Vida !

Sempre gostei de dançar pela casa enquanto faço meus afazeres domésticos.Era a dança que me tornava bela e me fazia funcionar ,era ali que brotava meus contos,era naquele momento que lembrava de amores vividos,viagens a lugares paradisíacos , desejos proibidos,sentia ali a vida acontecer.Dessa vez deixei o sonho chegar calmo e sereno sem provocar.Mas era preciso perder o medo e crescer! A dor que antes sentia no peito não era dor ,era vida,só que não era a minha vida,estava abrindo mão da minha .E só perdendo é que a teria de verdade.Passava a entender a dor alheia ,sempre querendo que fosse anestesiada,não conseguia não sofrer pelo outro. Me vesti então de rosa e me tornei doce.Percebi que quanto mais eu deixa ir ,mais vida eu tinha,abria mão do melhor e deixava ir,pensei nas possibilidades da volta,abria mão da vida para o universo e comecei a me sentir mais solta e mais feliz.Afinal ,a vida não poderia ficar sufocada,vida que talvez nem fosse minha.A cada compasso da dança uma nova coreografia,aprendia a amar em ritmos diferentes.Olhava ao meu redor e me vi uma mulher por inteira ,mas vivendo romances pela metade.Aprendi que a vida só acontecia quando me permitia sentir a profundeza do vazio que traz a solidão.Talvez seja esse o sentido da vida.Viver nosso silêncio como se fosse um banquete,sem medo e crescendo com ele,vivendo meu deserto interno sem tentar fugir.Porque mesmo sendo um deserto não deixava de ser poético ou menos intenso.E quanto mais vida e mais amor eu deixava ir ,mais espaço para o novo eu me permitia,espaço para mais amor eu abria.

Cora Baesso
Enviado por Cora Baesso em 25/04/2012
Reeditado em 25/04/2012
Código do texto: T3632743
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