento de que também é de suma importância se considerar a influência da música no espectro emocional. Assim, mesmo ele, que fora maestro e professor de música em suas últimas jornadas materiais - trazendo bagagem a isto compatível destas outras esferas da vida -, teve que passar por preparo devido, de ordem emocional, para tratar e rearmonizar sentimentos e emoções ao grau mínimo necessário às iniciativas para as quais sempre converge, objetivando prosseguir vinculado aos círculos de atividades ligadas às artes e à música. Conta-nos, assim, que, quando do seu último retorno, vendo-se suficientemente consciente de sua nova situação, e adaptado ao lugar luminoso da espiritualidade que o acolheu - uma cidade etérea onde são recebidas muitas almas sensíveis, assim devotadas à Arte - solicitou aconselhamento e orientações que o situassem naquelas mesmas atividades com que mais se compatibilizava.
Entretanto, e embora não o tolhessem neste propósito, para a sua surpresa, recebeu instruções no sentido de, em primeiro lugar, harmonizar-se intimamente. Restabelecer-se, com os recursos terapêuticos aprimoradíssimos daqueles setores da Vida, da desordem emocional e sentimental, território sofrido da integridade do seu ser inteiramente comprometido pelas vivências ríspidas da última etapa vencida na materialidade. Pois realizar e, sobretudo, ensinar música, requer, antes, preparo interior de quem se dedica a estas iniciativas. Afinal, a música bem conduzida ou executada expressa harmonia sonora e vibratória. Assim, seu executor, para bem realizá-lo, deve se achar em condições compatíveis com o que haverá de praticar, produzindo efeitos de ordem imediata no universo emocional dos circunstantes.
Não é, portanto, acaso que uma poderosa audição sonora afete a tantos mais sensíveis, que não raro se emocionam, choram, ou sentem-se em estado de êxtase ou enlevo, como se transportados para outras esferas, durante a primorosa audição de um concerto. Não é despropósito que tantos comentem a vivência de serem facilmente deslocados a outras fases do passado distante, ao ouvirem esta ou aquela melodia específica. Porque a música não se trata tão somente de atividade inconsequente de horas de ócio, ou de lazer despreocupado. A música, amigos, é insuspeitado alimento. Nutre nossos espíritos de vibrações que se compatibilizam com o nosso universo interior - influenciando-o decididamente para mergulhá-lo em estados múltiplos, benéficos ou maléficos!
Assim, nos lugares aprimorados onde Iohan vive agora, a música é usada também como instrumento eficiente de tratamento de desordens emocionais criadas, frequentemente, nos períodos difíceis das reencarnações, ou nas faixas do astral de padrão vibratório sombrio ao redor da Terra. É terapêutica de efeitos maravilhosos nos casos como o deste músico e amigo querido, que se dedica por amor ao ensino da música aprimorada, mas não somente visando a formação de novos artistas. O faz também para auxílio no reajuste dos perfis emocionais em estado de desordem de muitos outros! Ele mesmo teve que se submeter a intenso tratamento deste teor, quando da sua volta ao mundo maior! E vem agora para nos instruir a realizar constantemente, em nosso benefício, e no do mundo em que vivemos, o que, a exemplo, o maestro Naire, muito apropriadamente, nos expôs em sua obra de grande utilidade, O Ser Humano Orquestra: a vida é como uma constante execução musical! E nós criamos os movimentos! Se pretendemos conduzir a música vital em harmonia, para produzir felicidade individual e coletiva, temos de trabalhar os nossos perfis interiores! Afinal, assim como o violino, somente quando estamos devidamente afinados podemos emitir vibrações de luz!